Na passarela e nas ruas, Carnaval faz rebelião contra o bolsonarismo

A primeira noite de desfiles do Carnaval de São Paulo e do Rio de Janeiro e os atos pelas ruas do país demonstram que a maior festa popular do Brasil será marcada pela críticas às teses bolsonaristas; para o historiador Luiz Antonio Simas, Bolsonaro é o anticarnaval por excelência

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247 - O historiador Luiz Antonio Simas disse em entrevista à Carta Capital, que de todos os presidentes da história da República, incluindo os militares, "Bolsonaro é o que se apresenta com a postura mais anticarnavalesca".

"Porque não tem nada ali que passa nem perto da força do Carnaval, da espontaneidade do Carnaval de rua, da maneira como a festa lida com o corpo. Ele é o anticarnaval por excelência. O próprio túmulo do Carnaval", disse o historiador que é autor de 16 livros sobre a cultura popular, entre eles o recente Almanaque Brasilidades e o ganhador do Prêmio Jabuti A História Social do Samba".

De fato, isso se confirma em diversas regiões do país. "Doutor, eu não me engano, o Bolsonaro é miliciano", cantavam os foliões do Bloco 77 - Os originais do punk, em protesto contra governo Bolsonaro em São Paulo. O grupo adotou o tema "destruindo o fascismo" e fez adaptação de clássicos do punk e rock nacional para marchinhas de carnaval.

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"Nossa mensagem este ano é contra o Bolsonaro e vamos apresentar uma marchinha que preparamos para isso", afirmou Anderson Boscari, um dos fundadores e organizadores do bloco em entrevista à Folha.

"Vivemos num momento que há sentimento de insegurança nas ruas, mas índio não é fantasia, mulher não é fantasia. A rua é nossa e não podemos esquecer dois gritos 'ninguém solta a mão de ninguém' e 'não tenha medo'", disse Anderson sob aplauso e gritos de apoio de centenas de foliões. "Estamos aqui hoje para festejar, mas não podemos esquecer o papel de cada um e que precisamos lutar."

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O grito de Carnaval de 400 mil pessoas em Belo Horizonte, nesta sábado (2), foi em alto e bom som: "Ei, Bolsonaro, vai tomar no c*!". A multidão que participou do tradicional cortejo do "Então, Brilha" também criticou a reforma da Previdência, com faixas demonstravam a insatisfação de parte do público em relação ao aumento na idade mínima para aposentadoria: "65 anos é falta de humanidade", dizia uma das faixas.

Outro bloco de Belo Horizonte foi alvo da censura e ameaça da Polícia Militar de Minas Gerais, após manifestações políticas contra Jair Bolsonaro. Um capitão da PM, chefe do policiamento no local, na região da Pampulha, subiu no trio elétrico do bloco "Tchanzinho Zona Norte" logo após o vocalista do grupo puxar gritos contra o presidente. "Está todo mundo bem-vindo, mas, se por acaso não concordar, vai se incomodar, porque nós vamos falar, o bloco inteiro: 'Bolsonaro é o c**** e Lula Livre'", disse o puxador do bloco.

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Em seguida, o capitão teria afirmado que "aquilo não podia continuar" e que o policiamento seria retirado se as manifestações políticas não parassem. Procurado, o porta-voz da PM de Minas, major Flávio Santiago, negou que tenha havido censura, disse que houve foi uma "recomendação" para que as manifestações políticas parassem.

"Isso foi feito pensando no manejo da corporação para lidar com massas. Se você tem o puxador de um bloco que começa a usar palavras e ofender determinado político, e aquilo começa a inflamar as pessoas que estão em solo, e pode virar uma correria, um efeito manada, e nós não queremos uma tragédia", justificou o major.

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Em Olinda (PE), Alceu Valença abriu as atividades afirman do que a cidade é um polo de resistência. Em seguida puxou o coro acompanhado pela multidão: "Ai, ai, ai, Bolsonaro é o carai!".

As críticas políticas também marcaram os desfiles das escolas da série A do Rio de Janeiro. A vereadora do PSOL assassinada Marielle Franco foi lembrada com uma faixa exibida no desfile da Acadêmicos de Santa Cruz, do Rio de Janeiro, que tinha como enredo a atriz Ruth de Souza.

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Sobraram críticas ao prefeito Marcelo Crivella (PRB). A Acadêmicos do Sossego, que tenta subir para o Grupo Especial, desfilou com o enredo "Não se Meta em Minha Fé, Acredito em Quem Quiser!". A escola tinha uma alegoria que se parecia com o prefeito, desistiu do trazer o carro, mas trouxe uma faixa com um recado direcionado e pedindo respeito ao evangélico.

A Unidos da Padre Miguel veio com o enredo "Qualquer Semelhança Não Terá Sido Mera Coincidência", homenageando o dramaturgo Dias Gomes. Também fez críticas ao prefeito. Integrantes de uma das alas coreografada tinham escrito na fantasia uma faixa os dizeres "defuntíssimo prefeito".

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Em São Paulo, escolas do grupo especial abordaram temas comol opressão, racismo e mulheres. A Mancha Verde trouxe para o An hembi a luta pelos direitos dos negros e das mulheres no samba-enredo "Oxalá, Salve a Princesa! A Saga de uma Guerreira Negra".

A Acadêmicos do Tucuruvi, com o samba-enredo "Liberdade - O Canto Retumbante de um Povo Heroico", trouxe mensagens contra a violência contra a mulher e a homofobia. um dos carros da escola trouxe uma grande balança representando a corrupção e questionando se a Justiça é realmente "cega" no Brasil.

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