O tempo caminha para frente e não tem volta, tá ok?

Na opinião do jornalista Alex Solnik, "todos os anos nos iludimos com a certeza de que estamos comemorando a chegada do ano novo, mas o que vai chegar é um ano mais velho: a Terra estará um ano mais velha, nós estaremos um ano mais velhos (cada qual no seu mês de nascimento), a nossa casa ficará mais velha, os nossos móveis, os nossos utensílios domésticos, os nossos gatos, os nossos celulares, a árvore em frente à nossa casa"

O tempo caminha para frente e não tem volta, tá ok?
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Por Alex Solnik, colunista do 247 e membro do Jornalistas pela Democracia

Quando eu era criança, lá em Drogobytch, uma cidadezinha da Ucrânia próxima à fronteira com a Polônia, uma das coisas que me intrigava era os adultos dizerem que no primeiro dia de janeiro começa um ano novo.

"Como assim"? eu pensava "se eu saio na rua e não vejo diferença alguma: o céu é o mesmo, com suas nuvens de variadas formas, o sol não mudou nadinha, as calçadas são as mesmas do dia 31 de dezembro, ou seja, é um dia como outro qualquer".

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Até hoje tenho essa mesma sensação. Não vejo diferença entre o 31 de dezembro e o 1º. de janeiro. É um dia depois do outro, apenas isso. Não dou bola para essa história de "passagem de ano", "réveillon", essa excitação de "onde você vai passar o dia 31"? de usar calcinha de tal cor (as mulheres), saltar sete ondinhas (unissex).

Os caricaturistas seguem uma tradição na passagem de ano: sempre retratam o ano anterior como um velhinho metido numa camisola, alquebrado, deprimido, de longas barbas brancas, apoiado numa bengala. Já o ano seguinte é um bebê gordinho, sorridente, saltitante e esperançoso.

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"Adeus ano velho, feliz ano novo" – diz a famosa canção de David Nasser e Francisco Alves.

Na passagem deste ano, o velhinho vai ostentar a faixa "2018" e o bebê, "2019".

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Ora, não é preciso ser um grande matemático para concluir que isso não faz sentido: 2019 é um número maior que 2018, e se 2019 vem depois de 2018 na ordem cronológica, é um ano mais velho que o anterior, e não mais novo.

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O correto, portanto, seria dizer que estamos entrando num ano mais velho. Essa é a realidade que escondemos de nós mesmos.

Todos os anos nos iludimos com a certeza de que estamos comemorando a chegada do ano novo, mas o que vai chegar é um ano mais velho: a Terra estará um ano mais velha, nós estaremos um ano mais velhos (cada qual no seu mês de nascimento), a nossa casa ficará mais velha, os nossos móveis, os nossos utensílios domésticos, os nossos gatos, os nossos celulares, a árvore em frente à nossa casa.

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O mundo fica mais velho a cada ano e nós achamos que fica mais novo, essa é a ilusão que cultivamos com muito enlevo e satisfação e que não nos deixa desistir.

Fazer de um ano mais velho um novo ano é o grande desafio que enfrentamos a cada 365 dias.

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Seja ano novo ou ano mais velho, de uma coisa o calendário nos dá certeza: o tempo caminha para frente e não tem volta, tá ok?

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