Cenas da tempestade política



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Ataque a Lula agita o plenário

A votação da MP da venda dos terrenos da União seguia seu curso normal, indiferente à obstrução da oposição. Foi quando o deputado Rocha (PSDB-AC) tomou o microfone e começou um violento ataque ao ex-presidente Lula,  prevendo sucessivas vezes “a iminente prisão do chefe da quadrilha”,  “do maior corrupto do país” e daí para a frente. “Estamos arranhando a porta para prendê-lo”, disse em referência à prisão de José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente.

O deputado petista Paulo Pimenta (PT-RS), sentado na esquerda do plenário, voou até o microfone e começou a responder  ao ataque dizendo que o outro lavasse a boca antes de proferir ataques desta ordem ao ex-presidente.  Eduardo Cunha deu prosseguimento à votação e o microfone lhe foi tomado para que outros líderes  orientassem suas bancadas.  Mesmo com o som cortado Pimenta continuou sua peleja verbal contra um grupo de tucanos,  dizendo que se quiserem partir para a baixaria vai ser assim.

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- Nós nunca falamos de Zuzinha em respeito a Mario Covas, disse ao tucano Bruno Cova. E  nunca dissemos que você, Nilson Leitão, saiu preso da prefeitura de Sinop pela Operação Navalha.  E contenham este policial que integrava o bando de Hidelbrando Paschoal  para que não volte a dizer imundícies contra Lula, esbraveja Pimenta referindo-se  ao deputado Rocha.

Hidelbrando Paschoal foi um  deputado acreano cassado em 1999 depois da descoberta de que chefiava um esquema criminoso e que mandava esquartejar vítimas de assassinato com uma motosserra.   A máfia que comandava foi desbaratada no governo do hoje senador petista Jorge Viana.  Paschoal  cumpre pena no Acre.

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Assim seguia a discussão, quando entrou em cena a turma do deixa-disso.  A operação da Lava Jato que prendeu Bumlai e deixou claro que Lula é alvo,  apesar da “falta de indícios” reconhecida pelo juiz Sergio Moro, abateu profundamente o PT. Na bancada, apenas  Pimenta comprou a briga. Outros, mesmo indignados, não se animaram.

 

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“Dormirei tranquilo”, diz relator Pinato

O deputado Fausto Pinato  teve uma das tardes mais tensas de sua vida, quando leu ontem o parecer pela admissibilidade do processo de cassação de Eduardo Cunha. À noite, enquanto o plenário votava, ele fumava tranquilamente um cigarro com os colegas deputados que atendem furtivamente ao vício na varanda externa do Salão Nobre.   Saciou todas as curiosidades.  Admitiu que os dias foram de grande tensão para ele e que por isso mesmo antecipou seu parecer.   Quando mais demorasse, maiores seriam as pressões e a tensão.  Quando ao parecer,  disse que não havia outra saída. “Eu me baseei em três elementos indiscutíveis como indícios: a delação premiada de Julio Camargo , a denúncia do procurador-geral e a fala do presidente da Câmara na CPI da Petrobrás, negando possuir contas no exterior.  Eu não poderia ignorar tais indícios. Outra coisa será o julgamento de mérito”.   Disse ter visto com naturalidade o pedido de troca do relator  feito pela defesa de Cunha, alegando suspeição por ter ele antecipado o parecer. “É do jogo, o advogado é bom e está lá para isso”.

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 Pinato diz que vive uma notoriedade da qual preferia não estar desfrutando.  "Se eu fugisse do desafio, carregaria esta marca", diz ele, com ar cansado.  "Quando esta sessão vou para casa e dormirei com a consciência tranquila. E daqui para a frente, pouco me importa se vão aprovar ou derrotar meu parecer. Não pedi nem pedirei votos. Só fiz o que achei que era o correto”.

Pinato surpreendeu os que apostaram  em sua submissão a Cunha, com quem sempre se relacionou bem. 

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Nascendo médio

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O mais novo partido do país, o Partido da Mulher Brasileira – PMB,  foi saudado  ironicamente´ao nascer, na semana passada, pelo fato de ser comandado por homens.  A contradição não tem impedido, entretanto, o crescimento da bancada. Já são 12 os deputados federais  filiados à nova sigla. “Ainda esta noite chegaremos a 14”, dizia ontem Wellinton Prado (MG), que deixou o PT depois de ter sido posto na geladeira por votar contra as primeiras medidas do ajuste fiscal. “Agora Rui Falcão, Lula e metade do PT falam contra Levy e o ajuste e ninguém acha que  isso é infidelidade”.  O líder da bancada será Domingos Neto (CE).

 

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