O AI-5 da Globo

"Como todo ato de censura, o decreto revela fraquezas de quem o impõe. O medo que a Globo tem das redes sociais parece ser maior do que supõe a vã filosofia, como vimos nos casos William Waack e Chico Pinheiro", avalia o jornalista e colunista do 247 Alex Solnik sobre a lei da mordaça interna da Globo; "A outra constatação é que a Globo não sabe conviver com o contraditório, prefere censurar a debater e todos os seus editoriais em defesa da democracia não valem um tostão furado"

O AI-5 da Globo
O AI-5 da Globo (Foto: Reprodução | Midia Ninja)


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Não satisfeita em autocensurar os conteúdos que seus jornalistas contratados ou colaboradores produzem diariamente para seus jornais, revistas, sites, rádios e emissoras de TV espalhados pela web e por todo o Brasil, a Globo decidiu ressuscitar o AI-5 e proibi-los de emitir opiniões nas redes sociais por meio de um decreto que baixou unilateralmente e que sujeita a demissão aquele que o desobedecer.

Como sabemos, mas a Globo prefere ignorar, a liberdade de expressão é garantida pelo artigo 5º. da constituição federal, cláusula pétrea que não pode ser revogada, mas que ela revogou internamente, implantando a censura em tempos democráticos.

O objetivo é claro: barrar opiniões diferentes das expressas em sua linha editorial, impondo voz única – a de seus donos - sob o pretexto de preservar a "isenção" e a "reputação" dos jornalistas e da empresa.

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Não sei como pode falar em preservar alguma reputação a organização que desde 1989 fustiga Luiz Inácio Lula da Silva de forma desproporcional em relação a outros políticos brasileiros e que, desde a redemocratização, tenta impor ao país diretrizes políticas e econômicas, como se fosse um partido político e não uma empresa jornalística, ao mesmo tempo em que mantém monopólio da informação ao arrepio da lei.

A decisão não chega a ser surpreendente, já que a Globo apoiou e defendeu o AI-5 da ditadura militar, decretado a 13 de dezembro de 1968 e que determinou a implantação da censura jornalística e artística no Brasil, além de fechar os partidos e cassar adversários do regime.

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Num dos pontos mais humilhantes do Ato Institucional da Globo, o texto sugere que, na dúvida entre publicar ou não alguma coisa nas redes sociais, o funcionário consulte a chefia, como se ele não tivesse condições de tomar decisões por si mesmo.

E determina que as chefias levem os casos de desobediência à direção da organização, para julgamento sumário.

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As precauções não se restringem ao campo político. Também há uma recomendação explícita para os funcionários não apontarem falhas em produtos ou criticarem empresas, mesmo que tenham sido prejudicados por elas.

O veto é fácil de entender. Qualquer produto ou empresa já foi, é ou poderá ser anunciante de alguma empresa da Globo.

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Como todo ato de censura, o decreto revela fraquezas de quem o impõe. O medo que a Globo tem das redes sociais parece ser maior do que supõe a vã filosofia, como vimos nos casos William Waack e Chico Pinheiro.

Se elas fossem inócuas não teriam de ser tão estritamente vigiadas.

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A outra constatação é que a Globo não sabe conviver com o contraditório, prefere censurar a debater e todos os seus editoriais em defesa da democracia não valem um tostão furado.

Se vier outro AI-5, não há dúvida, a Globo vai apoiar de novo.

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