A delicada equação dos donos do Friboi

Com a compra da Delta, a família Friboi coloca os dois pés no poder e vira alvo dos inimigos do PT e de outros gigantes da economia; nesse caso, a candidatura de Júnior (à dir.) ao governo de Goiás pode se tornar explosiva em todas as direções

A delicada equação dos donos do Friboi
A delicada equação dos donos do Friboi (Foto: Montagem/247)


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247 – Joesley Batista, do grupo JBS, quer controlar a Delta, mas seu irmão José Batista Júnior, que é um dos sócios, trabalha para ser governador de Goiás em 2014; depois do trauma de um estado sob a influência direta do esquema Cachoeira-Delta, será que o eleitor goiano aceitaria um empreiteiro no poder? Sem intermediários?

Este é mais um dos pontos em xeque quando se trata da candidatura de Friboi no Estado. Há outros. Por exemplo: trata-se de um projeto pessoal ou da família? Frequentemente é levantada a questão porque nos bastidores são muitos os propalados interlocutores da família que "revelam" insatisfação com os passos de Júnior. Na prática, porém, Júnior mantém-se firme nas conversas políticas e nas visitas a potenciais candidatos a prefeito e vereador pelo Estado. A eleição deste ano é estratégica para ele se firmar como nome viável para 2014.

Dono da Delta, Júnior fortalece outra faceta que aflora toda vez que seu nome é pronunciado: a do candidato com cofre cheio. Como a Delta pavimentava não apenas estradas, mas principalmente candidaturas em Goiás, é natural que a visão de um nome com força financeira aguça o imaginário para quem quer se estabelecer à sombra do poder. Neste aspecto, pode ser positivo para que Júnior se sobressaia: quem não quer proximidade diante de tão forte possibilidade de vitória, com a sustança de dinheiro farto?

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Porém, se poder de gasto espanta adversário e atrai aliados, por outro lado chama a atenção justamente pela carga explosiva que tanta virtuosidade pode oferecer. É neste ponto que o fator Delta esquenta o questionamento: ele quer o poder em Goiás para mostrar serviço ou para dar solidez aos negócios da família? Os gastos de campanha serão proporcionalmente investimentos futuros?

Para se livrar de dúvidas assim, Friboi poderá, por exemplo, firmar posição de que a Delta será banida de Goiás em sua gestão. Mas, sendo assim, será este – a compra da Delta – um bom negócio para a família? Ou Goiás representa pouco diante do potencial de mais de R$ 4 bilhões que a empresa representa - potencial que, fora todas as outras considerações, seria o que fez JBS crescer o olho (ainda mais com respaldo de BNDES e, indiretamente, do PT)?

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Politicamente, assumir a Delta dá respaldo econômico e político a Friboi, já que isso o aproxima de Lula em virtude da visão de que tudo acontece em comum acordo. Além de respaldo econômico, Júnior passa a integrar uma vitoriosa aliança política capitaneada pelo ex-presidente e representada pela presidente Dilma. Essa é a parte boa. A parte ruim é que ele entra na linha direta de tiro da oposição. Vira alvo das forças em contrário no Estado.

A verdade é que a negociação envolvendo a Delta e o Friboi embaralha ainda mais o jogo eleitoral em Goiás. A principal financiadora de campanhas dos adversários de Júnior Friboi é agora sua. Porém, como fugirá ele do desgaste de estar à frente de uma empresa símbolo de corrupção? Isso não irá ligá-lo a Marconi, em vez de, como quer, consolidá-lo como candidato de oposição à rede de corrupção em torno do tucano?

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Com a Delta, Júnior Friboi passa a ser alvo nacional com uma candidatura estadual. Não será fácil convencer de que estará eliminando intermediários da empresa com o governo, em vez de assumindo um governo que não aceita relações perigosas com o crime e a contravenção.

Da mesma forma, a família Friboi e seus negócios, caso a candidatura de Friboi seja mantida e a compra da Delta seja consolidada, passa a ser alvo local, nacional e internacional. Lucrando sempre tão perto do poder, no poder lucrará mais? E quem pagará a conta?

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Júnior, família Friboi e Delta formam desde já um triângulo de perguntas econômicas e eleitorais. Algo explosivo em todas as direções. Para se dizer o mínimo.

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