Celso Amorim: militares controlam os excessos de Bolsonaro

Para o ex-chanceler e ex-ministro da Defesa, é preferível que os integrantes das Forças Armadas permaneçam no governo; "Sair para quê? Vão fazer uma revolução contra? Vão chamar o PT, o PCdoB, quem para governar? Não vão. Prefiro ter eles lá"; à TV 247, ele diz ainda não acreditar numa ascensão dos militares à presidência; assista

Celso Amorim: militares controlam os excessos de Bolsonaro
Celso Amorim: militares controlam os excessos de Bolsonaro


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247 - Ex-ministro da Defesa e das Relações Exteriores, Celso Amorim defende a permanência dos militares no governo Bolsonaro a fim de que controlem os "excessos" do presidente. Em entrevista à TV 247, ele também comentou a crise militar no governo e o embate entre o astrólogo e guru de Bolsonaro, Olavo de Carvalho, e o general Santos Cruz.

"Sair [do governo] para quê?", indagou, em referência aos militares. "Vão fazer uma revolução contra? Vão chamar o PT, o PCdoB, quem para governar? Não vão. Prefiro ter eles lá, como a situação é essa, e os processos políticos vão se desenvolvendo e, isso sim, você tem que ter mobilização em torno da Previdência e em torno da educação, e segurar e evitar os excessos. Acho que controlar os excessos está de bom tamanho".

Sobre uma possível ascensão dos militares à presidência, o ex-ministro disse não acreditar que essa escalada ocorrerá. "Eu acho que eles não querem e acho que isso não ocorrerá. Eles em uma autodeclarada missão de zelar pela estabilidade que eu, sinceramente, acho que não é bem o que deveria ser e que determinam certos comportamentos. Não sei quando chegar o momento em que eles acharem que certas coisas são exageradas, mas por enquanto eu vejo a coisa de uma maneira diferente, tentando ponderar".

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O diplomata também comentou as rusgas entre Olavo de Carvalho e o general Santos Cruz. "Com relação a esse Olavo de Carvalho eu também confesso que me espanto. Eu conheci, por exemplo, o general Santos Cruz relativamente bem porque ele foi nomeado como comandante da operação no Congo quando eu era ministro da Defesa, havia até uma certa resistência porque ele não era general de quatro estrelas e eu o banquei muito. Ele foi e teve muito sucesso em uma operação muito difícil, não foi uma operação de paz tradicional, foi uma operação de combate e eu vi a determinação com que ele enfrentava. Não deve estar sendo fácil para ele estar revelando, além de outras qualidades, um enorme sangue frio, muita paciência. O fato do Olavo de Carvalho ter recebido a Ordem do Rio Branco no mais alto grau, contrariando até os regulamentos da própria ordem, dentro desse quadro, você pode interpretar, quem sabe, que talvez esses elogios últimos do presidente a ele não são uma espécie de despedida".

Questionado sobre a relação dos governos do PT com as Forças Armadas, Celso Amorim relembrou os incentivos dados pelos governos à classe militar e a eficiência destes em eventos de grande porte no Brasil. "Como o Lula disse: 'quero entender o motivo dos militares não gostarem do PT', porque eles nunca tiveram uma situação tão boa, em todos os aspectos. Me lembro que houve um reajuste importante das Forças Armadas na época em que eu fui ministro e os militares, junto com os professores, foram os que tiveram maior aumento, 30%, o resto do funcionalismo público oscilou entre 15% e 20%. Havia sempre muito respeito por eles porque eles são muito efetivos e muito eficientes quando se precisa de algo organizativo, tiveram papel importante não só na segurança como também na organização de vários eventos que se realizaram no Brasil, como a vinda do Papa e Rio+20".

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Sobre a possível saída do ex-presidente Lula da prisão, Celso Amorim enfatizou a importância que seria dada por ele ao diálogo entre as classes brasileiras. "Certos setores têm muita preocupação com o Lula, não digo nem medo, mas preocupação de achar que ele vai galvanizar toda a oposição ao governo. De fato, vai, mas ele vai conduzir isso para um diálogo. O Lula é uma pessoa que entende a necessidade do diálogo para se governar. É possível encontrar uma solução para o Brasil e essa solução passa pelo diálogo em que todos esses temas sejam discutidos, debatidos pela sociedade. Acho que, para isso, é preciso que os pobres se sintam representados no diálogo".

O ex-ministro analisou também a situação da Venezuela que, recentemente, sofreu uma tentativa de golpe pelo presidente autoproclamado Juan Guaidó, opositor ao governo de Nicolás Maduro. Amorim criticou as possíveis intervenções militares dos Estados Unidos e do Brasil. "Existe uma insatisfação grande na Venezuela, isso é um problema que não é de agora. É uma sociedade muito dividida, uma sociedade que sempre tratou mal sua classe pobre, a Venezuela era um país rico e super desigual e é preciso dizer também que o presidente Chávez fez um governo voltado para as classes mais pobres. O que mais me preocupa é a admissão da intervenção militar, me preocupa quando é dito nos Estados Unidos, evidentemente, seria a primeira vez que os Estados Unidos interviriam militarmente, de forma direta, em um século, ou até mais, mas me preocupa mais quando eu ouço isso do Brasil. Isso é uma coisa que contradiz toda a diplomacia brasileira, desde do Barão de Rio Branco, e até de antes, que era tentar resolver seus conflitos pacificamente. O melhor papel para o Brasil, no momento, é ficar calado".

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Outro ponto abordado por Celso Amorim foi o cancelamento da ida de Bolsonaro para Nova York, onde receberia uma homenagem, a princípio, no Museu de História Natural. A visita foi vetada pela cidade e comemorada pelo prefeito nova-iorquino, Bill de Blasio. "Acho uma coisa muito importante, muito grave para o Brasil. O prefeito de Nova Iorque falou, não é uma coisa só de um grupinho ali de agitadores, o Museu de História Natural é um museu respeitadíssimo, vi inúmeras recepções no Museu de História Natural de países variados e não me lembro de nenhum escândalo parecido. Esse tipo de atitude você via com relação a países muito estigmatizados mas, de jeito nenhum, poderia esperar uma coisa dessas".

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