O liberalismo, refúgio da ignorância

O sociólogo e colunista do 247 Emir Sader critica quem faz defesa do liberalismo, especialmente na conjuntura brasileira; "Ser liberal hoje, ainda mais no Brasil, é esconder-se da realidade concreta, do país que tivemos até há poucos anos, com menos desigualdade, menos injustiça, e referendar este Brasil de hoje, de abandono, de miséria, de desintegração social. Buscar refúgio no liberalismo hoje é demonstração de ignorância, de negação da realidade concreta do Brasil e do mundo", diz Emir 

O sociólogo e colunista do 247 Emir Sader critica quem faz defesa do liberalismo, especialmente na conjuntura brasileira; "Ser liberal hoje, ainda mais no Brasil, é esconder-se da realidade concreta, do país que tivemos até há poucos anos, com menos desigualdade, menos injustiça, e referendar este Brasil de hoje, de abandono, de miséria, de desintegração social. Buscar refúgio no liberalismo hoje é demonstração de ignorância, de negação da realidade concreta do Brasil e do mundo", diz Emir 
O sociólogo e colunista do 247 Emir Sader critica quem faz defesa do liberalismo, especialmente na conjuntura brasileira; "Ser liberal hoje, ainda mais no Brasil, é esconder-se da realidade concreta, do país que tivemos até há poucos anos, com menos desigualdade, menos injustiça, e referendar este Brasil de hoje, de abandono, de miséria, de desintegração social. Buscar refúgio no liberalismo hoje é demonstração de ignorância, de negação da realidade concreta do Brasil e do mundo", diz Emir  (Foto: Emir Sader)


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Embora não houvesse muitas ilusões sobre o nível intelectual dos juízes brasileiros, os últimos tempos nos escandalizaram porque o baixo nível de formação desses juízes, inclusive os do STF, vieram à tona de maneira escandalosa. Já tínhamos visto juízes da Lava Jato confundir, promiscuamente, evangelismo com Estado de Direito. Outros mostrar desprezo por um trabalhador que perdeu um dedo como acidente de trabalho numa maquina.

Agora um juiz parece ter descoberto, já no final (esperamos) de sua carreira, o liberalismo. E foi passar vergonha no berço do liberalismo, a Inglaterra.

Parece que ele descobriu, encantado, que "os brasileiros estão viciados em Estado". Fez uma breve e torpe releitura da historia brasileira, mas tentar demonstrar que esse e' o problema do pais, e não a desigualdade social, os privilégios da casta dominante, não a violência, não a incompetência dos mecanismos jurídicos, não a hegemonia do capital financeiro, é mostra de suma ignorância. Não, nada disso. O principal problema do Brasil é o vicio dos brasileiros pelo Estado.

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Estranho, antes de tudo, que esse juiz não se olhe no espelho, não se dê conta que ele está entre a ínfima minoria de brasileiros que tem a possibilidade de se formar em direito em universidades publicas e cursar carreira de juiz. Menos ainda se dá conta dos salários de marajás que eles ganham, pagos pelo Estado, com os impostos dos trabalhadores, cujos filhos estão muito longe de ter acesso a serviços do Estado, como aqueles em que se formam os juízes. Tampouco lhe parece que o recebimento de auxílios moradia pelos juízes, sem necessita-los, para disfarçar aumentos de salario, seja um privilegio a que eles tem acesso, propiciado pelo Estado.

O mencionado juiz descobriu, tardiamente, a categoria de sociedade civil, que fez furor no plano teórico ha alguns séculos. Descobriu que o Estado é o repositório dos males da sociedade. Que o contraponto do Estado seria uma idílica sociedade civil, reino da liberdade, dos indivíduos, dos sonhos e dos desejos década um. Onde, aparentemente, não há corrupção, não há empresas privadas, não há sonegação, não há violência, não há desemprego, nem desigualdades sociais. Os males que temos viriam do maldito Estado.

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Nos perguntamos onde esse juiz se formou, a quem teve como professores, que livros ele leu? Como passou em concursos públicos, como uma visão tão bizarra do Estado e das sociedades. Nunca ouviu falar de capitalismo? Nem de imperialismo? Não desconfia que a tal sociedade civil apenas esconde o mercado, que é o seu sustento?

Mas, principalmente, não conhece o Brasil. Não sabe que, até o governo do Lula, éramos o pais mais desigual do continente mais desigual do mundo. Os vidros rayban dos seus carros, dirigidos por seus choferes, não lhe permite ver que os miseráveis tinham desaparecido das ruas e agora voltaram com tudo? Que as crianças voltaram a vender balas nos sinais?

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Em que mundo vivem os juízes brasileiros? Não conhecem o Brasil: crime capital. São aprovados em concursos em que não se pergunta sobre o Brasil. Não servem para serem responsáveis pelo Estado de Direito no Brasil.

Não sabem que o liberalismo está descansando nos museus? Não conhece o Estado de bem-estar social? Não sabe que o capitalismo foi menos egoísta quando foi menos liberal? E que a volta do liberalismo é a responsável pelos desastres sociais que vive o mundo hoje?

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Os liberalismos, na época histórica atual, assumem a forma do neoliberalismo, aquela visão que promove a centralidade do mercado, que concebe a sociedade como um amontoado de mercadorias, em que tudo tem preço, tudo se vende, tudo se compra. A visão que esta' levando o mundo a uma exacerbação das desigualdades, da exclusão social, da pobreza e da miséria.

Ser liberal hoje, ainda mais no Brasil, é esconder-se da realidade concreta, do país que tivemos até há poucos anos, com menos desigualdade, menos injustiça, e referendar este Brasil de hoje, de abandono, de miséria, de desintegração social. Buscar refúgio no liberalismo hoje é demonstração de ignorância, de negação da realidade concreta do Brasil e do mundo.

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