Em 24 horas, "bomba" de Época é desmentida

Lobista João Augusto Henriques, que teria revelado ao repórter Diego Escosteguy a existência de um esquema de desvio de verbas na Petrobras destinado a alimentar campanhas políticas, incluindo da presidente Dilma, distribui nota em que nega ter feito tais declarações; autor da reportagem divulga áudios do caso, que atinge ainda Michel Temer, Henrique Alves e Marcelo Odebrecht, no site da revista; jornalista já esteve envolvido em outras polêmicas, como a reportagem em que fez a denúncia, jamais comprovada, de distribuição de pacotes de dinheiro na Casa Civil

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247 - Uma reportagem "bomba" da revista Época, anunciada como tal ontem à noite pelo jornalista Ricardo Noblat, já está coberta pela polêmica. O lobista João Augusto Henriques, que teria revelado ao jornalista Diego Escosteguy a existência de um esquema de propinas na Petrobras destinado a financiar campanhas políticas, incluindo da presidente Dilma, divulgou nota para negar que tenha dado tal depoimento.

Pelo Twitter, Escosteguy reagiu. "Soube agora que o lobista João Augusto Henriques distribuiu nota à imprensa afirmando, em linhas gerais, que não disse o que disse", postou. Em seguida, mais um tweet. "A entrevista foi gravada, óbvio. Estamos preparando os trechos em áudio. Assim que possível, publicaremos os trechos no site de ÉPOCA".

Neste link é possível acessar os áudios da conversa entre o jornalista e o lobista.

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Abaixo, reportagem anterior do 247 sobre o caso:

ÉPOCA DENUNCIA ESQUEMA PT-PMDB-ODEBRECHT

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Denúncia atingiria o vice-presidente Michel Temer e o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves; contrato com a empreiteira na área internacional da Petrobras teria gerado doação de US$ 8 milhões da empreiteira à campanha presidencial de 2010; autor da reportagem, o polêmico jornalista Diego Escosteguy já apontou distribuição de pacotes de dinheiro na Casa Civil às vésperas da campanha presidencial de 2010, o que jamais se confirmou; desta vez ele afirma que "investigações oficiais ainda são necessárias para apurar todas as suas denúncias", referindo-se ao lobista João Henriques, que ancora a reportagem

9 DE AGOSTO DE 2013 ÀS 22:32

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247 – Uma denúncia contra a área internacional da Petrobras é tema de reportagem da revista Época, que chega neste fim de semana às bancas. A matéria já vinha sendo anunciada desde o início da noite desta sexta-feira (9) pelo jornalista Ricardo Noblat, do Globo. O autor do texto, o jornalista Diego Escosteguy, também tuitou principais trechos da denúncia de esquema de caixa 2 do PMDB na Petrobras. A fonte de Época é o lobista João Augusto Henriques, que denuncia cobrança de propina para fechar contratos e diz que dinheiro foi para deputados – e até para a campanha presidencial. “Do que eu ganhasse (nos contratos intermediados com a Petrobras), eu tinha de dar para o partido (PMDB). Era o combinado, um percentual que depende do negócio”, diz ele.

O que Noblat publicou mais cedo: "Levantados documentos a respeito, o repórter localizou uma espécie de Marcos Valério do partido. Que acabou contando muita coisa. Em resumo, todos os contratos que passavam pela diretoria internacional da Petrobras, apadrinhada pelo PMDB, rendiam propina ao partido. Muitos deputados recebiam. O esquema afeta, em maior ou menor grau, toda a linha sucessória da República. Dinheiro do esquema abasteceu o caixa 2 da campanha da Dilma. Temer tinha uma "beirada", segundo o tal operador. E o presidente da Câmara também estava na partilha".

