Novas lideranças

A busca por novas formas de inovação é algo que não pode ser desvinculado das estratégias empresariais, sejam econômicas ou comerciais, e principalmente, deve transcender a figura do dono, ou líder



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Uma das grandes dificuldades dentro das organizações é conseguir estabelecer novas rotas, novos caminhos, novos anseios, sem que se perca a identidade da marca com seu público cativo. É indispensável ampliar a base de clientes, mas antes disso, precisa-se manter ativo os já conquistados. São a partir destes consumidores cativos que se tem uma referência estratégica.

Atualizar sem romper. Mudar sem traumatizar. Melhorar sem perder a essência. Inovar. São estes, alguns fardos que elevam o nível de complexidade da mudança. São estes pontos que abrem o questionamento sobre evoluir. Abre-se questionamento sobre as novas lideranças.

Imagine então estabelecer um novo comando, substituindo um comandante que possua irmandade com a empresa, que é reconhecidamente uma extensão de seu perfil. Este é o caso simbiótico do Grupo Pão de Açúcar e do empresário Abílio Diniz.

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Em tempos atuais onde a engenharia financeira estrutura participações e emaranhados contratos de direitos societários, conhecer o dono e ver em sua empresa sua identidade, é algo cada vez mais distante.

Nestes últimos dias, um dos maiores empresários brasileiros, se desvinculou daquilo que notadamente é conhecido, e que com absoluta certeza deixou marcas em todos os seus ex liderados. Espero, sinceramente, ler uma biografia de Abílio Diniz em breve, mas que tenha o conteúdo condizente com seu aprendizado nestes anos em que sofreu com incontáveis conflitos internos.

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Baseado nesta necessidade de se reinventar, de buscar novos campos, é que proponho o artigo desta semana. Como preparar o caminho para o novo? Como modernizar aquilo que possui uma identidade única com o passado, mas que não significa ser ou estar ultrapassado?

A busca por novas formas de inovação é algo que não pode ser desvinculado das estratégias empresariais, sejam econômicas ou comerciais, e principalmente, deve transcender a figura do dono, ou líder. Este caso específico do Pão de Açúcar demonstra quão frágil pode ser a estratégia de se vincular estritamente uma empresa ao ideograma de seu dono. O desafio é conseguir separar a identidade física da jurídica, da personificação da institucionalização. É um ajuste fino, que apenas as experiências pretéritas poderão traduzir.

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Qual o caminho a ser percorrido pelos novos gestores de uma empresa tão tradicionalmente conhecida? Uma das alternativas é a substituição gradual da cultura organizacional, que deverá ser entendida, conquistada, e não imposta, fazendo com que a nova aquisição seja algo natural, inerente ao processo evolutivo da empresa, sem imposições que caem com o passar dos anos. Choque cultural é algo que precisa ser dimensionado e evolutivamente desenhado.

A busca por novas formas de liderança, de organização institucional é uma maneira de suavizar a ruptura de um modelo de gestão, principalmente quando esta sempre esteve presente, desde a fundação da empresa. Busco com isso dizer que, em vários casos, quando há esta dissociação entre empresário e empresa, em termos culturais, é uma ótima oportunidade para se inovar nos processos de gestão, controle e otimizar as decisões estratégicas. Traduz-se tudo isso em aproveitar o momento de mudanças e consolidar a ideia de uma nova cultura.

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Repensar o negócio não deve ser um exercício apenas realizado em momentos de dificuldades financeiras ou retração do mercado, mas algo constantemente reanimado nos meandros da liderança e da governança.

Acredito que o Grupo Pão de Açúcar, sem a liderança definitiva de Abílio, tenderá a mudar alguns processos, mas que a cultura apenas será dissolvida quando de um novo ciclo de reestruturação for condicionado aos colaboradores. Não significa dizer que o novo controlador não tente impor sua filosofia, mas reitero minha confiança que cultura organizacional se consolida com o tempo, unicamente.

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Romper estes modelos é conquistar os novos apoiadores. Este ponto é um dos maiores entraves das novas lideranças que se embrenham em soluções monumentais para que o ciclo produtivo não pare. Às vezes, pensar de forma simples, menos luxuosa, agrega mais valor a ação do que a pirotecnia aliada ao PowerPoint. Menos é mais. Menos enfeite e mais efetividade.

Dissociar a imagem do criador da criatura requer cuidados especiais, que ultrapassam a simples troca de logomarca ou de campanha publicitária. Mudar lideranças, estilos de gestão também transcendem uma simples comunicação interna. O alvo de tal mudança deve ser as pessoas.

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Em tempos de escassez de mão de obra, onde a formação interna é uma das únicas opções, criar processos dissociados da imagem pessoal e institucionalizar as estratégias é fundamental para a perenidade das ações.

Enfim, um desafio para os novos líderes é conseguir atuar como multiplicadores de conhecimento, ganhando a confiança de seus liderados e a admiração pelos seus propósitos. Precisamos internalizar que novas lideranças podem inovar em processos, mas não significa que tudo aquilo que já estivera em prática, precisa ser necessariamente descartado. Nem todas as soluções saem de rebuscados pensamentos.

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Separar a imagem do dono, do líder, da imagem institucional, é algo desafiador em muitos casos, principalmente quando o dono ainda está a frente do negócio. Em algum momento, novas lideranças serão criadas, e inovações deverão manter a chama do empreendimento viva. A verdade é que, o grande desafio, reside em dar vida própria ao negócio.

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