Com troféu Temer, Lava Jato busca voltar ao palco

"Prisão de Michel Temer ocorre uma semana depois que a Lava Jato foi obrigada a arquivar o projeto de uma Fundação de direito privado de R$ 2,5 bilhões, episódio que marco sua primeira derrota política desde o início da operação, em 2014", avalia o jornalista Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia; "A operação de hoje marca uma tentativa de recuperar o protagonismo político. A pergunta é saber como o país e suas instituições irão reagir a essa nova/velha investida"

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Por Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia - A prisão de Michel Temer, Moreira Franco & Cia ocorre uma semana depois que a Força Tarefa da Lava Jato foi obrigada a arquivar o projeto de constituir uma Fundação de direito privado com patrimônio de R$ 2,5 bilhões pagos pela Petrobras como indenização para investidores residentes nos Estados Unidos.

Ao lado de uma decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli, que mandou investigar "notícias fraudulentas, denunciações caluniosas, ameaças e infrações" que podem atingir membros da própria Corte, o desmanche da Fundação produziu a visão de que se abria um novo momento político do país. Personagem número 2 da Lava Jato, o procurador Deltan Dalagnol estava envolvido diretamente no projeto da Fundação -- e afundou com ela, naquela que foi uma primeira derrota política da Lava Jato desde o início da operação, em 2014.

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As prisões de hoje apontam na direção oposta. Marcam uma tentativa da Lava Jato em retomar a ofensiva, recuperar protagonismo político. 

Temer não é, sabemos todos, o primeiro ex-presidente a ser colocado atrás das grades mas sua prisão guarda uma característica particular.

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Sempre será   necessário recordar que a prisão de Lula implicou numa afronta ao trânsito em julgado, previsto na Constituição. Não há dúvida a respeito.  Sempre será preciso denunciar essa situação, ainda mais vergonhosa diante da fraqueza absoluta das alegações apontadas contra ele.

Michel Temer foi colocado atrás das grades numa fase anterior do processo judiciário. O juiz Marcelo Bretas decretou sua prisão preventiva -- decisão que antecede a sentença, mesmo em primeira instância.

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Pelo sua atuação política recente, como articulador de um golpe que derrubou uma presidente democraticamente eleita, o destino pessoal de Michel Temer não comove o país. A abundância de denuncias e depoimentos contra Temer é inegável.  

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A questão não é só essa, porém, como lembrou o ex-deputado Wadih Damous em seu twitter: 

"Temer é um canalha. Não merece compaixão. Mas não aplaudo medidas arbitrárias por parte do Estado. Mesmo contra canalhas".

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 A pergunta é saber como o país e suas  instituições irão reagir a essa investida da Lava Jato. Sua finalidade é recuperar um terreno que parecia perdido, retomando um ambiente de ameaça ao Estado Democrático de Direito, seguindo uma trajetória já identificada aqui neste espaço, como uma investigação necessária que se transformou numa operação contra a democracia.  

 A gaveta de Rodrigo Maia,  sujeito identificado de ofensivas explícitas de Sérgio Moro no Ministério da Justiça, guarda vários projetos de grande utilidade para o país debater neste momento.

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Falam de um debate urgente, necessário: abuso de autoridade, necessária regulamentação das delações premiadas.

Ações espetaculares, como a prisão de Temer, são uma tradição da Lava Jato. A omissão e o silêncio diante só fortaleceram o Estado de exceção.

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Alguma dúvida?

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