Neoliberalismo leva PSDB a dar tiro no próprio pé

Para um partido que precisa se reconstruir e, ao menos, ouvir o povo, como pede o ex-presidente Fernando Henrique, PSDB começa pelo caminho mais difícil; tríplice boicote comandado pelos governadores Anastasia (MG), Alckmin (SP) e Richa (PR) ao plano de redução do custo da energia defendido pela presidente Dilma é, na prática, indefensável

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Marco Damiani _247 – Para um partido que quer se reconstruir, se refundar ou, ao menos, se reaglutinar e, como pede o ex-presidente Fernando Henrique, voltar aos braços do povo, o PSDB escolheu uma primeira bandeira difícil de carregar. A tríplice aliança entre os governos tucanos de São Paulo, com Geraldo Alckmin que controla a Cesp, Minas Gerais, de Antonio Anastasia à frente da Cemig, e Beto Richa, no Paraná da Celpa, contra a iniciativa da presidente Dilma de reduzir o custo da energia tem tudo para não pegar bem. Uma nota assinada pelo presidente do PSDB, acusando o governo de "estelionato eleitoral", em razão da promessa não cumprida de queda acentuada nas tarifas, igualmente parece mais um verdadeiro tiro no pé do que um disparo no alvo desejado. Mesmo sem o apoio tucano, o certo é que, dentro de dois meses, estima-se, as tarifas de energia irão cair em cerca de 10%. Queria-se 20%, mas o resultado não pode ser considerado ruim.

Na guerra de comunicação que se trava entre o governo e o PSDB em torno da questão da energia, a explicação oficial de que a redução nas tarifas não irá ocorrer por um boicote político é muito mais simples de compreender do que as alegações tucanas de proteção aos acionistas das empresas de economia mista que seus governadores controlam. Mesmo para os que entrarem no debate mais amiúde proposto pelo tucanos, no entanto, ainda assim soa como mais forte a garantia do governo de que, com um a acordo, a inflação do próximo ano poderia ser reduzida em até um ponto e meio percentual. Esse ganho macroeconômico, divulgam as fontes oficiais, seria mais um forte elemento a contribuir para a política de redução de juros e estímulo ao crescimento.

Os tucanos não aceitam essas justificativas. O partido se uniu, na prática, em torno de uma direção para as companhias geradoras de energia em linha com a lógica do mercado. A de criação de receitas e produção de lucros e dividendos. Uma fórmula que tem prevalecido historicamente no Brasil, mas que a presidente Dilma, se não procura quebrar, tenta, com muita ênfase, ao menos acrescentar-lhe o elemento da missão social. O PSDB lembrou que seus governos baixaram as alíquotas do ICMS para as faixas mais populares de consumo de energia, o que, segundo a nota assinada por Guerra, os governos do PT fizeram. Ainda assim, soa como recado mais nítido o apelo social das medidas tentadas pela presidente Dilma do que as justificativas técnicas dos tucanos. O neoliberalismo econômico que o partido defende quase sempre de maneira tímida, nas últimas três eleições presidenciais não deu resultado algum. Por esse mesmo caminho, 2014 será mesmo um ano muito difícil, outra vez, para os tucanos.

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