Chantagem do 'mercado' castiga os mais pobres: pão sobe 10% em 2 meses

Os mais pobres já são vítimas da especulação com o dólar com que o mercado financeiro chantageia o país e o PT em função das eleições; nos últimos dois meses, por conta da alta da moeda americana, houve aumento de até 10% nos preços de produtos à base de trigo, como massas alimentícias, pães e biscoitos; o aumento é de 40 vezes a variação da inflação média oficial dos últimos dois meses

Chantagem do 'mercado' castiga os mais pobres: pão sobe 10% em 2 meses
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Por Paulo Emílio, do 247 - Os mais pobres já são vítimas da especulação com o dólar com que o mercado financeiro chantageia o país e o PT em função das eleições. Nos últimos dois meses, por conta da alta da moeda americana, houve aumento de até 10% nos preços de produtos à base de trigo, como massas alimentícias, pães e biscoitos, além da própria farinha de trigo. O aumento representa cerca de 40 vezes a variação da inflação média oficial dos últimos dois meses, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que foi de 0,24% no período. Como se sabe, o Brasil é fortemente dependente da importação do trigo, o que deixa os preços à mercê da flutuação do dólar.

Somente neste ano, o dólar se valorizou 22,86%. Além da atuação especulativa do mercado financeiro, outro fator indireto também tem impactado o preço final dos derivados de trigo: a alta dos combustíveis, cujo preço é vinculado ao dólar. Como o trigo é transportado basicamente por todo o país pelo modal rodoviário, o custo do diesel utilizado pelos caminhões acaba pressionando o custo final.

Desde julho do ano passado, quando a Petrobras, por meio do ex-presidente Pedro Parente, instituiu uma política de reajustes quase diários atrelados ao dólar, o diesel subiu 69,46% nas refinarias e a gasolina 67,93% .

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Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil deve produzir até o final deste ano cerca de 5,2 milhões de toneladas de trigo e importar outras 6,3 milhões de toneladas, a maior parte da Argentina. "No caso do trigo, o Brasil importa mais da metade da demanda interna. Assim, maiores taxas de câmbios terão impacto direto sobre os mercados atacadista e varejista. Além disso, no primeiro semestre de 2018, os preços internacionais subiram, diante da menor oferta mundial. O Brasil também foi impactado pelos maiores preços na Argentina, diante das incertezas quanto ao tamanho da safra desta temporada", disse o professor Lucílio Alves, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepe), ligado à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (USP), em entrevista à Agência Brasil.

O presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias, Pães e Bolos industrializados (Abimapi), Cláudio Zanão, observa que os aumentos acumulados entre julho e agosto resultaram na alta de 10% nos preços dos derivados de trigo, especialmente pães e massas. Nestes produtos, a farinha de trigo chega a representar até 70% do custo final.

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"Infelizmente, a má notícia é essa. O trigo aumentou, mas não quer dizer que [o aumento] já acabou. Se o mercado internacional continuar oscilando e o câmbio também continuar oscilando para cima, os preços tendem a aumentar mais", ressaltou Zanão.

Outro fator também tem trazido incertezas à atividade. A instabilidade na Argentina, país do qual o Brasil importa cerca de 80% do trigo comprado no mercado internacional, vem enfrentando uma grave crise econômica decorrente das políticas neoliberais do presidente Maurício Macri. Para conter a maxidesvalorização da moeda argentina e gerar receitas, Macri aumentou o imposto de exportação sobre produtos agrícolas, o que deve afetar o preço do produto adquirido pelo Brasil.

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