Tijolaço: desgaste político de Bolsonaro não é ruim para ala militar
"Para o partido militar que ocupa parte do Governo, longe de ser um problema, parece ser uma vantagem. 'Abaixa o facho' dos filhos do 'chefe', notoriamente uma força de influência a ser neutralizada, juntamente com a ala 'aloprada' que ocupam dentro do poder", avalia o jornalista Fernando Brito sobre a decisão de Luiz Fux que suspendeu as investigações contra Fabricio Queiroz
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Por Fernando Brito, do Tijolaço - O general Augusto Heleno, que bem mereceria o título de “comandante militar do Planalto”, procura manter a fleuma de um “tô nem aí” diante do caso criado pelo recurso de Flávio Bolsonaro, acolhido por Luiz Fux, para que o STF suspenda a investigação sobre os “vai e vem” de dinheiro na conta de seu motorista e amigo Fabrício Queiroz.
“Ele [Bolsonaro] não vê isso como um assunto de governo, é um assunto do Flavio”, declarou aos jornalistas.
A escolha das palavras é sempre um ponto forte de Heleno – ao contrário de seu colega Hamilton Mourão.
De fato, não é um problema de governo, mas é um problema político – e que problema! – para o chefe de Governo, Jair Bolsonaro.
Para o partido militar que ocupa parte do Governo, longe de ser um problema, parece ser uma vantagem. “Abaixa o facho” dos filhos do “chefe”, notoriamente uma força de influência a ser neutralizada, juntamente com a ala “aloprada” que ocupam dentro do poder.
Aquele site de direita que deveria levar o nome de O Bolsonarista diz que o ex-capitão deveria “ouvir o conselho do general Augusto Heleno e afastar os filhos do Governo”.
Ônyx Lorenzoni, o ministro político de Bolsonaro, mostra que se está longe da tranquilidade olímpica que Heleno tenha transparece. Falou em “uma tentativa de minar o governo de Bolsonaro” e de fazer um “3° turno”, atacando a mídia.
Se há uma tentativa de algo parecido, de quem terá partido, senão do filho do “homem” que tem idade suficiente para saber que sua atitude respingaria sobre o pai-presidente?
Eliane Cantanhêde, que não pode ser chamada de sabotadora, diz em sua coluna de hoje no Estadão que “(…), tudo isso demonstra um certo desespero e joga ainda mais suspeitas, intrigas e especulações sobre os envolvidos.”
Uma delas, que circulava ontem em Brasília, é de que as investigações estariam evoluindo rapidamente e deixando não apenas Flávio como o próprio pai, agora presidente, numa situação delicada. A conta de Fabrício não seria abastecida só pelos funcionários? E seria um “caixa comum” da família?
Já disse ontem que, por mais que Bolsonaro tenha composto o governo com um número de generais que nem mesmo na ditadura militar se teve notícia, é dele, muito mais do que dos ministros verde-oliva o prestígio na média oficialidade e na tropa.
Não vem a ser tão mau que este prestígio se corroa o suficiente para que se restabeleça a hierarquia e o presidente, enquanto está por lá, aceite a voz de comando que, na sua passagem pelos quarteis, nunca acatou bem.
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