As três vias para a volta de Lula

Para o colunista do 247 Emir Sader existem três caminhos para que o ex-presidente Lula possa vencer o isolamento a que vem sendo submetido desde que foi submetido a uma prisão sem provas no âmbito da Lava Jato e, desta forma, retorne ao Planalto: a via democrática plena, como candidato, ser o maior cabo eleitoral de alguém comprometido com as forças progressistas e, por fim, a chamada via Peron; neste caso, seria lançado alguém com condições reais de vitória que, em seguida, convocaria novas eleições tendo Lula como candidato

São Bernardo do Campo SP 07 04 2018 O ex presidente Luiz Inacio Lula da Silva depois da missa no braço do povojanela do sindicato dos Metalurgicos do ABC Foto Paulo Pinto Fotos Publicas
São Bernardo do Campo SP 07 04 2018 O ex presidente Luiz Inacio Lula da Silva depois da missa no braço do povojanela do sindicato dos Metalurgicos do ABC Foto Paulo Pinto Fotos Publicas (Foto: Emir Sader)


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A paradoxal situação em que se encontra o país coloca para a oposição três alternativas para o retorno do Lula. Tudo isso, dado que as forcas golpistas tem um imenso desgaste pela falta de credibilidade do seu governo, pelas desastrosas consequências econômicas e sociais da sua política econômica e da ausência de qualquer candidato seu que possa ter um mínimo de possibilidades de disputa eleitoral.

Ao mesmo tempo, a direita usa a fundo as forcas com que conta: a perseguição judicial ao Lula, fazendo com que o Judiciário atue como um partido político, que tem o ex-presidente como seu inimigo político central, e cuja ação se restringe à manipulação de dispositivos legais totalmente indefensáveis para tentar impedir que o Lula seja candidato.

Usa, ao mesmo tempo, seu outro grande instrumento antidemocrático: o monopólio dos meios de comunicação e suas campanhas de acusações e desvirtuamento da situação do Lula e das forcas da oposição. Se vale ainda da maioria que ainda dispõe no Congresso para seguir dilapidando o patrimônio público, em especial o pré-sal.

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Nessas circunstâncias, que alternativas restam à oposição para derrotar o governo nas eleições deste ano, considerando que a liderança do Lula é indispensável para um novo triunfo das forcas democráticas e para a urgente reconstrução do país?

Em primeiro lugar, a via democrática plena, com o Lula registrado como candidato do PT à Presidência da República no dia 15 de agosto e o início da campanha eleitoral que demanda, obviamente, a liberdade do Lula para participar da campanha. Essa é a via que a direita mais trata de evitar, porque sabe que Lula triunfaria no primeiro turno, vitória que criaria as condições para uma virada radical na situação do país, a começar pelo referendo revogatório do pacote de medidas antissociais, antidemocráticas e antinacionais do governo golpista, assim como o fim da atual política econômica. Está em disputa sua capacidade de impedir a candidatura do Lula e sua liberdade.

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Em segundo lugar, caso consigam impedir o registro da candidatura do Lula, mesmo sem argumentos legais para fazê-lo, está a possibilidade do Lula se valer do fato de ser o grande eleitor, como as pesquisas confirmam sempre, e ele apontar um candidato para o qual ele transferirá toda a sua influência e para o qual fará campanha, onde quer que ele esteja. Esta alternativa se colocaria a partir de 15 de setembro, quando seria necessário o Lula definir os rumos da campanha.

A terceira, a que se denomina a via peronista, é aquela que o Peron utilizou para voltar ao governo, depois de ser deposto, de se ter exilado, enquanto os peronistas eram reprimidos. O próprio nome de Peron era proibido de ser mencionado e ele impedido de ser candidato. Nas eleições de julho de 1974, quando ele de novo foi proibido de se candidatar à presidência da Argentina, ele lançou seu mais fiel seguidor, Hector Campora, um dentista, considerado seu irmão, chamado de "tio", para representá-lo.

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Na campanha eleitoral, eu pude ver os muros de Buenos Aires pintados com lemas que deixavam claro o sentido do voto em Campora: "O voto por Campora, o poder para Peron", "O voto por Campora, a vida por Peron". Campora teve um triunfo espetacular e, dignamente, cumpriu com o objetivo da sua campanha, renunciando e convocando novas eleições, em que Peron triunfou com votação maior ainda.

Essa é a terceira via possível do retorno do Lula à Presidência do Brasil. O lançamento do candidato que ele definir, sua eleição, sua renúncia e convocação de novas eleições plenamente livres, em que Lula se candidatará e poderá voltar a governar o país.

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