O dilema de Eduardo: a paz ou a guerra com Aécio?

Com menos da metade das intenções de voto do senador mineiro Aécio Neves (PSDB), segundo pesquisa divulgada neste final de semana pela revista Istoé, o PSB do presidenciável Eduardo Campos tem um dilema pela frente: manter a linha do discurso de criticar o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) ou encarar o tucano de frente para firmar-se como uma terceira via capaz de se contrapor à polarização entre PT e PSDB; em princípio, a legenda não pretende comprar briga com o tucano, insistindo na estratégia de mostrar os erros do governo Dilma; será que isso basta para levar Campos ao segundo turno? 

O dilema de Eduardo: a paz ou a guerra com Aécio?
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Paulo Emílio, Pernambuco 247 - A pesquisa que a revista Istoé traz neste final de semana e que aponta para a possibilidade de um segundo turno nas eleições presidenciais (leia aqui) deverá fazer com que o PSB repense a sua estratégia de maneira a levar o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, a se consolidar como uma alternativa viável à polarização entre PT e PSDB. Campos vem adotando uma linha de discurso que consiste basicamente em mostrar os erros do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) para a grande massa do eleitorado e sinalizar com uma política econômica liberal, de maneira a conquistar a simpatia de empresários e investidores. Apesar de ter menos da metade dos votos do senador Aécio Neves (PSDB), o PSB não pretende adotar um discurso mais duro contra o tucano, o que leva à pergunta: Será que isso é o suficiente para reverter a distância entre ele e o senador?

De acordo com o estudo, elaborado em parceria com o Instituto Sensus, a presidente Dilma Rousseff aparece com 35% das intenções de voto, Aécio Neves figura com 23,7% e Eduardo Campos com 11%. Segundo o primeiro secretário nacional do PSB e responsável pela coordenação nacional da campanha de Campos, Carlos Siqueira, as pesquisas ainda não refletem uma tendência decisiva, apontando apenas um momento no qual o pleito de outubro ainda está relativamente distante.

“A campanha ainda não começou. Existe o desafio de tornar o nosso candidato mais conhecido e estamos trabalhando nesta direção. Mais do que atacar o Aécio ou qualquer outro adversário, vamos mostrar os erros do governo atual e que temos um programa capaz de corrigir estas falhas e avançar ainda mais. Não vamos partir para ataques contra um ou outro. Vamos discutir a situação atual, mostrar propostas, como temos feito até agora”, diz Siqueira.

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Mantida esta linha, um dos problemas que devem ser superados é a semelhança dos discursos de Campos e Aécio. Um dos diferenciais que deverão ser martelados é o fato de o socialista se apresentar com o diferencial de “novidade”, ao posicionar-se como alguém capaz de construir uma “nova política”, firmando-se como uma terceira via em oposição à polarização entre petistas e tucanos dos últimos 20 anos, ao mesmo tempo em que é capaz de reconhecer as conquistas de governos anteriores, sejam do PT ou do PSDB.

 “O eleitor sabe reconhecer um candidato que aponta erros e que apresenta propostas para corrigi-los. Mas ele também percebe um plus a mais quando o candidato diz com segurança que os acertos serão mantidos, melhorados e ampliados. Este é o diferencial que Campos tem apresentado sobre o Aécio. Não é uma oposição por ser oposição como tem feito o PSDB”, observou ao 247 uma fonte do alto escalão do PSB.

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O deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE) também não acredita que a pesquisa divulgada pela Istoé deverá levar a uma radicalização do discurso da legenda contra o tucano. “Não há razão para isso. Temos propostas. O desafio é tornar Campos mais conhecido e isso vem sendo feito paulatinamente. Não temos interesse em entrar em um jogo no qual um fica brigando com o outro enquanto um terceiro [Dilma] se fortalece”, observa.

Outros pontos que têm levado o PSB a evitar trombar de frente com o PSDB são as alianças em diversos estados e a expectativa de que o capital eleitoral da ex-senadora e pré-candidata a vice na chapa socialista, Marina Silva, sejam transferidos em breve para o cabeça da chapa, Eduardo Campos. A legenda espera que boa parte dos cerca de 20 milhões de votos obtidos por Marina na última eleição presidencial sejam transferidos na medida em que o eleitorado saiba que os dois estão juntos na corrida pelo Planalto. “Não queremos correr o risco de parecer que estamos dispostos a tudo para chegar ao segundo turno. Campos está se tornando cada vez mais conhecido pelo eleitor e o fator Marina ainda não entrou nesta posição. Quando isso acontecer, a situação será outra”, disse em reserva uma outra fonte do PSB.

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Pelo sim, pelo não, o senador Aécio Neves apressou-se em dizer, nesta sexta-feira (2), durante sua participação no Fórum de Comandatuba, na Bahia, que não vê Campos como seu adversário na disputa pela Presidência da República. “Não consigo ver o Eduardo como adversário. Somos companheiros do mesmo sonho, queremos a mesma coisa”, disse. “Não vejo como, a partir de 2015, não estaremos eu, Campos e Marina no mesmo projeto de País”, completou.

Coube à ex-senadora rechaçar a aproximação do tucano. Segundo ela, existem diferenças profundas entre os programas de governo do PSB e do PSDB. “Não vi ele falar claramente que se dispõe a manter as conquistas sociais. Não vi dizer que independente dos partidos quer fazer uma governabilidade programática, recrutando os melhores de todos os partidos”, disse Marina Silva.

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Somente o tempo e as próximas pesquisas dirão se a fala da ex-senadora é um indicativo de que a estratégia do PSB em evitar bater de frente com o PSDB será alterada ou não. 

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