Reorganização na esquerda enfraquece golpe

Para o colunista Breno Altman, "o fato mais importante da semana passada, apesar da importante decisão regulatória do STF sobre o processo de impeachment e a queda de Joaquim Levy, foi a forte mobilização em defesa da legalidade democrática"; "Seria prematuro afirmar que a esquerda esteja virando o jogo a seu favor, na longa disputa que divide o país. Mas é fato que a perspectiva de impedimento presidencial, moldado por armações antidemocráticas, vai disseminando sentimento de resistência ao retrocesso e ao atropelo institucional", afirma; "Não se trata de apoiar o governo Dilma contra seus oponentes, mas de defender a democracia contra seus inimigos", completa; leia a íntegra

Para o colunista Breno Altman, "o fato mais importante da semana passada, apesar da importante decisão regulatória do STF sobre o processo de impeachment e a queda de Joaquim Levy, foi a forte mobilização em defesa da legalidade democrática"; "Seria prematuro afirmar que a esquerda esteja virando o jogo a seu favor, na longa disputa que divide o país. Mas é fato que a perspectiva de impedimento presidencial, moldado por armações antidemocráticas, vai disseminando sentimento de resistência ao retrocesso e ao atropelo institucional", afirma; "Não se trata de apoiar o governo Dilma contra seus oponentes, mas de defender a democracia contra seus inimigos", completa; leia a íntegra
Para o colunista Breno Altman, "o fato mais importante da semana passada, apesar da importante decisão regulatória do STF sobre o processo de impeachment e a queda de Joaquim Levy, foi a forte mobilização em defesa da legalidade democrática"; "Seria prematuro afirmar que a esquerda esteja virando o jogo a seu favor, na longa disputa que divide o país. Mas é fato que a perspectiva de impedimento presidencial, moldado por armações antidemocráticas, vai disseminando sentimento de resistência ao retrocesso e ao atropelo institucional", afirma; "Não se trata de apoiar o governo Dilma contra seus oponentes, mas de defender a democracia contra seus inimigos", completa; leia a íntegra (Foto: Breno Altman)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

O fato mais importante da semana passada, apesar da importante decisão regulatória do STF sobre o processo de impeachment e a queda de Joaquim Levy, foi a forte mobilização em defesa da legalidade democrática.

Movimentos populares, entidades sindicais e partidos políticos do campo progressista conseguiram, pela primeira vez desde 2013, colocar mais gente nas ruas que as forças conservadoras.

O comparecimento à jornada do dia 16 de dezembro bateu, com folga, as falanges que marcaram presença no dia 13. O placar fechou em 250 mil vermelhos contra 65 mil azuis.

continua após o anúncio

O destaque ficou por conta da quantidade de cidades envolvidas, mais de quarenta, e a intensa participação da juventude, boa parte de forma espontânea e sem estar integrada às organizações tradicionais.

De alguma forma, reaviva-se o clima do segundo turno das presidenciais de 2014.

continua após o anúncio

Seria prematuro afirmar que a esquerda esteja virando o jogo a seu favor, na longa disputa que divide o país. Mas é fato que a perspectiva de impedimento presidencial, moldado por armações antidemocráticas, vai disseminando sentimento de resistência ao retrocesso e ao atropelo institucional.

A resposta oferecida a essa situação tem sido decisiva.

continua após o anúncio

Não se trata de apoiar o governo Dilma contra seus oponentes, mas de defender a democracia contra seus inimigos.

Esta é narrativa que vem permitindo unificar, em uma mesma corrente de mobilização, da ortodoxia governista a parcelas consideráveis da oposição de esquerda, passando por amplos setores da sociedade que mergulharam no desalento após as eleições de 2014, frustrados pela guinada à direita do segundo mandato da presidente reconduzida.

continua após o anúncio

Não é à toa o caráter autônomo das manifestações, convocadas por coalizões de movimentos nas quais partidos de governo — como o PT e o PC do B — exercem papel secundário, abrindo espaço para um novo pacto de unidade e ação no bloco progressista.

A ferramenta mais interessante desta empreitada talvez seja a Frente Brasil Popular. Organizadora principal do 16D, está se consolidando como sujeito relevante no intrincado tabuleiro político do país.

continua após o anúncio

Nascida fora da lógica eleitoral, possui liberdade para combinar defesa da democracia com forte ativismo pela mudança programática do governo e sua composição ministerial.

Com o advento da FBP, em conjunto com outras alianças do gênero, a esquerda recupera chance de se emancipar do papel de apêndice da institucionalidade, readquirindo protagonismo na disputa dos rumos de uma administração policlassista e pluripartidária.

continua após o anúncio

Outras legendas também compõem a frente, além de petistas e comunistas, mas sua agenda não está pautada pela dinâmica das urnas.

O objetivo fundamental desta iniciativa, ao menos na etapa atual, é reorganizar forças na sociedade que sejam capazes de criar novas condições para a construção da hegemonia dos trabalhadores sobre o processo político, de fora para dentro do Estado.

continua após o anúncio

Apenas três meses de fundada, a Frente Brasil Popular revelou poder de fogo em sua avant-première.

Certamente não foi a única responsável pela mobilização multitudinária da última quarta-feira, mas sua orientação política passou vitoriosamente por importante teste.

Ao associar a campanha contra o golpe à crítica da política econômica, mesclando ambas posições à reivindicação de degola do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, estabeleceu programa mínimo necessário para unir, de forma generosa, o conjunto do campo progressista.

O conservadorismo contava com a paralisia da esquerda, desnorteada e dividida pelas decisões adotadas pelo governo em 2015, mas foi surpreendido por sua capacidade de reinvenção, no momento mais decisivo da escalada antidemocrática.

Também a presidente exibe sinais, embora tímidos, de compreender que não haverá saída positiva para a crise sem restabelecer conexão com as bases sociais que permitiram sua reeleição, o que depende de redirecionamento robusto das políticas de governo.

A audiência da chefe de Estado com uma delegação da FBP, no dia seguinte às mobilizações, expôs a essência do problema: as forças que defendem a legalidade de seu mandato também reivindicam programa de emergência para a retomada do crescimento econômico, a proteção do emprego e a recuperação da renda familiar, com diminuição da taxa de juros e retomada do investimento público.

A presidente foi solicita e atenciosa, buscou dialogar com críticas e demandas, mas ainda não parece decidida sobre o caminho a tomar diante da encruzilhada na qual está paralisada sua gestão.

O cenário, portanto, ainda é turvo e perigoso.

O golpismo viveu, de toda maneira, sua pior semana, ao mesmo tempo em que o Palácio do Planalto resolveu suspender, ainda que tropegamente, a linha de recuo desordenado que estava em vigência desde janeiro.

A contribuição das manifestações populares do dia 16 na reconfiguração da situação política não deve ser menosprezada.

O impeachment está mais distante, ainda que a ameaça continue real e visível.

O deputado Eduardo Cunha está subindo lentamente a escada para o patíbulo.

Joaquim Levy já não é mais ministro, mesmo que sejam muitas as dúvidas do que se passará com a política econômica.

Não é nada, não é nada, já é alguma coisa.

Para as forças progressistas, o ano termina um pouco melhor do que começou.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247