Memo secreto põe Globo no epicentro da ditadura

Jornalista Helena Sthephanowitz obtém documento precioso, que ficou guardado durante 50 anos, sobre o papel de Roberto Marinho na ditadura militar que atirou o País às trevas durante 21 anos; nele, o embaixador Lincoln Gordon relata a seus superiores suas conversas com o então presidente das Organizações Globo; ambos discutiam a sucessão de Castelo Branco e o endurecimento do regime; a verdade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura

Jornalista Helena Sthephanowitz obtém documento precioso, que ficou guardado durante 50 anos, sobre o papel de Roberto Marinho na ditadura militar que atirou o País às trevas durante 21 anos; nele, o embaixador Lincoln Gordon relata a seus superiores suas conversas com o então presidente das Organizações Globo; ambos discutiam a sucessão de Castelo Branco e o endurecimento do regime; a verdade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura
Jornalista Helena Sthephanowitz obtém documento precioso, que ficou guardado durante 50 anos, sobre o papel de Roberto Marinho na ditadura militar que atirou o País às trevas durante 21 anos; nele, o embaixador Lincoln Gordon relata a seus superiores suas conversas com o então presidente das Organizações Globo; ambos discutiam a sucessão de Castelo Branco e o endurecimento do regime; a verdade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura (Foto: Leonardo Attuch)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por Helena Sthephanowitz, da Rede Brasil Atual

No dia 14 de agosto do 1965, ano seguinte ao golpe, o então embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Lincoln Gordon, enviou a seus superiores um telegrama então classificado como altamente confidencial – agora já aberto a consulta pública. A correspondência narra encontro mantido na embaixada entre Gordon e Roberto Marinho, o então dono das Organizações Globo. A conversa era sobre a sucessão golpista.

continua após o anúncio

Segundo relato do embaixador, Marinho estava “trabalhando silenciosamente” junto a um grupo composto, entre outras lideranças, pelo general Ernesto Geisel, chefe da Casa Militar; o general Golbery do Couto e Silva, chefe do Serviço Nacional de Informação (SNI); Luis Vianna, chefe da Casa Civil, pela prorrogação ou renovação do mandato do ditador Castelo Branco.

No início de julho de 1965, a pedido do grupo, Roberto Marinho teve um encontro com Castelo para persuadi-lo a prorrogar ou renovar o mandato. O general mostrou-se resistente à ideia, de acordo com Gordon.

continua após o anúncio

No encontro, o dono da Globo também sondou a disposição de trazer o então embaixador em Washington, Juracy Magalhães, para ser ministro da Justiça. Castelo, aceitou a  indicação, que acabou acontecendo depois das eleições para governador em outubro. O objetivo era ter Magalhães por perto como alternativa a suceder o ditador, e para endurecer o regime, já que o ministro Milton Campos era considerado dócil demais para a pasta, como descreve o telegrama. De fato, Magalhães foi para a Justiça, apertou a censura aos meios de comunicação e pediu a cabeça de jornalistas de esquerda aos donos de jornais.

No dia 31 de julho do mesmo ano houve um novo encontro. Roberto Marinho explica que, se Castelo Branco restaurasse eleições diretas para sua sucessão, os políticos com mais chances seriam os da oposição. E novamente age para persuadir o general-presidente a prorrogar seu mandato ou reeleger-se sem o risco do voto direto. Marinho disse ter saído satisfeito do encontro, pois o ditador foi mais receptivo. Na conversa, o dono da Globo também disse que o grupo que frequentava defendia um emenda constitucional para permitir a reeleição de Castelo com voto indireto, já que a composição do Congresso não oferecia riscos. Debateu também as pretensões do general Costa e Silva à sucessão.

continua após o anúncio

Lincoln Gordon escreveu ainda ao Departamento de Estado de seu país que o sigilo da fonte era essencial, ou seja, era para manter segredo sobre o interlocutor tanto do embaixador quanto do general: Roberto Marinho. Abaixo o documento:

continua após o anúncio

 

continua após o anúncio

 

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247