Cunha desce, Dilma sobe

"A melhor notícia para o governo Dilma Rousseff, em nove meses desse turbulento segundo mandato, veio da Suíça, com a revelação de que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), possui pelo menos quatro contas secretas no paraíso fiscal, com depósitos – já bloqueados – que somam cerca de US$ 5 milhões", diz Leonardo Attuch, editor do 247; agora, mesmo que decida se vingar, ele perde completamente as condições de conduzir eventual processo de impeachment; "A dúvida, agora, diz respeito ao comportamento do Palácio do Planalto, que poderá, eventualmente, preferir um Cunha enfraquecido no cargo do que trabalhar abertamente por sua queda"

A Presidenta Dilma Rousseff e o ministro da Defesa, Jaques Wagner, participam da cerimônia comemorativa do Dia do Exército, no Setor Militar Urbano (Antônio Cruz/Agência Brasil)
A Presidenta Dilma Rousseff e o ministro da Defesa, Jaques Wagner, participam da cerimônia comemorativa do Dia do Exército, no Setor Militar Urbano (Antônio Cruz/Agência Brasil) (Foto: Leonardo Attuch)


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A melhor notícia para o governo Dilma Rousseff, em nove meses desse turbulento segundo mandato, veio da Suíça, com a revelação de que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), possui pelo menos quatro contas secretas no paraíso fiscal, com depósitos – já bloqueados – que somam cerca de US$ 5 milhões. Como esses recursos não foram declarados pelo parlamentar, e ele ainda mentiu aos colegas sobre a existência das contas, no mínimo já houve quebra de decoro parlamentar – o que seria motivo para sua cassação. Muito mais graves do que a mentira, no entanto, são as acusações de corrupção e lavagem de dinheiro que vêm da Suíça.

Em tese, Cunha poderia agora tentar se vingar, alegando perseguição do Palácio do Planalto e abrindo espaço, no Legislativo, para um eventual processo de impeachment. Ocorre que ele perdeu completamente as condições morais de conduzir um processo desse tipo. Vale lembrar que, em 1992, quando o ex-presidente Fernando Collor caiu, a Câmara era presidida por Ibsen Pinheiro, também do PMDB, que cultivava a imagem de vestal da ética. Cunha, ao contrário, a cada dia terá que prestar novas e mais convicentes explicações sobre a origem dos seus US$ 5 milhões e também sobre suas relações com personagens como os lobistas Júlio Camargo, Fernando Baiano e João Augusto Henriques.

Até mesmo a oposição, que o mantinha como aliado estratégico, será forçada a se distanciar do presidente da Câmara, para não ser rotulada como hipócrita. Até porque não fará sentido algum defender a queda de Dilma por um tema árido como as 'pedaladas fiscais' e proteger Cunha numa questão de facílima compreensão popular, que são US$ 5 milhões depositados em contas secretas na Suíça. A dúvida, agora, diz respeito ao comportamento do Palácio do Planalto, que poderá, eventualmente, preferir um Cunha enfraquecido no cargo do que trabalhar abertamente por sua queda.

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Se isso não bastasse, a reforma ministerial anunciada pela presidente Dilma Rousseff na sexta-feira também serviu para acomodar o baixo clero peemedebista na Câmara, com as nomeações de Marcelo Castro (PMDB-PI) na Saúde e Celso Pansera (PMDB-RJ) para a Ciência e Tecnologia. Atolado em denúncias, Cunha se tornou minoritário num PMDB que hoje tem sete ministros e presença decisiva no governo Dilma.

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