O que é isso, Tombini?

Com a alta dos juros, o BC ameaça o grande ativo de Dilma, que é o pleno emprego



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"Caminhamos para o terceiro ano perdido na economia brasileira". Foi assim, em nota, que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) reagiu ao resultado do PIB no primeiro trimestre de 2012, divulgado pelo IBGE na última quarta. Para uma oposição que andava à caça de um discurso, e havia sido derrotada em batalhas importantes, como na redução das tarifas de energia, capitaneada pelo governo Dilma, o "pibinho" de 0,6% nos três primeiros meses abriu uma pequena fresta de luz em meio à escuridão. Ao que tudo indica, o crescimento em 2013 dificilmente chegará a 3% – o que poderá dar gás ao mote de que "é possível fazer mais", de Eduardo Campos, ou ao de que se pode fazer "diferente e melhor", como prega Aécio.

A favor do governo, há o argumento de que a economia global esfriou e que, por aqui, o mercado de trabalho continua aquecido, com a menor taxa de desemprego da série histórica. Nas metrópoles brasileiras, mal ou bem, as pessoas continuam trabalhando e comprando. Nada comparável às hordas de desocupados que há em vários países da Europa.

No entanto, esse grande ativo do governo Dilma, que era justamente o pleno emprego, pode ter sido jogado fora por uma decisão inexplicável do Banco Central. Na última quarta, dia em que se anunciou um PIB trimestral bem abaixo das expectativas, e uma inflação zerada, quando medida pelo IGPM, o Banco Central, comandado por Alexandre Tombini, decidiu aumentar os juros em meio ponto percentual. De 7,5% ao ano, a Selic saltou para 8%. Para quê? Apenas para satisfazer os tigres do mercado financeiro e reafirmar a autoridade de Tombini. Quanto à inflação, já havia sinais generalizados de enfraquecimento.

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A decisão é ainda mais surpreendente, quando vista em perspectiva. No mundo, apenas 13 países mudaram o curso de suas políticas monetárias neste ano. E nada menos que onze nações decidiram reduzir as taxas, em vez de aumentá-las. Ao lado do Brasil, há apenas o Egito – o que não é propriamente um bom sinal. Por aqui, o garrote nos juros foi feito também num dia em que se anunciou uma leve alta do desemprego nas capitais e também a queda de 3,8% nas vendas dos supermercados.

Pode ser que o Banco Central tenha decidido ancorar as expectativas de inflação. Mas o resultado da ação de Tombini poderá vir a ser bastante negativo no tocante às expectativas de quem produz e investe. E se a oposição começou seu dia podendo "comemorar" os números do PIB, fechou a jornada tendo a oportunidade de celebrar ainda mais a contribuição dada por Tombini às suas possibilidades eleitorais em 2014.

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