Colunista do Estadão é censurada e demitida por criticar Bolsonaro

A colunista Ruth Manus foi demitida nesta segunda-feira (12), pelo jornal O Estado de S. Paulo, por ter feito coluna criticando o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL); "Como seria possível não falar sobre política? O que não é política? Direito envolve política, minorias envolvem política, feminismo envolve política, sociedade envolve política, relacionamentos envolvem política. Liberdade é pura política- e sua ausência, ainda mais"

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Revista Fórum - A colunista Ruth Manus foi demitida, nesta segunda-feira (12), do Estadão, por ter feito coluna criticando o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).

A colunista publicou em sua conta no Facebook, nesta terça-feira (13), texto na terceira pessoa onde explica que, "uma moça chamada Ruth, que escrevia para um grande jornal brasileiro", em agosto, publicou uma coluna onde "criticava um certo candidato à presidência do país" e, por conta disso, "foi surpreendida com uma ligação do jornal proibindo-a de se manifestar sobre política por prazo indeterminado".

Ruth afirma que reagiu à proibição e disse à direção do jornal que "caso eles não estivessem dispostos a preservar sua liberdade como colunista, que ficassem à vontade para rescindir o seu contrato".

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Ao final da nota ela afirma: "Quem quiser seguir me acompanhando, será muito bem-vindo na minha página do facebook, no meu instagram, no Observador- jornal português no qual escrevo desde 2016 com total respeito e liberdade- e, futuramente, em outros espaços que façam sentido. Obrigada pelos anos de leituras atentas".

Leia, abaixo, o texto na íntegra: 

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"Era uma vez uma moça chamada Ruth, que escrevia para um grande jornal brasileiro. Escreveu durante anos, sobre amor, humor e tantas outras coisas sérias e indispensáveis, com liberdade e boas intenções. Impressionou com seus números de audiência e foi premiada três vezes pelo jornal.

Acreditando, ainda, na liberdade que julgava ter, escreveu no fim de agosto um texto que criticava um candidato à presidência do país. Foi surpreendida com uma ligação do jornal proibindo-a de se manifestar sobre política por prazo indeterminado. Assustou-se, não esperava uma coisa dessas em pleno ano de 2018. Escreveu para o jornal, lembrando-os de que fora contratada para escrever colunas com tema livre e dizendo que essa conduta de censura não fazia sentido para ela, sobretudo pelo fato deles saberem que ela era advogada e professora de Direito.

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Como seria possível não falar sobre política? O que não é política? Direito envolve política, minorias envolvem política, feminismo envolve política, sociedade envolve política, relacionamentos envolvem política. Liberdade é pura política- e sua ausência, ainda mais. Disse que não estava disposta a escrever com medo, pisando em ovos e que, caso eles não estivessem dispostos a preservar sua liberdade como colunista, que ficassem à vontade para rescindir o seu contrato.

Algumas semanas depois- ontem, no caso- foi comunicada acerca do seu desligamento.

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Saio do Estadão com tranquilidade e com a certeza de que fui absolutamente coerente com aquilo em que acredito. Tenho orgulho da minha trajetória lá dentro, ao longo de quase 5 anos, assim como tenho orgulho da minha saída, sobretudo no momento que o Brasil atravessa. Agradeço a todos os que trabalharam comigo no jornal, agradeço pelo espaço que tive ao longo desses anos e lamento profundamente que a liberdade de expressão já esteja sendo tão relativizada no Brasil.

Continuarei escrevendo com a mesma alegria, com a mesma coragem e com a mesma fé. Quem quiser seguir me acompanhando, será muito bem vindo na minha página do facebook, no meu instagram, no Observador- jornal português no qual escrevo desde 2016 com total respeito e liberdade- e, futuramente, em outros espaços que façam sentido. Obrigada pelos anos de leituras atentas. Seguimos juntos. Isso foi só o começo." 

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