Pesquisa mostra: Lula fura o cerco e começa a conquistar classe média

Mauro Lopes, editor do 247, escreve sobre a pesquisa Vox Populi divulgada nesta quinta (26): "Não tem pra ninguém. O prisioneiro de Curitiba aprisionou o coração do povo brasileiro". A pesquisa é taxativa: "a avalanche Lula é incontível; o país está inundado de Luiz Inácio"; há novidades nos números: Lula começa a conquistar grande apoio na classe média e cresce espantosamente entre os que ganham acima de 5 salários mínimos; e avança nas regiões onde era mais frágil 

Pesquisa mostra: Lula fura o cerco e começa a conquistar classe média
Pesquisa mostra: Lula fura o cerco e começa a conquistar classe média (Foto: Ricardo Stuckert)


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Os números da pesquisa do Instituto Vox Populi divulgados nesta quinta (26) revelam: a avalanche Lula é incontível; o país está inundado de Luiz Inácio. É importante ter em mente que o campo da pesquisa foi realizado entre 18 e 20 de julho, há uma semana; são números "quentinhos" e já incorporam o efeito da grotesca operação dos golpistas que impediu a libertação de Lula em 8 de julho. É como falávamos quando eu era criança: Lula 41% contra a rapa 29%. Não tem pra ninguém. O prisioneiro de Curitiba aprisionou o coração do povo brasileiro. Lula começa a ganhar espaço na classe média e cresce em todas as regiões do país.

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A conquista de um terço da classe média (Lula saltou de 23% em maio para 29% agora) tem grande repercussão, pois esse contingente da população tem laços com as instituições que são negados aos pobres -a grande base eleitoral de Lula na disputa até este momento. A adesão de um segmento importante das camadas médias começa a colocar uma pressão extra sobre as mídias conservadoras e o Judiciário, por exemplo, pois são as classes médias o público por excelência dos veículos de comunicação controlados pelas elites e ela tem laços de relacionamento e parentesco com integrantes do MP e do Judiciário que são inexistentes com os mais pobres -quando não são segmentos das classes médias os procuradores, procuradoras, juízes e juízas.  

Toda a estratégia do golpe está no chão: pensavam que trancá-lo numa cela fria no Paraná, isolado, sem comunicação direta com o povo, levaria Lula ao ostracismo. Qual nada. Quanto mais agridem Lula, quanto mais afundam o país na noite escura do assalto dos ricos contra os mais pobres, mais aflora o amor ao ex-presidente. A pesquisa foi divulgada no mesmo dia em que um dos mais respeitados líderes globais, o senador Bernie Sanders, com mais 28 deputados dos EUA apontaram o dedo contra o peito de Temer e toda a quadrilha e afirmaram em uma carta-manifesto dirigida ao governo brasileiro em defesa de Lula e da memória de Marielle Franco: "o principal objetivo de sua prisão é impedi-lo de concorrer nas próximas eleições" (leia a íntegra aqui).

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Como disse o embaixador Celso Amorim diplomata, ex-ministro dos governos Lula e Dilma, no programa "Brasil Primeiro" do também ex-ministro Aloisio Mercadante, na TV 247: "A maior desobediência civil é manter Lula liderando as pesquisas" (veja aqui). A frase, no mesmo dia 18 em que começava o campo da pesquisa, aponta para o centro do ânimo popular no país; as pessoas não estão saindo às ruas para protestar ou exigir a libertação de Lula, mas estão  expressando claramente nas pesquisas de opinião sua inconformidade com o status quo e seu apoio a Lula.

Os números da pesquisa são estonteantes. Eis alguns quadros com breves comentários:

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Faltando ainda 63 dias para o pleito, com seu nome censurado nas mídias conservadora de largo alcance no país (a começar pela Globo), exceto para difamá-lo, Lula tem mais de um terço (37%) do eleitorado mencionando espontaneamente seu voto nele. Neste tipo de questão não se apresenta nome algum, ou seja, a pessoa pode falar o que quiser. Pode apontar Pelé ou Neymar como seu preferido. Veja que Sérgio Moro, vendido pela imprensa de direita como herói nacional, tem 1%, ao lado de seu amigo Aécio Neves. Bolsonaro tem menos de um terço das menções de Lula e os demais estão na poeira. Lula tem 37% de menções espontâneas contra 27% de todos os demais somados. Importante: o campo da pesquisa foi de 18 a 20 de julho, portanto, já sedimentado o efeito do 8 de julho, quando uma articulação da elite jurídico-política do golpe impediu a libertação de Lula. Outro contexto: na noite de 19 de julho, o chamado "centrão" anunciou o fim das conversas com Ciro e o apoio a Alckmin. O assunto foi registrado com alarde e euforia pela mídia de direita de massa -quem entende de pesquisa sabe que o tempo não permitiria um impacto relevante nos resultados, com apenas um dia (20) de campo efetivo depois da notícia, mas vale a menção que Alckmin continua inexpressivo.

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Com a pesquisa estimulada (quando o pesquisador apresenta um cartão com os nomes dos candidatos) o resultado é muito impactante. 41% para Lula e 29% para a soma de todos os outros. Os números indicam que, no cenário atual, Lula venceria as eleições com algo como 60% dos votos válidos. Isso, registre-se, sem qualquer acesso aos meios de comunicação de massa. 

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Outro dado relevante: com sua dianteira brutal, Lula começa a tomar grande distância dos demais candidatos em todas as regiões do país, mesmo no Sudeste e Sul onde seu apoio é historicamente menor. Ciro tem uma performance desastrosa no Sudeste e não decola nem em sua região, o Nordeste. Bolsonaro tem uma base mais expressiva no sul e centro-oeste/norte (provavelmente mais no centro-oeste) mas está esmagado por Lula no Nordeste. Alckmin segue arrastando-se. Marina tem algum respiro na sua região (Norte), mas parece estar definhando. Álvaro Dias por enquanto é um candidato de dimensão apenas regional.

 Há um grande salto da preferência por Lula entre aqueles com renda familiar de mais de 5 SM (acima de R$ 4.770,00) de maio para julho. Se Lula já estava consolidado entre os mais pobres e os remediados do país, começa a ter grande apoio na classe média, indicando a claramente que ele -e mais ninguém- é capaz de reconciliar o país para que seu destino seja resolvido nos marcos da democracia e não sob a imposição de um governo classista truculento como o atual. 

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