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Época noticia que a pista inicial do suposto esquema foi um contrato assinado em 2009, em Buenos Aires, entre o advogado e ex-deputado Sérgio Tourinho e o argentino Jorge Rottemberg. “No documento, previa-se que Tourinho receberia US$ 10 milhões de uma empresa no Uruguai, um conhecido paraíso fiscal, caso a Petrobras vendesse a refinaria de San Lorenzo, avaliada em US$ 110 milhões, ao empresário Cristóbal Lopez, conhecido como czar do jogo na Argentina e amigo da presidente Cristina Kirchner. À primeira vista, o contrato não fazia sentido. Por que um lobista de Buenos Aires se comprometeria a pagar US$ 10 milhões a um advogado brasileiro, de Brasília, caso esse advogado, sem experiência na área de energia, conseguisse fechar a venda de uma refinaria da Petrobras na Argentina?”, questiona o jornalista.

E responde com acusações gravíssimas: “O advogado Tourinho era sócio dos lobistas do PMDB, que trabalhavam em parceria com Jorge Zelada, diretor internacional da Petrobras desde 2008 e, segundo João Augusto, apadrinhado do PMDB. A operação San Lorenzo, diz ele, não era um caso isolado. Era mais um dos muitos negócios fechados pelos operadores do PMDB na área internacional da Petrobras. De acordo com João Augusto, todos os contratos na área internacional da Petrobras tinham de passar por ele, João Augusto, que cobrava um pedágio dos empresários interessados. De acordo com ele, de 60% a 70% do dinheiro arrecadado dos empresários era repassado ao PMDB, sobretudo à bancada mineira do partido na Câmara, principal responsável pela indicação de Zelada à Petrobras. De acordo com João Augusto, o dinheiro servia para pagar campanhas ou para encher os bolsos dos deputados. O restante, diz ele, era repartido entre ele próprio e seus operadores na Petrobras – os responsáveis pelo encaminhamento dos contratos”.

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Segundo a reportagem, o dinheiro arrecadado seguia para os dez deputados do PMDB em Minas, entre eles o atual ministro da Agricultura, Antonio Andrade, e o presidente da Comissão de Finanças da Câmara, João Magalhães. O dinheiro também teria ido para o secretário das Finanças do PT, João Vaccari, que teria recebido o equivalente a US$ 8 milhões durante a campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2010. Estes recursos teriam sido pagos pela Odebrecht, em razão de um contrato bilionário fechado na área internacional da Petrobras.

Todos os citados ouvidos pela reportagem negam o recebimento do dinheiro. A própria Época faz "mea culpa": "Investigações oficiais ainda são necessárias para apurar todas as suas denúncias". Diego Escosteguy é um jornalista polêmico. Ele foi autor, nos tempos que trabalhava em Veja, de matérias que não se confirmaram, como a denúncia de que funcionários da Casa Civil recebiam pacotes com R$ 200 mil em dinheiro.  A nova denúncia, como ele próprio admite, ainda terá que ser comprovada.

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Leia, abaixo, trecho da reportagem de Época:

João Augusto estava em silêncio. Permanecia inclinado à frente, apoiava-se na mesa com os antebraços. Batia, sem parar, a colherzinha de café na borda do pires – e mantinha o olhar fixo no interlocutor. Parecia alheio à balbúrdia das outras mesas no Café Severino, nos fundos da Livraria Argumento do Leblon, no Rio de Janeiro, naquela noite de sexta-feira, dia 2 de agosto. A xícara dele já estava vazia. O segundo copo de água mineral, também. João Augusto falava havia pouco mais de uma hora. Até então, pouco dissera de relevante sobre o assunto que o obrigara a estar ali: as denúncias de corrupção contra diretores ligados ao PMDB, dentro da Petrobras. Diante dos documentos e das informações obtidos por ÉPOCA sobre sua participação no esquema, João Augusto respondia evasivamente. Por alguma razão incerta, algo mudara nos últimos minutos. O semblante contraído sumira. Esperei que o silêncio dele terminasse.

– O que você quer saber?, disse ele.
– Sobre os negócios, respondi.

Foi então que João Augusto Rezende Henriques disse, sem abaixar a voz ou olhar para os lados: “Do que eu ganhasse (no contratos intermediados com a Petrobras), eu tinha de dar para o partido (PMDB). Era o combinado, um percentual que depende do negócio”. A colherzinha não tilintava mais.

