Dilma abre o jogo e disputará Senado por Minas

"Enfim, a ex-presidente Dilma Rousseff falou. E falou o que o PT mineiro queria ouvir. Foi na noite de quinta-feira, 28, que Dilma falou pela primeira vez que será candidata ao Senado por Minas Gerais", diz o colunista Carlos Lindenberg; "Se o senador Aécio Neves será também candidato ao Senado? Se depender dos tucanos, não. O que deixa os mineiros sem a reedição da campanha de 2014 em que Dilma derrotou Aécio e deu o poder em Minas ao PT"

Dilma abre o jogo e disputará Senado por Minas
Dilma abre o jogo e disputará Senado por Minas (Foto: Ricardo Stuckert)


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Enfim, a ex-presidente Dilma Rousseff falou. E falou o que o PT mineiro queria ouvir. Foi na noite de quinta-feira, 28, que Dilma falou pela primeira vez que será candidata ao Senado por Minas Gerais. Até então, a ex-presidente, que transferiu seu domicílio eleitoral para Belo Horizonte, onde nasceu, em abril, não havia falado sobre a possibilidade de candidatar-se ao Senado ou a qualquer outro cargo. Dilma seguia o aconselhamento de Lula e demais dirigentes petistas para transferir o título para Belo Horizonte e não se manifestar sobre o que faria, coisa que ela cumpriu à risca.

Na verdade, essa era uma estratégia do governador Fernando Pimentel que pensava em atrair como candidato ao Senado o deputado Adalcléver Lopes, presidente da Assembleia Legislativa mineira. Adalcléver, no entanto, desconfiou de que sua posição de candidato único ao Senado, na chapa de Pimentel, estava ameaçada e foi a Brasília conversar com a presidente do PT , Gleisi Hoffmann, que negou a possibilidade de Dilma sair candidata ao Senado. O presidente da Assembleia não acreditou nem mesmo na nota divulgada pela senadora e resolveu, a partir daí, a se movimentar em duas direções: na primeira passou a defender candidatura própria do MDB ao Palácio da Liberdade; e a segunda foi mais forte: Adalcléver aceitou o pedido de impeachment do governador Fernando Pimentel, feita por um desconhecido advogado, criando assim uma crise sem precedentes entre o Executivo e o Legislativo mineiros – logo o MDB que praticamente coonestou todos atos de Pimentel na Assembleia. O pedido de impeachment, até pelo inusitado, não andou, mas está na mão de Adalcléver como a metáfora da espada nas mãos de Dâmocles – o personagem de Ovídio.

A movimentação de Adalcléver obrigou o governador Pimentel, candidato à reeleição, a uma série de manobras para suprir a inexplicável ausência do antigo parceiro. Uma delas foi a reaproximação com o PC do B, que vinha conversando com outras legendas, a outra é uma tentativa de fazer do também candidato ao governo, ex-prefeito Márcio Lacerda (PSB), vice na chapa de Ciro Gomes (PDT), retirando-o da disputa em Minas em troca da retirada em Pernambuco da candidatura ameaçadora de Marília Arraes, neta do lendário sertanejo, que ameaça os planos do governador Paulo Câmara, PSB, à reeleição. Nesta semana, o PSB anunciou finalmente que vai apoiar Ciro, o que pode mexer com a política mineira, como deseja Pimentel, polarizando a disputa em Minas novamente entre o PT e o PSDB, como há mais de 16 anos.

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À espera da definição de Adalcléver, que ainda não disse nada, a não ser colocar seu nome como um dos três postulantes do MDB ao governo – os outros são o vice-governador Antônio Andrade e o deputado federal Leonardo Quintão – Pimentel acabou perdendo precioso tempo para avançar na composição de sua chapa, coisa de que se aproveitou o senador Antônio Anastasia, autor do relatório que derrubou Dilma e uma espécie de irmão siamês do ainda senador Aécio Neves, para montar o seu time com o deputado Marcos Montes, da bancada ruralista na Câmara Federal, como vice, e nesta semana com o ex-presidente da Assembleia, Dinis Pinheiro, ao Senado. Anastasia espera ainda a decisão do deputado Rodrigo Pacheco, DEM, e pré-candidato ao governo para saber se pode ou não contar com ele para o Senado, formalizando assim a chapa tucana – se Pacheco, que depende da candidatura de Rodrigo Maia não decidir logo, ele lança do radialista Carlos Viana, no lugar de Pacheco e apresenta ao eleitorado um nome absolutamente novo em matéria de política.

Na sua primeira entrevista em que disse que será candidata ao Senado, Dilma Rousseff, preferiu sair alegremente de uma pisada no pé que lhe deu, no mesmo dia, de manhã, o seu adversário Dinis Pinheiro. Para o candidato ao Senado na chapa de Anastasia, mineiro vota em mineiro, e que Dilma chegou a Minas de paraquedas, ao transferir seu título eleitoral para Belo Horizonte, onde, além de ter nascido, fez o curso secundário no tradicional Colégio Estadual, onde conheceu e de quem se tornou amigo e parceiro de luta armada do governador Fernando Pimentel, de cuja chapa agora fará parte. Mas ao ser perguntada quinta-feira sobre o pisão de Pinheiro, Dilma não vacilou: - sou do mundo, sou de Minas Gerais, evocando uma canção imortalizada por Milton Nascimento. E deixou o salão sob aplausos da galera! Não sem antes prometer colocar em confronto, durante a campanha, o projeto que defende, de inclusão social, e o dos adversários, essencialmente neoliberal. Se o senador Aécio Neves será também candidato ao Senado? Se depender dos tucanos, não. O que deixa os mineiros sem a reedição da campanha de 2014 em que Dilma derrotou Aécio e deu o poder em Minas ao PT.

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