Paulo Guedes descarta renegociação de dívida pública

O futuro chefe da área econômica, Paulo Guedes, negou que o governo irá discutir a renegociação da dívida pública; ele diz que o que está sendo planejado são medidas - como a privatização de estatais - para abater o montante de endividamento do governo e diminuir o volume destinado anualmente ao pagamento de juros

Paulo Guedes descarta renegociação de dívida pública
Paulo Guedes descarta renegociação de dívida pública (Foto: REUTERS/Sergio Moraes)


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247O futuro chefe da área econômica, Paulo Guedes, negou que o governo irá discutir a renegociação da dívida pública. Ele diz que o que está sendo planejado são medidas - como a privatização de estatais - para abater o montante de endividamento do governo e diminuir o volume destinado anualmente ao pagamento de juros.

As palavras de Paulo Guedes foram: "Durante a campanha, falei que tínhamos uma despesa de juros demasiada. Não é razoável o Brasil gastar US$ 100 bilhões em juros ao ano. Isso é reconstruir uma Europa por ano. Então falei tantas vezes que juros são excessivos que o presidente talvez tenha falado 'ah, então vamos renegociar'. Mas isso está fora de questão. Não se pensa nisso, isso não existe. Não é um problema. Isso não existe. O que existe é uma preocupação com a dívida".

A reportagem do jornal Valor informa que "Guedes deu as declarações após ser questionado sobre o tema por jornalistas, ao chegar ao Ministério da Fazenda para uma reunião com o atual chefe da equipe econômica, Eduardo Guardia. Os questionamentos foram feitos após o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), ter dito ontem, em entrevista à Band, que era possível renegociar a dívida".

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Na oportunidade, Bolsonaro disse: "não vou dizer que é impagável. Dá para você pagar isso daí se você tiver um bom ministro da Economia, como temos o Paulo Guedes, para conduzir essas renegociações de forma bastante responsável", disse o capitão da reserva. Segundo o futuro ministro, no entanto, houve um "mal-entendido".

 

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 (Atualizada às 17h33) O futuro ministro da área econômica, Paulo Guedes, descartou nesta terça-feira que o governo vá discutir a renegociação da dívida pública. Segundo ele, o que está sendo planejado são medidas, como a privatização de estatais, para abater o volume de endividamento do governo e diminuir o montante destinado anualmente ao pagamento de juros.

“Durante a campanha, falei que tínhamos uma despesa de juros demasiada. Não é razoável o Brasil gastar US$ 100 bilhões em juros ao ano. Isso é reconstruir uma Europa por ano. Então falei tantas vezes que juros são excessivos que o presidente talvez tenha falado ‘ah, então vamos renegociar’. Mas isso está fora de questão. Não se pensa nisso, isso não existe. Não é um problema. Isso não existe. O que existe é uma preocupação com a dívida”, afirmou.

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>> Leia maisAnalistas veem desencontro em fala de Bolsonaro sobre negociar dívida 

Guedes deu as declarações após ser questionado sobre o tema por jornalistas, ao chegar ao Ministério da Fazenda para uma reunião com o atual chefe da equipe econômica, Eduardo Guardia. Os questionamentos foram feitos após o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), ter dito ontem, em entrevista à Band, que era possível renegociar a dívida.

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“Não vou dizer que é impagável. Dá para você pagar isso daí se você tiver um bom ministro da Economia, como temos o Paulo Guedes, para conduzir essas renegociações de forma bastante responsável”, disse o capitão da reserva. Segundo o futuro ministro, no entanto, houve um “mal-entendido”.

>> Leia maisBolsonaro tem agendas conflitantes para a economia, diz consultoria 

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“Isso é um mal-entendido. Eu, durante a campanha, andei falando, e é verdade, que [houve] falta de coordenação entre política monetária e fiscal. Nós ficamos 30 anos combatendo inflação sem o controle de expansão de gasto do governo. O grande problema do Brasil nos últimos 30 anos é o descontrole dos gastos públicos. Quando havia um descontrole de gastos públicos pagos através de emissão de moeda, fomos para a inflação. Duas vezes, nos governos [José] Sarney e [Fernando] Collor. Aí entrou o Plano Real e paramos de emitir moeda, mas passamos a fazer endividamento em bola de neve”, disse.

Guedes afirmou também que o maior impulsionador dos gastos públicos é a Previdência e, em seguida, os juros da dívida interna. “Como você ataca os juros da dívida interna? Fazendo como as empresas. Vende alguns ativos e não deixa a dívida crescer. Por exemplo, quando o Pedro Parente (ex-presidente da Petrobras) vendeu algumas subsidiárias e pagou bancos, a Petrobras passou a valer dez vezes mais. Ele recuperou a empresa. O país é a mesma coisa”, destacou.

