Joaquim Caifás Barbosa

Ao condenar com base em evidências, e não com base em provas, é como se o supremo relator bradasse: “Toda presunção de inocência será negada”!



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Está escrito nos evangelhos de Mateus e João: Caifás teve participação de destaque no julgamento de Jesus organizado pelo Sinédrio. Por ser um sumo sacerdote, Caifás também ocupava a posição de chefe da Corte Suprema judaica. De acordo com os evangelhos Jesus foi preso pela guarda do Templo de Jerusalém, e foi levado diante de Caifás e outros, por quem foi acusado de blasfêmia.

No Evangelho segundo Mateus (Mateus 26:57-67) Caifás, juntamente com outros sumos sacerdotes e o Sinédrio da época, é retratado interrogando Jesus, procurando por "falsas evidências" com as quais possa incriminar Jesus, porém não consegue descobri-las. Jesus permanece em silêncio durante o processo, até que Caifás lhe exige que diga se ele é o Cristo. Jesus declara implicitamente que o é, e faz uma alusão ao Filho do Homem, que o sumo sacerdote veria "assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu." Caifás e os outros homens o acusam de blasfêmia, e ordenam que seja espancado. Após considerá-lo culpado, o Sinédrio entregou-o ao governador romano Pôncio Pilatos, por quem Jesus também foi acusado de sedição contra Roma.

Segue-se então que Pilatos apresenta Jesus à multidão, juntamente com outro prisioneiro, Barrabás. Por ocasião da Pascoa, era tradição daquela época libertar um prisioneiro. Caifás e outros sacerdotes instigam a multidão a gritar pela libertação de Barrabás, e assim, selam o destino de Jesus, que é encaminhado para a crucificação.

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O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ação Penal 470, vulgarmente conhecida como “Mensalão”, tem personagens que se assemelham, em muito, a Corte Suprema judaica nos tempos de Cristo. O rito sumário, o julgamento sem provas, a sentença capital. Por tudo isto é possível comparar o ministro Joaquim Barbosa com o sumo sacerdote Caifás. A atuação de ambos não visa conhecer a verdade. O objetivo, naqueles dias e hoje, é o da condenação.

E quem era superior a Caifás naquele julgamento de Cristo senão o governador romano Pôncio Pilatos? Pois tal e qual, o presidente do STF, Carlos Ayres Brito, lava as suas mãos diante do festival de grosserias e impropriedades cometidas pelo ministro Joaquim Barbosa no decorrer do julgamento.

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Assim como Caifás, o ministro Joaquim Barbosa joga com a plateia. Com apoio da mídia ultra-conservadora e da TV Justiça, instiga a população contra os réus. Ele não julga, condena. E não apenas condena, instiga o povo ao linchamento moral dos acusados, à mesma maneira que Caifás ordenou o suplício do Galileu.

Não há Cristo ou salvadores sendo julgados no STF. Mas há ali homens e mulheres que foram privados de sua humanidade. Sua dignidade e seus direitos foram vilipendiados. Ao condenar com base em evidências, e não com base em provas, é como se o supremo relator bradasse: “Toda presunção de inocência será negada”!

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Ao seu tempo, Caifás estava a serviço da reação. Seu objetivo era claro: evitar o surgimento de uma nova religião entre os judeus. E o que está por detrás, pergunto eu, do açodamento do relator e da passividade do presidente?

Por que o “Mensalão Tucano” foi desmembrado, ou seja, será julgado inicialmente em primeira instância e só depois, eventualmente, pelo STF, enquanto o dito “Mensalão Petista” foi negada a possibilidade de julgamento em duas instâncias?

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Por que a compra de votos feita pelo presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para a aprovação da emenda da reeleição nunca foi julgada?

Por que os processos contra o PT e seus aliados correm mais céleres?

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Por que há dois pesos e duas medidas.

O mesmo Cristo ensinou: “com a medida que medires, também serás medido”.

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Convenhamos. Caifás não ocupa o melhor lugar na história. Será assim que Joaquim Barbosa gostaria de ser lembrado?

 

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Marcus Vinícius é jornalista e edita o www.marcusvinicius.blog.br

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