O fator Ahmadinejad

Presidente do Irã volta à América Latina para catequizar nuclearmente os índios



✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

O conceito está lastreado desde Kautsky, o sumo sacerdote da ortodoxia ao tempo da Segunda Internacional, e atravessou o século XX nas obras de Regis Debray ("Revolução na revolução", 1969), Ernest Mandel ("Capitalismo tardio", 1972), Rudolf Bahro ("A alternativa na Europa Oriental", 1977), e chegou a José Guilherme Merquior ("O marxismo ocidental", 1985): países de capitalismo tardio tendem a emular, também tardiamente, o que as "matrizes" fizeram quarenta anos antes.

Nada mais natural. Daí a América Latina, basicamente endinheirada, com um punhado de índios comunistas no poder (Chavez, Rafael Correa, Evo), praticar o retorno do recalcado. Querem dar de volta aos EUA o troco dos anos e anos a fio da incapacitação, tecnicamente permanente, que Tio Sam impôs aos latinos.

Ok, dirão, chumbo trocado não dói – aliás, único o axioma seguido a risca pelo toma-lá-dá-cá do estado de direito instalado por aqui, nas terras Del Rey Dom João Charuto.

continua após o anúncio

O troco dos autóctones recalcados veio com a presença do presidente do Irã na Rio +20. O senhor Mahmoud Ahmadinejad é sabidamente o maior milenarista do mundo. O conceito remonta ao babaca, norte-americano de Massachusetts, nascido em 1782, William Miller. Fez fortuna ao vender "túnicas de ascensão", de algodão. Eram para vestir os "bons", que fossem arrebatados ao reino dos céus, quando da volta do messias. O messias não voltou, nem voltará. Mas o conceito de milenarismo, a dividir o mundo entre mocinhos e bandidos, funciona muito bem. Mahmoud Ahmadinejad é um psicopata que acredita numa batalha final, com armas nucleares, nas cercanias do Monte Megido, em Israel,cujo nome aliás deu origem ao vocábulo Armagedom. O psico Mahmoud Ahmadinejad professa a batalha final entre as forças xiitas e o "capitalismo judaico-cristão-ocidental". E de preferência, com armas nucleares. O presidente do Irã volta a América Latina para catequizar nuclearmente os índios. Mas nada diferente, em essência, do Vaticano que abençoou exércitos.

Pela segunda vez em seis meses, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, visita a América Latina. Agora a saga do maluquete  inclui o Brasil para participar da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, o "Rio + 20", Bolívia e Venezuela.

continua após o anúncio

Mahmoud Ahmadinejad nada pratica de ecologia. "O território Iraniano sofre um extenso processo de desertificação, o ar de suas cidades está entre os mais contaminados do mundo e a maior parte da sua população vive sem infraestruturas para o tratamento de águas residuais", revela estudo do professor Román D. Ortiz, professor da Faculdade de Economia da Universidade los Andes (Bogotá).

O relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU, de Novembro de 2011, já revelou que o Irã mantém um programa nuclear ilegal cujo único objetivo é a produção de uma arma atômica.

continua após o anúncio

O estudo mostra que a escala mais estratégica da viagem de Ahmadinejad é Caracas:

"Recentemente, a cooperação militar entre a Venezuela e o Irã tornou-se pública. Em 14 de Junho passado, o presidente Chávez exibiu à imprensa um avião não tripulado batizado como Arpía 001 que declarou como fruto da cooperação bilateral. Na realidade, se tratava da réplica de um Mohajer 2, um aparato de desenho Iraniano destinado à coleta de serviços de inteligência. Segundo fontes jornalísticas, o projeto teria sido fruto de um acordo entre a estatal Compañía Anónima Venezuelana de Industrias Militares (CAVIM) e a Aviation Industries Organization (AIO) da República Islâmica por um valor de 28 milhões de dólares. Sucede que as Nações Unidas proibiram os seus membros de comprar equipamento militar Iraniano em Março de 2007, como parte das sanções destinadas a forçar Teerã a abandonar o seu programa nuclear ilegal. Em consequência, a apresentação do Arpía 001 se converteu em prova material de que a Venezuela está violando a legalidade internacional".

continua após o anúncio

Em novembro de 2010, o jornal alemão, Die Welt, revelou conversações entre Caracas e Teerã para a instalação de uma base binacional de foguetes de longo alcance no território Venezuelano, que poderiam abrigar sistemas Scud C (500 km. de alcance) e Shahab 3 (até 1.500 km.). Mais tarde, soube-se que oficiais de Caracas haviam sido convidados pela Universidade de Sharif em Teerã, um dos centros de pesquisa chave no programa de mísseis da República Islâmica. Paralelamente, a empresa Iraniana Parchin Chemical Industries em cooperação com a Petroquímica de Venezuela (Pequiven) estabeleceu uma suposta fábrica de explosivos no Estado de Morón.

AIO y Parchin têm duas coisas em comum. Ambas são parte integral do programa de mísseis Iraniano e as duos estão sob o controle do Corpo de Guarda da Revolução Islâmica do Irã (CGRI). Portanto, parece lógico que o general Ali Hajizadeh, comandante da Força Aeroespacial da CGRI, tenha visitado a Venezuela um par de vezes nos últimos dois anos. Com estes antecedentes, segundo o revelado pelo diário espanhol ABC, a construção de instalações de grandes dimensões sob controle Iraniano em Maracay e a chegada de um grande número de visitantes da mesma nacionalidade nesta localidade só incrementam as suspeitas sobre a cooperação Teerã – Caracas.

continua após o anúncio

O professor Román D. Ortiz é claro: o Irã promete ser uma força em favor da radicalização na transição para uma Venezuela pós-Chávez, mas levando em conta que a distância geográfica e cultural que separa a República Islâmica do país caribenho coloca limites à sua influencia, há de se esperar que os ayatollahs tratem de apoiar os setores miss "duros" da revolução bolivariana. Não seria a primeira vez que Teerã exporta repressão. Os Guardas da Revolução Islâmica Iraniana estão assessorando o regime sírio de Bashar al-Assad na sua campanha contra a oposição interna.

Os interesses do Irã na Bolívia: o campo de mineração em que Teerã está interessada para explorar possíveis depósitos de urânio e participar da exploração dos imensos depósitos de lítio existentes. De outro lado, a cooperação militar onde a República Islâmica tem conseguido um pré-acordo para fornecer alguns aviões de fabricação própria e participar na manutenção de equipamentos da Força Aérea de La Paz. "Com vistas a alcançar estes objetivos, a República Islâmica dispõe de recursos financeiros e técnicos suficientes para ganhar uma influência decisiva sobre um Estado boliviano ansioso por receber cooperação", analisa o professor Román D. Ortiz.

continua após o anúncio

Teerã juntou-se a um punhado de índios malucos para tentar dar de volta aos EUA aquilo que eles deram de barato ao mundo. E o psico Ahmadinejad vai ser aplaudido pelos liberticidas de sempre: padres de passeata, ongueiros, estudantes de psicologia, hippies chics, comunas desbundados, capitalistas de consciência pesada, bloqueiros progressistas.

E sobretudo por gente que ganha muito dinheiro falando mal do capitalismo (coisa que aprenderam em 1974, depois que o Pink Floyd ficou rico falando mal do dinheiro na música "Money"...)

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247