Kotscho questiona: Facebook virou coluna social?

O que poderia ser um espaço aberto para a democratização de informações e opiniões em poucas semanas transformou a plataforma numa espécie de coluna social digital, com registros de nascimentos, viagens, comemorações, aniversários, falecimentos, além de vídeos de bichinhos, series estrangeiras e bizarrices em geral, aponta o jornalista Ricardo Kotscho

The Facebook logo is displayed on their website in an illustration photo taken in Bordeaux, France, February 1, 2017. REUTERS/Regis Duvignau
The Facebook logo is displayed on their website in an illustration photo taken in Bordeaux, France, February 1, 2017. REUTERS/Regis Duvignau (Foto: Leonardo Attuch)


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Por Ricardo Kotscho, no Balaio do Kotscho No final da noite de 11 de janeiro, Mark Zuckerberg, o pai e presidente executivo do Facebook, divulgou um comunicado à praça informando aos seus dois bilhões de usuário em todo o mundo que sua plataforma resolveu mudar o cardápio.

De um dia para outro, o algoritmo da rede social resolveu priorizar posts de amigos e familiares em lugar de páginas noticiosas que alimentavam o debate e serviam como contraponto ao pensamento único da grande mídia.

O que poderia ser um espaço aberto para a democratização de informações e opiniões em poucas semanas transformou a plataforma numa espécie de coluna social digital, com registros de nascimentos, viagens, comemorações, aniversários, falecimentos, além de vídeos de bichinhos, series estrangeiras e bizarrices em geral.

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“Uma vez que há mais conteúdo público do que posts de amigos e da família, o feed afastou-se da coisa mais importante que o Facebook pode fazer: ajudar a nos conectarmos uns com os outros”, justificou Zuckerberg ao anunciar a mudança radical.

Resisti muito tempo a entrar nesta rede, mas acabei cedendo justamente aos conselhos de amigos e familiares para quem permanecer de fora do Facebook é ficar fora do mundo.

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Confinado em casa depois de sofrer uma queda no final do ano passado, comecei a dar uma zapeada no Face e até encontrei postagens interessantes de pessoas comentando os últimos acontecimentos, às vezes tratando de fatos que tinham escapado à minha atenção.

Com as mudanças do algoritmo, isso não acontece mais. Ficou uma coisa muito chata, repetitiva, sempre as mesmas pessoas escrevendo para os mesmos receptores, um círculo vicioso de informações desinteressantes  e debates de “nós com nós”.

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Raramente encontro agora algo que me surpreenda e possa servir de matéria prima para atualizar o meu blog.

“Ao fazer essas mudanças, espero que as pessoas gastem menos tempo com o Facebook e algumas medidas de engajamento também possam cair. Mas eu espero que o tempo gasto no Facebook seja mais valioso”, sonhou Zuckerberg em seu comunicado.

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De fato, passei a perder menos tempo na rede, mas não vi vantagem nenhuma porque o conteúdo é cada vez mais pobre, algo como uma evasão de privacidade, que não leva a lugar nenhum.

Se era para combater as fakenews também não deu certo porque elas continuam lá do mesmo jeito, espalhadas entre um número cada vez maior de links patrocinados por empresas, que devem render uma boa grana para os donos do Facebook, mas só servem para poluir o espaço porque ninguém ou ver para para ler o conteúdo.

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A proliferação de plataformas nos tablets e celulares, com todo mundo digitando freneticamente sem conversar com quem está ao seu lado, está provocando o efeito contrário do que Zuckerberg pretendia para “nos conectarmos uns aos outros”.

Será que não vai chegar um ponto tal de saturação em que as pessoas desligarão todos os aparelhos eletrônicos e voltarão a gastar seu tempo livre com um bom livro ou ir ao bar da esquina para conversar com os amigos, sem levar o celular?

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Vida que segue.

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