Ninguém vai investigar a denúncia de Carlos Bolsonaro?

"Disputa familiar, luta política interna, conspiração familiar ou qualquer outra coisa, o país tem o direito de saber por que Carlos Bolsonaro escreveu que a morte do presidente interessa a pessoas que estão muito próximas", escreve Paulo Moreira Leite, articulista do 247. "Para um governo com tropeços iniciais que anunciam um fiasco antes da posse, o fantasma de um crime violento sempre pode criar um clima artificial de solidariedade, como se viu após a facada de Juiz de Fora, e também pode servir a ações repressivas em larga escala".  

Ninguém vai investigar a denúncia de Carlos Bolsonaro?
Ninguém vai investigar a denúncia de Carlos Bolsonaro? (Foto: Reprodução/Rede Social)


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Numa equipe de governo integrada por tantos militares experimentados e um presidente eleito que fez da defesa da ordem a bandeira de campanha, é de espantar que até agora não se tenha tomado nenhuma providência séria para investigar a denúncia de Carlos Bolsonaro, que postou em seu twiter:

"A morte de Jair Bolsonaro não interessa somente aos inimigos declarados, mas também aos que estão muito perto. Principalmente após a sua posse! É fácil mapear uma pessoa transparente e voluntariosa. Sempre fiz minha parte exaustivamente. Pensem e entendam todo o enredo diário!". 

Você pode achar que uma afirmação dessa natureza é apenas uma manifestação desequilibrada.  

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Quem sabe um caso de filho descontente com o tratamento dado pelo pai-presidente. Ou, ainda, um maníaco de conspirações familiares. Talvez um ressentido. Vai saber.

Até o momento, não vejo razão para acreditar seriamente em outra coisa. Mas isso não importa.

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O próprio Bolsonaro deu sequência à especulação: "minha morte interessa a muita gente".

A experiência ensina que é preciso ir aos fatos.

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Para um presidente eleito cujos passos iniciais configuram um fiasco  anunciado, já legível nas entrelinhas de vários de seus aliados, a vitimização é sempre uma opção conveniente e bem conhecida.

O fantasma de um crime violento sempre ajuda a criar o clima para uma solidariedade milhares vezes maior do que a gerada pela facada de Juiz de Fora.

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Pode ainda servir de estimulo para ações repressivas em larga escala. Uma nuvem de incertezas e temores é sempre útil para a criação de um ambiente artificial, propício a intervenções policiais de envergadura. 

Por isso é preciso saber por que Carlos Bolsonaro disse o que disse. 

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Ou há motivos concretos para fazer uma afirmação de tamanha gravidade como o assassinato de um presidente.

Ou sua afirmação não passa de um alarme irresponsável, que intoxica o espaço público para obscuros acertos de contas.

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A naturalização de afirmações graves, cujo fundamento se desconhece, é uma forma conhecida de terrorismo psicológico. É uma versão da pós-verdade, da campanha de fake-news. 

Por todas essas razões, os 210 milhões de brasileiros têm o direito de saber o que pai e filho disseram e por que. O silêncio, aqui, só beneficia quem ganha manchetes e joga na sombra.  

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