Eric Nepomuceno sobre prisão de Lula: Brasil perdeu qualquer vislumbre de lucidez

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247 - "Só não conseguem tirar de mim minha memória. E é a lembrança das coisas boas que me faz ainda ter esperança". O escritor e jornalista Eric Nepomuceno fez duras críticas ao que chamou de "pior governo e pior ministério da história do Brasil". No programa Estação Sabiá, apresentado pela jornalista Regina Zappa no estúdio da TV 247 no Rio de Janeiro, ele falou sobre seus livros de contos, sobre a reedição do seu livro "Massacre" – e como a violência na região de Carajás continua a mesma – e a tragédia brasileira que foi não fazer uma revisão corajosa das arbitrariedades da ditadura militar, como os outros países do Cone Sul fizeram. Seu livro "A memória de todos nós" dá conta disso ao relatar depoimentos de argentino, chilena, uruguaio sobre os anos de chumbo e preservação da memória".

Dos personagens que povoaram sua vida e suas histórias, Eric falou sobre seu amigo e mentor Eduardo Galeano, sua veia solidária e seus princípios, e contou muitos casos de Gabriel Garcia Márquez, de quem traduziu muitos livros e foi também amigo. Eric lembrou de seu exílio privilegiado na Espanha, porque tinha trabalho, e da tristeza de ver o filho crescer longe de seu país. E reafirmou sua promessa em carta ao presidente Lula, de que desta vez os tempos ruins não o farão sair do Brasil porque tem a palavra como arma. "Eu não sei qual a força da palavra, ainda mais em um país como o Brasil, um país sem memória e com um governo de ódio, de puro rancor, de ressentimento. Um governo inimigo da palavra, inimigo da cultura e inimigo do pensamento".

Detalhando mais sobre sua carta para o ex-presidente, Nepomuceno diz que o Brasil perdeu lucidez e que a prisão de Lula é indignante. "É indignante o que acontece no Brasil, o Brasil perdeu qualquer vislumbre de lucidez e de vergonha na cara. Todos os atropelamentos que fizeram contra o Lula, é o que eu digo na carta". Por fim, ao falar de Darcy Ribeiro, outro amigo e pensador que muita falta faz ao Brasil, repetiu a frase que ouviu dele: "ou o sujeito é resignado ou indignado". Eric escolheu ser indignado.

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