Luis Miguel: Folha ‘tentou vender uma ideia de violência dos dois lados, mas é difícil colar’

"No primeiro turno, o discurso era a ameaça dos "dois extremos". Agora, trabalhando para normalizar a chegada da extrema-direita ao poder, a Folha investe na ideia de que não há extremo nenhum", critica o cientista político Luis Felipe Miguel; no final de semana, diz ele, o jornal "tentou vender uma ideia de 'violência dos dois lados', mas é difícil colar"

Luis Miguel: Folha ‘tentou vender uma ideia de violência dos dois lados, mas é difícil colar’
Luis Miguel: Folha ‘tentou vender uma ideia de violência dos dois lados, mas é difícil colar’


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Por Luis Felipe Miguel, em seu Facebook

No primeiro turno, o discurso era a ameaça dos "dois extremos". Agora, trabalhando para normalizar a chegada da extrema-direita ao poder, a Folha investe na ideia de que não há extremo nenhum.

A violência na campanha está escondida no noticiário. No final de semana, a Folha tentou vender uma ideia de "violência dos dois lados", mas é difícil colar. Agora, não acha necessário dar uma foto da igreja pichada com suásticas, por exemplo. Dá uma suíte do caso chocante do delegado de polícia que debochou da moça agredida por neonazistas em Porto Alegre, mas o titulo já denuncia o teor: "Delegado faz confusão quanto a suástica em jovem".

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Na página 2, um daqueles colunistas genéricos de direita explica que é exagero falar em ameaça seja fascista, seja "comunista". Primeiro, porque temos instituições que nos protegem. Como se o Brasil fosse uma democracia sólida, não um país em que o presidente do Supremo chama ditadura de "movimento", em que a Justiça Eleitoral compactua com a manipulação mais deslavada, em que são mantidos presos políticos, em que a Constituição vigora ou não vigora conforme dá na telha dos poderosos, em que a mídia empresarial é do naipe da própria Folha. Em que houve um golpe com a conivência das instituições que deviam proteger o Estado de direito e a democracia. Aliás, talvez não por acaso, hoje na Folha percebi um zelo especial para negar que o golpe de 2016 foi um golpe.

O segundo argumento é que é exagero chamar Bolsonaro de fascista, assim como é exagero chamar Haddad de comunista. É algo tão bizarro que nem mereceria discussão. Bolsonaro defende o extermínio de opositores, prefere abertamente a violência ao debate, é a favor do reforço de todas as hierarquias sociais, luta contra a existência de direitos. Acadêmicos podem discutir o quanto o rótulo de fascista é plenamente adequado, mas que ele anda bem pro lado de lá, isso ele anda. E Haddad? Onde está o extremismo de Haddad? O cara já exagera quando se auto-intitula "social-democrata"!

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Há outra pegadinha aí. O discurso faz com que fascismo e comunismo pareçam opostos simétricos. Não são. O comunismo é uma opção política legítima, que pode ou não receber apoio, ao contrário do fascismo. O antifascismo é uma condição básica para a construção da democracia. Já o anticomunismo é, quase sempre, o discurso que prepara sua destruição.

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