O hotel oficial da Lava Jato

(Foto: Alex Solnik)


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Serra Pelada foi durante a década de 1980 o maior garimpo a céu aberto do mundo, de onde foram extraídas, oficialmente, 30 toneladas de ouro.

A extração começou em 1979, quando um pequeno sitiante, ao cavar um pé de bananeira, encontrou uma estranha pedra.

Em duas semanas, aventureiros de todo o Brasil ocuparam o garimpo, inaugurando a maior corrida do ouro do século XX.

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Em 21 de maio de 1980, quando já havia 30 mil garimpeiros na área, o governo militar decretou que todo o ouro encontrado deveria ser vendido à Caixa Econômica Federal.

A intervenção foi comandada pelo major Curió, torturador de presos políticos e assasino confesso de militantes da chamada Guerrilha do Araguaia.

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Nessa terra de ninguém muitos perderam a vida e uns poucos fizeram fortuna. Um deles se chamava Carlos Alberto Filgueiras.

Com o ouro de Serra Pelada, Filgueiras construiu, em 2000, o primeiro hotel-boutique de São Paulo, com apenas 56 quartos, onde a diária mais barata custa, hoje, em torno de 2 mil reais.

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Nesses quinze anos o Hotel Emiliano e seu proprietário foram citados centenas de vezes nas mais badaladas colunas sociais, graças à sua clientela estrelada, que ia do cantor Roberto Carlos à upermodel Gisele Bundchen, para citar apenas dois.

Esta semana passaram das colunas sociais às manchetes policiais com a morte de Filgueiras no acidente com seu avião, onde também viajava um de seus amigos do peito, o ministro do STF Teori Zavascki.

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A tragédia abriu a caixa de Pandora.

Revelou que o Emiliano era o hotel preferido não só do impoluto ministro Teori, relator da Lava Jato no STF, mas de políticos como o senador Renan Calheiros que, numa das ocasiões em que lá se hospedou recebeu, em seu quarto, o empreiteiro Ricardo Pessoa, que lhe entregou dinheiro de propina, conforme delatou à Lava Jato; de ministros de Estado como José Dirceu, outro hóspede vip do hotel e habitué da fazenda de Filgueiras em Paraty, antes de ser preso na Lava Jato; de advogados criminalistas como Nélio Machado, defensor de Paulo Roberto Costa, o primeiro delator da Lava Jato.

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Ou seja, era talvez o único lugar do Brasil onde réus, advogados e juízes da Lava Jato poderiam se encontrar sem testemunhas.

Porque todos eles preferiam se hospedar no Emiliano e não no Fasano, por exemplo, tão boutique quanto, tão chique e charmoso quanto e localizado a poucos metros, nos Jardins, o bairro mais parisiense de São Paulo é uma pergunta que só o tempo, ou talvez nem ele, poderá responder.

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