Tereza Cruvinel: silêncio de Dilma já incomoda o PT

"Trancada em copas, Dilma vê o mercado financeiro aplaudir as medidas de Levy, a oposição acusá-la de cometer estelionato eleitoral e a mídia festejar os pipocos no setor elétrico. E enquanto isso, o juiz Sergio Moro e os procuradores da Operação Lava Jato mantêm o país prisioneiro dos próximos passos", diz a jornalista Tereza Cruvinel, colunista do 247; segundo ela, o "mutismo de Dilma" sobre o ajuste cria desconforto no PT e já alimenta o chamado "fogo amigo"; "A indigestão popular com o arrocho, combinada com o estresse dos aliados políticos e a ofensiva dos adversários pode resultar numa mistura bem azeda", completa

"Trancada em copas, Dilma vê o mercado financeiro aplaudir as medidas de Levy, a oposição acusá-la de cometer estelionato eleitoral e a mídia festejar os pipocos no setor elétrico. E enquanto isso, o juiz Sergio Moro e os procuradores da Operação Lava Jato mantêm o país prisioneiro dos próximos passos", diz a jornalista Tereza Cruvinel, colunista do 247; segundo ela, o "mutismo de Dilma" sobre o ajuste cria desconforto no PT e já alimenta o chamado "fogo amigo"; "A indigestão popular com o arrocho, combinada com o estresse dos aliados políticos e a ofensiva dos adversários pode resultar numa mistura bem azeda", completa
"Trancada em copas, Dilma vê o mercado financeiro aplaudir as medidas de Levy, a oposição acusá-la de cometer estelionato eleitoral e a mídia festejar os pipocos no setor elétrico. E enquanto isso, o juiz Sergio Moro e os procuradores da Operação Lava Jato mantêm o país prisioneiro dos próximos passos", diz a jornalista Tereza Cruvinel, colunista do 247; segundo ela, o "mutismo de Dilma" sobre o ajuste cria desconforto no PT e já alimenta o chamado "fogo amigo"; "A indigestão popular com o arrocho, combinada com o estresse dos aliados políticos e a ofensiva dos adversários pode resultar numa mistura bem azeda", completa (Foto: Leonardo Attuch)


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Por Tereza Cruvinel

Dilma Rousseff está devendo uma palavra ao povo brasileiro sobre os rumos de seu segundo governo e os sacrifícios que vêm sendo anunciados todos os dias: restrições na concessão do seguro-desemprego e no auxílio saúde do INSS, aumento dos juros para os empréstimos pessoais, volta da Cide e aumento do PIS-Cofins sobre a gasolina, com impacto sobre o custo dos transportes, veto ao reajuste da tabela do imposto de renda e aumento do IPI sobre cosméticos. E pelo andar da carruagem, não vão parar por aí.  Uma coisa é pedir ao povo que aguente os sacrifícios porque eles são necessários agora para que venham dias melhores lá na frente. Outra coisa é abrir a caixa de maldades econômicas e trancar-se em copas sem dar satisfações e despertar esperanças. Ainda mais depois de ter esconjurado, na campanha, a “volta ao passado” que estaria sendo urdida pelo adversário Aécio Neves ao defender um ajuste fiscal que não seria essencialmente diferente.

O mutismo de Dilma sobre o ajuste e os rumos de seu segundo governo, muito mais do que o próprio teor das medidas – que para alguns eram mesmo necessárias, para outros podiam ter sido mais amenas e para outros ainda são um completo equívoco – é que está incomodando o PT e atiçando o fogo amigo que começou a subir esta semana. A Fundação Perseu Abramo publicou críticas em seu boletim, o ex-ministro José Dirceu previu a recessão em seu blog e petistas de diferentes correntes vêm atacando as medidas que contrariam “o projeto do partido”.

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O ex-presidente Lula engoliu a escolha de Levy e não fez qualquer crítica pública mas, segundo amigos, também acha que Dilma erra ao não dar satisfações.  Ele mesmo fez um ajuste duro no primeiro ano de governo, com Pallocci na Fazenda, mas sempre dizendo que o governo precisava por ordem na casa para criar condições favoráveis à retomada do crescimento, com distribuição de renda e inclusão dos mais pobres na cadeia de consumo. Sabe-se que ele aconselhou Dilma a fazer isso em seu discurso de posse. Ela preferiu um discurso mais técnico e ufanista, que passou de relance sobre o ajuste. ““Mais que ninguém, sei que o Brasil precisa voltar a crescer. Os primeiros passos desta caminhada passam por um ajuste nas contas públicas, um aumento na poupança interna, a ampliação do investimento e a elevação da produtividade da economia, Assim como provamos que é possível crescer e distribuir renda, vamos provar que se pode fazer ajustes na economia sem revogar direitos conquistados ou trair compromissos sociais assumidos”, disse ela no Congresso. Faltou apontar os rumos de médio prazo do governo, despertando aquela chama de esperança que ajuda a suportar os sacrifícios.  Faltou dizer claramente o que acontecerá com os programas que alimentaram sua popularidade no primeiro mandato, como o Minha Casa, Minha Vida ou o Pronatec, e apontar para outras iniciativas que poderão vir depois do ajuste.

Trancada em copas, Dilma vê o mercado financeiro aplaudir as medidas de Levy, a oposição acusá-la de cometer estelionato eleitoral e a mídia festejar os pipocos no setor elétrico. E enquanto isso, o juiz Sergio Moro e os procuradores da Operação Lava Jato mantêm o país prisioneiro dos próximos passos.  As empreiteiras atingidas, responsáveis por grandes obras em curso no país, já sentem os sinais de estrangulamento. Pelo menos uma já pediu recuperação judicial. Empresários de outras áreas adiam investimentos temendo cair em arapucas parecidas. O Congresso, temendo a lista de acusados, não diz uma palavra, através de seus líderes e dirigentes, sobre os excessos da operação que vem prolongando prisões preventivas para arrancar delações premiadas. Está dando certo. Já começou a narrativa de que tudo se resume a um esquema para bancar o projeto de poder do PT e comprar aliados no Congresso. Como se as empreiteiras tivessem sido obrigadas a ganhar milhões com contratos superfaturados e  operadores como Yousseff e Paulo Roberto Costa não tivessem embolsado, para si,  aquelas propinas de valores estonteantes.  Os mais experientes advogados advertem: este espetáculo é de longa duração, não acaba antes de três anos. Ou seja, vai atravessar o segundo governo Dilma.  A indigestão popular com o arrocho, combinada com o estresse dos aliados políticos e a ofensiva dos adversários pode resultar numa mistura bem azeda.

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