Iniciava-se, ali, um desabafo motivado pelas denúncias que ÉPOCA investigava havia cerca de um mês. O caso envolvia a Petrobras – maior empresa do país, 25ª do mundo, com faturamento anual de R$ 281 bilhões. Começara com apenas uma pista: um contrato assinado em 2009, em Buenos Aires, entre o advogado e ex-deputado Sérgio Tourinho e o argentino Jorge Rottemberg. No documento, previa-se que Tourinho receberia US$ 10 milhões de uma empresa no Uruguai, um conhecido paraíso fiscal, caso a Petrobras vendesse a refinaria de San Lorenzo, avaliada em US$ 110 milhões, ao empresário Cristóbal Lopez, conhecido como czar do jogo na Argentina e amigo da presidente Cristina Kirchner. À primeira vista, o contrato não fazia sentido. Por que um lobista de Buenos Aires se comprometeria a pagar US$ 10 milhões a um advogado brasileiro, de Brasília, caso esse advogado, sem experiência na área de energia, conseguisse fechar a venda de uma refinaria da Petrobras na Argentina?

ÉPOCA foi buscar a resposta em entrevistas com partícipes do negócio, parlamentares e funcionários ligados ao PMDB. O advogado Tourinho era sócio dos lobistas do PMDB, que trabalhavam em parceria com Jorge Zelada, diretor internacional da Petrobras desde 2008 e, segundo João Augusto, apadrinhado do PMDB. A operação San Lorenzo, diz ele, não era um caso isolado. Era mais um dos muitos negócios fechados pelos operadores do PMDB na área internacional da Petrobras. De acordo com João Augusto, todos os contratos na área internacional da Petrobras tinham de passar por ele, João Augusto, que cobrava um pedágio dos empresários interessados. De acordo com ele, de 60% a 70% do dinheiro arrecadado dos empresários era repassado ao PMDB, sobretudo à bancada mineira do partido na Câmara, principal responsável pela indicação de Zelada à Petrobras. De acordo com João Augusto, o dinheiro servia para pagar campanhas ou para encher os bolsos dos deputados. O restante, diz ele, era repartido entre ele próprio e seus operadores na Petrobras – os responsáveis pelo encaminhamento dos contratos.

Segundo João Augusto e outros quatro lobistas do PMDB, o dinheiro era distribuído a muita gente em Brasília. A maior parte seguia para os dez deputados do partido em Minas, entre eles o atual ministro da Agricultura, Antonio Andrade, e o presidente da Comissão de Finanças da Câmara, João Magalhães. O dinheiro, de acordo com João Augusto, não ficava apenas com essa turma. Segundo o relato dele e dos outros lobistas, o secretário das Finanças do PT, João Vaccari, recebeu o equivalente a US$ 8 milhões durante a campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2010. João Augusto diz que organizou, com Vaccari, o repasse para a campanha de Dilma. O dinheiro, segundo ele, foi pago pela Odebrecht, em razão de um contrato bilionário fechado na área internacional da Petrobras, que dependia de aprovação do então presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, do PT. À Justiça Eleitoral, a campanha de Dilma declarou ter recebido R$ 2,4 milhões da Odebrecht. O coordenador financeiro da campanha de Dilma Rousseff, José de Filippi Júnior, afirma que não conhece João Augusto. “Posso garantir que ele não participou da arrecadação de recursos para a campanha da presidenta Dilma Rousseff, que toda arrecadação foi feita por meio de Transferência Eletrônica Bancária, e que as contas da campanha da presidenta foram aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral”, diz.

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As denúncias de João Augusto são contestadas pelos acusados. Vaccari diz que não era responsável pela tesouraria da campanha de Dilma. Afirma ainda que “todas as doações ao PT são feitas dentro do que determina a legislação em vigor e de uma política de transparência do PT”. Gabrielli diz, por meio de nota, não ter conversado sobre o contrato da Odebrecht com Vaccari. Zelada afirma desconhecer a atuação de João Augusto na intermediação de contratos na Petrobras e nega ter sido indicado pelo PMDB. A Petrobras informou em nota que não comentaria o assunto. Apesar de todas as contestações, a reportagem de ÉPOCA confirmou, por meio de entrevistas em três cidades, vários pontos do depoimento de João Augusto. Investigações oficiais ainda são necessárias para apurar todas as suas denúncias.

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