Haddad tem que bater mais

"Haddad só vai vencer se convencer ao menos 9 milhões dos 12 milhões de eleitores que aderiram ao adversário no segundo turno de que fizeram a escolha errada e a migrarem para ele. Não tem outra alternativa", avalia o jornalista e colunista do 247 Alex Solnik; "E ele só vai conseguir isso apelando mais para a emoção que para a razão, usando mais sentimentos do que argumentos para desmascarar seu adversário. Ele precisa mostrar seus monstruosos defeitos e o mal que fará a todos se o elegerem. Com toda a ênfase que o momento exige"

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Eu me lembro bem. Ninguém duvidava que o empresário Antônio Ermírio de Moraes ganharia a eleição para o governo de São Paulo de 1986. Estava praticamente eleito. Logo que a campanha na TV começou, porém, seu adversário, Orestes Quércia trombeteou que um bebê-peixe (uma criança com escamas) havia nascido devido à poluição por mercúrio de um rio da Bahia provocada por uma fábrica de Antônio Ermírio.

Não mostrou foto. Apenas um desenho muito mal feito. Com a desculpa de não expor a mãe do "bebê de Rosemary".

A acusação era tão grotesca e sem credibilidade que Mauro Salles, chefe da campanha do empresário não deu bola; achou que aquilo viraria contra o caluniador. Não passava um dia sem Quércia falar no tal bebê-peixe e Mauro Salles continuava rindo daquilo tudo.

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Somente um mês depois, quando Quércia passou Antônio Ermírio nas pesquisas, o marqueteiro acordou. Não deu mais tempo. Quércia ganhou porque bateu forte no adversário que estava com a eleição praticamente ganha.

Em 1989, Fernando Collor só ganhou a eleição apelando para o mesmo expediente. Jogando sujo. Contratou uma ex-namorada do adversário para dizer que ele quis abortar a filha que teve com ele. Fez o papel do vilão, do acusador. Mentiu. E ganhou.

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Em 2014, Marina estava crescendo demais e ameaçou a liderança de Dilma, até que o marqueteiro João Santana pôs no ar um comercial de filme de terror em que Marina era acusada de tirar prato da comida da mesa dos brasileiros devido à sua aliança com o capital internacional. Santana foi acusado de tudo quanto foi nome. Mas deu certo. Ela não foi ao segundo turno.

São apenas três exemplos, mas há muitos outros. Quando um candidato precisa tirar muitos votos do outro em pouco tempo tem que bater nele com força e precisão. Tem que achar seu calcanhar de Aquiles e bater nele sem dó. Não tem outro jeito.

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A essa altura, Bolsonaro tem 58% do eleitorado e Haddad 42%. Não há mais eleitores disponíveis. Há os comprometidos com ele e os comprometidos com o outro.

Portanto, Haddad só vai vencer se convencer ao menos 9 milhões dos 12 milhões de eleitores que aderiram ao adversário no segundo turno de que fizeram a escolha errada e a migrarem para ele.

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Não tem outra alternativa.

São 9 milhões porque cada ponto percentual corresponde a 1 milhão de votos válidos e ele precisa tirar 9 pontos do outro para que caia a 49%.

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E ele só vai conseguir isso apelando mais para a emoção que para a razão, usando mais sentimentos do que argumentos para desmascarar seu adversário. Ele precisa mostrar seus monstruosos defeitos e o mal que fará a todos se o elegerem. Com toda a ênfase que o momento exige.

Bolsonaro está na frente jogando sujo e contando mentiras, tal como fizeram Quércia e Collor. Não adianta dizer apenas que ele está mentindo, Quércia e Collor também mentiram e ganharam. É preciso algo mais.

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A cara de bonzinho não pegou nessa eleição porque as pessoas estão preocupadas com assaltos e tudo o mais e acham que só alguém com cara de mau vai protegê-los deles.

Estão errados, é claro, mas quando descobrirem que precisam de alguém para protegê-los de quem esperavam proteção, será tarde demais.

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