Folha, que não acha Bolsonaro de extrema-direita, agora pede que ele modere discurso

O jornal Folha de S. Paulo, que proibiu seus jornalistas de qualificarem Bolsonaro como candidato de extrema-direita, sendo criticada inclusive pela ombdsman do jornal, Paula Cesarino, agora diz que seu discurso é "inaceitável"; "Seria leviano culpar Bolsonaro pelo que fazem adeptos facinorosos, mas deve-se cobrar dele uma retórica que não incentive a intolerância, seja a esquerdistas, feministas ou homossexuais", diz o jornal

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247 - O jornal Folha de S. Paulo publicou nesta segunda-feira, 15, editorial em que defende que o candidato da extrema-direita a presidente, Jair Bolsonaro (PSL), modere o seu discurso de estímulo à violência e à intolerância. 

A Folha, que proibiu seus jornalistas de qualificarem Bolsonaro como candidato de extrema-direita, sendo criticada inclusive pela ombdsman do jornal, Paula Cesarino, agora diz que seu discurso é "inaceitável". 

"Seria leviano culpar Bolsonaro pelo que fazem adeptos facinorosos, mas deve-se cobrar dele uma retórica que não incentive a intolerância, seja a esquerdistas, feministas ou homossexuais", diz o jornal. 

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"Importa pouco, a esta altura, discutir quem começou o quê. De quem pretende representar eleitores se espera que aceite a divergência e seja capaz de mediar conflitos de forma pacífica. O mesmo vale para os representados", acrescenta. 

Leia, abaixo, o editorial na íntegra:

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O inaceitável

Difícil precisar quando a violência de motivações políticas se tornou uma triste novidade entre os temas em debate nestas eleições.

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A considerar apenas os episódios mais notórios e recentes, em março houve o rumoroso ataque a tiros a dois ônibus que levavam a caravana do então presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Paraná, ainda não esclarecido.

Dias depois, o lado petista daria sua demonstração de truculência quando se decretou a prisão de Lula. Durante protesto na capital paulista, militantes do partido, incluindo um ex-vereador em Diadema, agrediram um opositor e o jogaram na direção de um caminhão.

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Já corria a campanha oficial, em setembro, quando Jair Bolsonaro (PSL) sofreu o bárbaro ataque a faca, em Juiz de Fora (MG), que por pouco não tirou sua vida. De forma irresponsável, aliados do candidato —entre eles seu vice— atribuíram o atentado a um "militante do Partido dos Trabalhadores".

Era falso. O responsável pelo ato execrável havia sido filiado ao PSOL até 2014; ao que tudo indica, planejou e executou sozinho a insanidade. De mais positivo, todos os concorrentes se solidarizaram de imediato com Bolsonaro.

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Felizmente, o caso não suscitou mais que algumas teorias conspiratórias, insuficientes para levar os apoiadores mais inflamados do presidenciável a represálias. É bem plausível, aliás, que o ocorrido tenha contribuído para ampliar o eleitorado do capitão.

Nesse contexto, causam justificado alarme as recentes notícias de agressões motivadas por divergências partidárias neste segundo turno da disputa presidencial —sendo a mais trágica delas o assassinato a facadas de um defensor de Fernando Haddad (PT) por um bolsonarista em Salvador (BA).

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"O que eu tenho a ver com isso?", perguntou o candidato do PSL, diante dos relatos iniciais. Depois, deu-se conta de que tal indiferença era incabível: na quarta-feira (10), divulgou mensagem em que condena a prática da violência e rejeita o apoio de seus autores.

Seria leviano culpar Bolsonaro pelo que fazem adeptos facinorosos, mas deve-se cobrar dele uma retórica que não incentive a intolerância, seja a esquerdistas, feministas ou homossexuais.

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Há sectarismo e boçalidade de todos os lados, diga-se, em particular no ambiente conflagrado das redes sociais —fértil para a propagação de notícias infundadas e a qualificação de oponentes como fascistas, golpistas ou comunistas.

Importa pouco, a esta altura, discutir quem começou o quê. De quem pretende representar eleitores se espera que aceite a divergência e seja capaz de mediar conflitos de forma pacífica. O mesmo vale para os representados.

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