Favelas denunciam “genocídio da juventude negra” em operações no Rio

"O que vem acontecendo nas favelas sistematicamente, considerado por diversas organizações do mundo, é o genocídio da juventude negra e favelada, que o governo e o Estado brasileiro não reconhece, mas é o que vem ocorrendo de forma sistemática pelo Estado brasileiro e cada vez aumentando mais com o cenário de crise", afirma o secretário-geral da Faferj (Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro), Fillipe dos Anjos

Ocupação militar favela no Rio
Ocupação militar favela no Rio (Foto: Giuliana Miranda)


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Da Sputnik Brasil

Após 10 dias de operações que somaram mortes de inocentes, inúmeros abusos e tiroteios, deixando 27 mil crianças sem aulas, a Sputnik Brasil ouviu o lado das comunidades, silenciado na mídia e na sociedade diante da ocupação das Forças Armadas nas favelas do Rio de Janeiro.

Com o aumento dos confrontos nas comunidades do Rio, vítimas inocentes da violência se multiplicam dia após dia e os moradores dessas áreas onde a Polícia, com apoio das Forças Armadas tem realizado operações surpresas para combater traficantes, estão vivendo como reféns e obrigados a mudar seus hábitos, para não se tornarem estatísticas da morte.

Sputnik Brasil conversou com exclusividade com o secretário-geral da Faferj (Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro), Fillipe dos Anjos, que classificou a política do Estado em relação à favelas como um "genocídio da juventude negra e favelada".

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"A situação hoje é crítica com essa intervenção militar que a gente está sofrendo. E a favela passa por um processo histórico que não vem de hoje. Infelizmente esse desgoverno que estamos vivendo hoje do PMDB optou pela opção da força, da violência na ocupação das favelas, inclusive com o uso das Forças Armadas", afirmou Fillipe dos Anjos.

"Mas o que vem acontecendo nas favelas sistematicamente, considerado por diversas organizações do mundo, é o genocídio da juventude negra e favelada, que o governo e o Estado brasileiro não reconhece, mas é o que vem ocorrendo de forma sistemática pelo Estado brasileiro e cada vez aumentando mais com o cenário de crise", frisou o secretário-geral da Faferj.

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Ele criticou a narrativa adotada por alguns veículos de comunicação e pela sociedade de que há uma guerra no Rio de Janeiro, atribuindo a violência à uma política do Estado.

"O dia-a-dia das pessoas está muito difícil. Você pode ver que a decisão pelo confronto da polícia afeta toda a comunidade. Infelizmente, boa parte da imprensa e da sociedade acredita numa política da guerra, de que há uma guerra no Rio de Janeiro. A gente na Faferj não concorda com essa questão da guerra", destacou.

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"As favelas nunca declararam guerra a ninguém. Nenhum favelado assinou nenhum termo declarando guerra contra o Estado. O que existe é um ataque do Estado devido à morte de um policial", disse.

"Lamentamos muito a morte do policial Bruno no Jacaré. Um policial muito valoroso, um policial que fazia um excelente trabalho, mas a comunidade não pode pagar pela morte desse policial e por essas operações", acrescentou Fillipe dos Anjos.

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Segundo ele, "já foram mais de 10 dias de operações, foram 7 moradores mortos, algumas drogas e algumas armas apreendidas e 27 mil alunos sem aula".

Nas últimas semanas confrontos estão acontecendo confrontos em pelo menos 9 comunidades das Zonas Norte e Baixada Fluminense: Complexo do Chapadão, Manguinhos/Benfica, Higienópolis, Maria da Graça, Rocha/Triagem, Jacaré/Jacarezinho, Complexo do Alemão, Del Castilho e Cachambi, regiões que foram alvos de operação no último domingo (20).

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O secretário-geral da Faferj questionou também a efetividade dessas operações e forma com que estão sendo implementadas. De acordo com ele, "a Faferj pauta que não se tenha operações policiais sem um mínimo de planejamento nessas localidades" e que "não tenha operações policiais no horário de entrada e saída das crianças da escola".

"A gente afirma categoricamente que não há guerra no Rio de Janeiro, a guerra é uma política da força, não há guerra no Leblon, não tem guerra em Copacabana, porque tem guerra no Jacaré? Por que uma criança de uma escola pública no Jacaré tem que ficar sem aula? A gente acredita que não é esse o caminho que o Estado deve tomar", concluiu.

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