Brasil é o 10º país mais perigoso para atividade jornalística

No ranking de 2016 divulgado pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), os três primeiros lugares foram ocupados por países que vivem guerras há anos: Iraque (1º), Síria (2º) e Afeganistão (3º); "No caso brasileiro temos uma situação muito atípica porque o principal agressor do jornalista é justamente o agente de segurança pública que deveria garantir a segurança de toda a sociedade e também dos jornalistas", comenta a presidente da Fenaj, Maria José Braga

No ranking de 2016 divulgado pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), os três primeiros lugares foram ocupados por países que vivem guerras há anos: Iraque (1º), Síria (2º) e Afeganistão (3º); "No caso brasileiro temos uma situação muito atípica porque o principal agressor do jornalista é justamente o agente de segurança pública que deveria garantir a segurança de toda a sociedade e também dos jornalistas", comenta a presidente da Fenaj, Maria José Braga
No ranking de 2016 divulgado pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), os três primeiros lugares foram ocupados por países que vivem guerras há anos: Iraque (1º), Síria (2º) e Afeganistão (3º); "No caso brasileiro temos uma situação muito atípica porque o principal agressor do jornalista é justamente o agente de segurança pública que deveria garantir a segurança de toda a sociedade e também dos jornalistas", comenta a presidente da Fenaj, Maria José Braga (Foto: Gisele Federicce)


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Sputnik Brasil - Pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) revela que o Brasil foi o 10º país do mundo mais perigoso para atividade jornalística em 2016. Do ranking dos 10 mais violentos, os três primeiros lugares foram ocupados por países que vivem guerras há anos: Iraque (1º), Síria (2º) e Afeganistão (3º).

A lista prossegue com Afeganistão, México, Iêmen, Guatemala, Índia, Paquistão e Turquia. Segundo o levantamento da ABERT, no ano passado foram registrados 174 casos de agressão contra pelo menos 261 profissionais da imprensa, um aumento de 60% em relação a 2015. O número de mortes, porém, diminuiu: de oito em 2015 para dois no ano passado. A soma não levou em conta a morte dos jornalistas no acidente aéreo na Colômbia quando viajam para cobrir a final da Libertadores entre a Chapecoense e o Atlético Nacional. de Medellín.

O diretor-geral da ABERT, Luis Roberto Antonik, interpreta o aumento da violência contra os jornalistas no ano passado pelo fato de ter sido um período de grande turbulência política, com a eclosão de diversas manifestações pelo país e um consequente crescimento da repressão policial que gerou um maior número de agressões não letais, apreensão e danos a equipamentos como câmeras de vídeo e foto. O dirigente lembra que a maioria desses atos é sofrida por profissionais homens e jovens que manejam esse tipo de material.

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"Os policiais acabam vendo nessas câmeras uma arma e por despreparo, falta de capacitação e treinamento eles acabam ferindo esses profissionais. É uma característica do repórter ser uma pessoa destemida, porque ele quer transmitir a informação para o seu público. É a característica da profissão dele. Quem está na frente, se arrisca mais acaba tendo a condição melhor de informar", diz, observando que, enquanto as pessoas estão correndo no sentido A (fugindo do avanço da polícia), os jornalistas estão correndo no sentido B (para se aproximar do confronto).

"A intenção do relatório da ABERT é que ele seja uma referência no mercado. Seguimos um rígido padrão internacional para relatar essas agressões, para virar uma fonte de informação ética e confiável." 

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Com números um tanto diferentes dos da ABERT, o relatório da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), divulgado no início de janeiro, tem uma conclusão idêntica: o aumento do número de casos foi causado pelo crescimento da repressão policial durante as manifestações do ano passado. O levantamento, realizado em parceria com os 31 sindicatos de jornalistas, aponta um crescimento de 17,52% no número de casos de agressões em relação ao ano anterior. Foram 161 casos de violência contra a categoria, 24 a mais do que os 137 casos registrados em 2015. Para a presidente da Fenaj, Maria José Braga, o aumento dos casos de violência é preocupante.

"Na maioria dos países onde há muitos casos de violência contra jornalistas temos situações de conflito armado, o que não ocorre no Brasil. É preciso haver medidas urgentes por parte do governo e das empresas. No caso brasileiro temos uma situação muito atípica porque o principal agressor do jornalista é justamente o agente de segurança pública que deveria garantir a segurança de toda a sociedade e também dos jornalistas. São policiais militares os principais agressores. Mais alarmante ainda é o fato de que o segundo maior agressor de jornalistas é a própria sociedade, homens e mulheres que participaram em 2016 de manifestações de rua e se sentiram no direito de agredir jornalistas", afirma a dirigente.

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Maria José diz que a democratização da informação e o monitoramento da qualidade dessa informação do ponto de vista técnico e ético tem que ser feito de outra forma, participativa e  mais democrática. Uma agressão a um jornalista, no entendimento da Fenaj, é inadmissível em qualquer situação. A Fenaj e os sindicatos também tentam levantar todo o tipo de violência contra jornalistas, incluindo aí a chamada violência interna das redações, a censura ou a autocensura, além de ameaças, intimidações, agressões verbais, impedimento do exercício profissional e o cercemento da liberdade de expressões por meio de ações judiciais. 

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