Governo e oposição não buscam saídas para a crise

Para o jornalista Hélio Doyle, colunista do 247, "não há, por parte dos políticos, debate racional e qualificado, não há tentativa real de enfrentar a situação. Para um lado, o da oposição, a única preocupação é inviabilizar e derrubar o governo. Para o outro lado, o do governo, a única preocupação é sobreviver. Nenhum dos dois lados contribui efetivamente para a busca de um caminho de superação da crise, e a possibilidade de uma negociação política em bases republicanas não existe"; em novo artigo, ele aponta que "não vai levar a lugar nenhum o governo perdido em seus labirintos da velha política e da incompetência e as oposições fixadas apenas em recuperar seus espaços de poder com a derrubada do governo"

Para o jornalista Hélio Doyle, colunista do 247, "não há, por parte dos políticos, debate racional e qualificado, não há tentativa real de enfrentar a situação. Para um lado, o da oposição, a única preocupação é inviabilizar e derrubar o governo. Para o outro lado, o do governo, a única preocupação é sobreviver. Nenhum dos dois lados contribui efetivamente para a busca de um caminho de superação da crise, e a possibilidade de uma negociação política em bases republicanas não existe"; em novo artigo, ele aponta que "não vai levar a lugar nenhum o governo perdido em seus labirintos da velha política e da incompetência e as oposições fixadas apenas em recuperar seus espaços de poder com a derrubada do governo"
Para o jornalista Hélio Doyle, colunista do 247, "não há, por parte dos políticos, debate racional e qualificado, não há tentativa real de enfrentar a situação. Para um lado, o da oposição, a única preocupação é inviabilizar e derrubar o governo. Para o outro lado, o do governo, a única preocupação é sobreviver. Nenhum dos dois lados contribui efetivamente para a busca de um caminho de superação da crise, e a possibilidade de uma negociação política em bases republicanas não existe"; em novo artigo, ele aponta que "não vai levar a lugar nenhum o governo perdido em seus labirintos da velha política e da incompetência e as oposições fixadas apenas em recuperar seus espaços de poder com a derrubada do governo" (Foto: Hélio Doyle)


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Crise econômica e financeira grave. Denúncias diárias de corrupção. Governo claudicante e dividido, oposição radicalizada e sectária. População insatisfeita e de mau humor. Todos os ingredientes estão dados para impedir que o Brasil encontre uma saída, ainda que a longo prazo, para sair da situação em que se meteu. A quem interessa isso? Ao povo é que não é.

Não há, por parte dos políticos, debate racional e qualificado, não há tentativa real de enfrentar a situação. Para um lado, o da oposição, a única preocupação é inviabilizar e derrubar o governo. Para o outro lado, o do governo, a única preocupação é sobreviver. Nenhum dos dois lados contribui efetivamente para a busca de um caminho de superação da crise, e a possibilidade de uma negociação política em bases republicanas não existe.  

O sectarismo da oposição e a falta de competência do governo se refletem na progressiva deterioração das relações na sociedade. Sem que haja um confronto ideológico tão forte que justifique, ou muito menos uma situação de ruptura revolucionária, as pessoas perderam a noção da convivência entre os diferentes e demonstram, no dia a dia, ódios e raivas que só as desmerecem. Dos dois lados, diga-se. E com o militante incentivo de colunistas da ainda chamada grande imprensa.  

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Se o procurador-geral toma uma decisão contrária a um dos lados, é execrado por ele e elogiado pelo outro. Se no dia seguinte sua decisão é contrária ao lado que na véspera o elogiou, mudam-se os discursos. É só um exemplo do que acontece diariamente. Desenvolve-se um quadro de maniqueísmo em que cada lado se considera perfeito e acima de suspeitas, como se tudo de ruim fosse privilégio de um governo, de um partido ou de uma corrente política. E tudo de bom só tem do outro lado.

É em situações assim que cresce a mediocridade, visível no governo, no parlamento, nos tribunais, nas ruas. Como não há debate, não é preciso argumentar. Vale o discurso, ainda que vazio e demagógico. Até ministros do Supremo Tribunal Federal expelem declarações sem nenhuma preocupação de coerência e articulação do pensamento. Fazem discurso de palanque, como se fossem vereadores.

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Parte da oposição quer derrubar o governo agora, por impedimento ou renúncia. Parte quer desgastá-lo ao máximo para ganhar o poder em 2018. Parte da primeira parte quer que o vice-presidente assuma para renegociar um pacto de elites. Outra parte da primeira parte quer novas eleições, para aproveitar o rescaldo de 2014. Essas oposições não querem, na verdade, superar a crise. Querem agravá-la.

Já o governo parece não saber o que fazer. E tem de se falar também em partes do governo, porque, por mais que a presidente tenha a fama de durona, não consegue manter um governo unificado, caminhando no mesmo rumo. Prevalecem os interesses de cada partido que ocupa um pedaço da máquina, as idiossincrasias e interesses dos ministros e até do vice-presidente. Basta que seja anunciada alguma medida, as primeiras críticas e restrições partem de integrantes do próprio governo, aberta ou sem se identificar.

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Sem unidade de ação, não há governo que possa enfrentar uma crise dessas proporções e um movimento forte para derrubá-lo. O caso da CPMF é exemplar. O governo anuncia num dia, recebe as críticas da oposição e as dos que pretensamente deveriam apoiá-lo e desiste da medida dois dias depois.  

Não houve a possibilidade de se debater, com profundidade e racionalidade, a volta da CPMF e seu significado real. As reações dos empresários ganharam, naturalmente, o respaldo dos políticos e jornalistas que defendem seus interesses, por convicção ou dinheiro, e dos que se empenham em derrubar o governo a qualquer custo. O governo e os partidos que pretensamente o apoiam, como o PT, e os chamados movimentos sociais, nada fizeram para enfrentar o debate. Mas nem houve tempo, porque o governo, simples e vergonhosamente, recuou.

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Nesse quadro, não há como se falar em abrir na sociedade um debate real e qualificado sobre as saídas para a crise. Alguns até tentam, mas são sufocados pela radicalização e pelo sectarismo. Não basta ajustar as contas, com menos ou mais prejuízo para algum segmento da população. É preciso fazer mudanças estruturais que têm de ser discutidas amplamente, como as chamadas reformas do Estado, da política e do sistema eleitoral, do sistema tributário, da legislação trabalhista. Com diálogo e debate, cada setor da sociedade e cada pensamento político defendendo suas posições, mas se submetendo à decisão da população, que pode ser em eleições, plebiscitos e referendos.

O que não vai levar a lugar nenhum é o governo perdido em seus labirintos da velha política e da incompetência e as oposições fixadas apenas em recuperar seus espaços de poder com a derrubada do governo. O enfrentamento é necessário, a disputa pela hegemonia é legítima. Mas nas circunstâncias em que estamos, esse enfrentamento tem de ser de ideias e propostas consequentes, e não de discursos demagógicos e manifestações de ódio nas ruas.

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