Institutos de pesquisa fazem com Lula o que Ibope fez com Jango em 64

"Os brasileiros só puderam ter uma idéia do apoio popular as reformas de base do governo Goulart muitos anos depois do golpe de 64, através dos livros de história", escreve Paulo Moreira Leite, articulista do 247. Para PML, "o segredo sobre a aprovação de Lula amplia a margem de manobra daqueles que planejam jogar à sombra e amortecer a resistência popular, o que inclui embaralhar a transição para Fernando Haddad, sucessor já escolhido"

Institutos de pesquisa fazem com Lula o que Ibope fez com Jango em 64
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A decisão de esconder o desempenho de Lula nas pesquisas mais recentes da campanha presidencial só tem comparação com o tratamento reservado a uma pesquisa do Ibope durante o golpe de 1964.

Há meio século, os dados mostravam que  João Goulart era um governo com maior aprovação do que a imprensa que patrocinou o golpe dava a entender. Politicamente devastadores para os golpistas, os números  permaneceram na sombra durante anos, só sendo descobertos e revelados anos mais tarde, em livros de história. Graças ao trabalha de historiadores como Jorge Ferreira e Muniz Bandeira pode-se saber que até em São Paulo, berço da ditadura, a aprovação de Jango era mais alta do que se poderia imaginar pelas marchas de classe média usadas para criar um clima propício a um golpe de Estado.

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Mais uma vez, é preciso reconhecer que são situações muito diferentes mas há pontos de contato entre 2018 e 1964, num país que desde o afastamento de Dilma, há dois anos, se encontra sob uma semi-ditadura dirigida pelo Judiciário.

O segredo sobre a aprovação popular de Lula amplia a margem de manobra daqueles que planejam jogar à sombra, longe dos olhos do eleitor. É a manipulação da política pelo silêncio, pela escuridão. Sua finalidade é amortecer a resistência e confundir a mobilização popular. 

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O segredo ajuda a esconder a dimensão da intervenção em curso e os riscos evidentes que ela representa contra os poderes soberanos do povo, definidos no artigo número 1 da Constituição.

Como se não bastasse impedir a candidatura do preso político Lula, num gesto truculento que contraria uma decisão legítima do Comitê de Direitos Humanos da ONU, é preciso transformá-lo num novo tipo de desaparecido, que deve ser escondido, ignorado, esquecido.

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Foi o que se fez com Jango em 1964, quando um Congresso hesitante entre a cumplicidade e a covardia declarou "vaga a presidência" antes de  abrir caminho para um testa-de-ferro civil que logo seria substituído por Castelo Branco.

Além de atingir Lula, a censura às pesquisas destina-se a embaralhar a indicação de Fernando Haddad, sucessor já escolhido -- a quem os mesmos institutos apontam como nome provável num possível segundo turno, caso possa disputar eleições minimamente limpas, o que inclui o direito de receber, intacta, sua parte legítima na herança de Lula.

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Esta é a questão em jogo, no momento. E é para isso que se tenta esconder o tamanho real de Lula. 

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