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O futuro ministro aproveitou para dizer que estatais como a Eletrobras estão sem capacidade de investimento e que “daqui a pouco vai ter um apagão” no Amazonas e em Alagoas por causa das condições financeiras das distribuidoras locais.

Previdência

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Guedes afirmou também que está sendo feita sondagem junto aos parlamentares para verificar quais as chances de aprovação, neste ano, da proposta de reforma da Previdência que já está em discussão na Câmara dos Deputados. Caso seja constatado que não há espaço para aprovação do texto, o tema será transferido para o próximo ano e o governo de Bolsonaro encaminhará proposta nova.

Segundo Guedes, o peso maior da decisão é do próprio Congresso Nacional. “Não podemos transformar um homem que venceu nas urnas em um homem que vai ser derrotado no Congresso Nacional antes mesmo de o governo começar”, frisou o futuro ministro. “Então faz sentido para o presidente Jair Bolsonaro entrar e pedir uma reforma que o Congresso Nacional atual não aprovaria?”

Ele destacou que a aprovação da Reforma da Previdência que está no Congresso evitaria que o novo governo perdesse um ano de discussão e ainda seria um “bom fecho para o governo anterior”. “Você desentope o horizonte de nuvens para o futuro governo. As notícias vão ser boas. O Brasil já entra crescendo o ano que vem. Caso isso não seja possível [aprovar a reforma], caso o cálculo político seja de que haveria uma derrota, realmente o Bolsonaro não pode entrar agora. Ele não tem nada a ver com o que aconteceu até hoje”, ressaltou.

Segundo ele, os parlamentares reeleitos entrariam votando medidas positivas, e quem não foi eleito iria para casa com a sensação de dever cumprido, sem “toma lá dá cá.” “Na minha cabeça hoje tem Previdência, Previdência, Previdência. Por favor, classe política, nos ajude a aprovar Previdência. A bola está com eles (Congresso). Se você perguntar para o futuro ministro, ele está falando o seguinte: prensa neles. Pede a reforma. É bom para quem está saindo e bom para quem está chegando”, disse.

De acordo com Guedes, o governo não mudou de ideia em relação à proposta de capitalização da Previdência. “Nunca esteve para trás, sempre para frente”. Ele repetiu que o plano sempre foi esse, tentar aprovar o que é possível, que está pronto. “É a reforma ideal? Não, ela tem dezenas de defeitos. Ela é aquele avião velho cheio de bombas a bordo e temos que desmontar duas ou três bombas. Ou apoiamos a reforma agora ou vai cair na nossa cabeça ali na frente”, afirmou.

Segundo o futuro ministro, é importante fazer logo. “Aprova-se a reforma que está aí. Aprova isso rápido. Tira essa nuvem negra no horizonte. Isso nos dá tempo para o novo regime”, afirmou. Ele disse que essa pelo menos é sua convicção, pois a proposta encaminhada por Temer já foi aprovada nas comissões e está pronta para ser levada ao Congresso Nacional. 

Ressaltou ainda que, do ponto de vista econômico, o país está atrasado décadas na reforma da Previdência. “Se ela tivesse sido feita há dez anos, o Brasil estaria crescendo 4% a 5% ao ano. Como não fizemos isso, a economia está travada e cheia de problemas fiscais até hoje”, disse o futuro ministro.

“Eu entendo, como economista, que, se nós tirarmos esse obstáculo da frente agora, primeiro tem um belo encerramento do governo Temer. Teria sido um governo de transição com um bom ímpeto de reformas. E segundo, abre-se um novo governo só com notícias positivas”, reforçou.

Dentre as notícias positivas mencionadas, estão: simplificação e redução de impostos, uma nova ferramenta previdenciária para jovens com criação de emprego, mecanismo de acumulação de capital, ritmo de abertura gradual da economia brasileira. “Ninguém vai abrir a economia brasileira de repente com esses impostos todos aí, juros altos e desproteger a nossa indústria”, disse ele, ressaltando que só tem notícia boa pela frente.

Para o futuro ministro da economia, o problema da Previdência brasileira é a bomba demográfica, o cruel financiamento que destrói emprego, a mistura de assistência social com previdência, o fato de não levar recursos para frente e a forma de gestão. “Precisamos trazer para a futuras gerações um sistema previdenciário diferente. É um crime para as futuras gerações continuar no sistema de repartição”, afirmou.

Guedes defendeu, por fim, que a aprovação de uma reforma da Previdência e a independência do Banco Central impulsionariam o crescimento do país. Ele também afirmou que isso daria a oportunidade de o governo direcionar as atenções a reformas estruturantes. “Seria excelente para o país se nós conseguíssemos aprovar uma reforma da Previdência e a independência do Banco Central. Seria ótimo. Já entraríamos com a perspectiva de a economia crescer de 3% a 3,5% e teríamos tempo para trabalhar as reformas estruturantes", disse.

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