BC mantém juros em 6,50%

O Banco Central manteve nesta quarta-feira a taxa básica de juros em 6,50 por cento ao ano, como esperado e pela segunda vez seguida, citando piora no mercado externo e, ao mesmo, recuperação "mais gradual" da economia brasileira neste ano após a greve dos caminhoneiros

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copom (Foto: Aquiles Lins)


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SÃO PAULO, 20 Jun (Reuters) - O Banco Central manteve nesta quarta-feira a taxa básica de juros em 6,50 por cento ao ano, como esperado e pela segunda vez seguida, citando piora no mercado externo e, ao mesmo, recuperação "mais gradual" da economia brasileira neste ano após a greve dos caminhoneiros.

Com isso, segundo especialistas ouvidos pela Reuters, o BC indicou que não deve mexer tão cedo na Selic.

"O Copom entende que deve pautar sua atuação com foco na evolução das projeções e expectativas de inflação, do seu balanço de riscos e da atividade econômica", afirmou o BC em comunicado, em meio ao movimento que levou à forte valorização do dólar nos últimos meses. "Choques que produzam ajustes de preços relativos devem ser combatidos apenas no impacto secundário que poderão ter na inflação prospectiva", acrescentou.

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Pesquisa da Reuters mostrou que 36 de 37 economistas esperavam que o Comitê de Política Monetária (Copom) mantivesse a Selic agora, sugerindo que repetidas declarações do BC de que não havia "relação mecânica" entre o câmbio e a política monetária limitaram as apostas em altas de juros, mesmo após o dólar atingir as máximas em dois anos, acima do patamar de 3,90 reais.

Desde a última reunião do Copom, em 16 de maio, o dólar chegou a saltar quase 7 por cento até o dia 7 deste mês, pico do período e quando fechou a 3,9258 reais. Em quatro meses até maio, a moeda norte-americana acumulou valorização de 17,5 por cento.

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Diante disso, o BC intensificou ainda mais sua intervenção no mercado cambial e, deste então, o dólar tem se estabilizado ao redor do patamar de 3,75 reais.

Para o BC, o cenário externo seguiu mais desafiador e apresentou volatilidade em grande parte pela normalização nas taxas de juros em algumas economias avançadas, o que gerou ajustes nos mercados financeiros internacionais. "Como resultado, houve redução do apetite ao risco em relação a economias emergentes."

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Assim, o BC voltou a dizer que choques vindos da cena externa, leia-se câmbio, podem ser mitigados pela ociosidade na economia e expectativas de inflação ancoradas nas metas. "Portanto, não há relação mecânica entre choques recentes e a política monetária", reiterou.

A autoridade monetária também citou a greve dos caminhoneiros, que durou 11 dias em maio e gerou forte desabastecimento no país todo, como um fator que "dificulta a leitura da evolução recente da atividade econômica", mas que indicadores referentes ao mês passado e provavelmente a junho deverão refletir os efeitos dessa paralisação.

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Assim, "o cenário básico contempla continuidade do processo de recuperação da economia brasileira, em ritmo mais gradual". Até então, o BC se referia à recuperação como "consistente, mas gradual".

"Vemos que a taxa (Selic) tem espaço e deve ser mantida em 6,5 por cento até o segundo semestre do ano que vem", afirmou a economista-sênior do banco Santander, Tatiana Pinheiro. "Principalmente o que vai se destacar e servir de âncora para esse cenário é a ociosidade do cenário", acrescentou.

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O BC também ampliou sua projeção de inflação a 4,2 por cento em 2018, ante 3,6 por cento em seu último cálculo, pelo cenário de mercado. Para 2019, a conta recuou a 3,7 por cento, contra 3,9 por cento antes.

No cenário com juros e câmbio constantes, as projeções de inflação situam-se em torno de 4,2 e 4,1 por cento para 2018 e 2019, respectivamente, sobre cerca de 4 por cento antes.

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Segundo a pesquisa Focus do BC mais recente, a inflação provavelmente terminará o ano a 3,88 por cento, abaixo do centro da meta de 4,5 por cento pelo IPCA com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, acelerando então a 4,10 por cento em 2019.

A pesquisa Reuters também mostrou que apenas 4 de 31 economistas que responderam a uma pergunta adicional esperavam que o BC elevasse os juros neste ano. A maioria dos 19 que também haviam respondido à mesma pergunta no levantamento de maio manteve suas projeções, e o restante dividia-se igualmente entre adiar e atrasar as apostas sobre o aperto monetário.

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