Até sempre!



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Escrevi hoje minha última coluna para o portal Brasil247. É com um travo de melancolia que deixo o blog mantido aqui no portal desde 2014. É também com sincera gratidão que estou partindo para outros desafios. Nestes quase quatro anos, escrever no 247 foi, para mim, mais que um exercício profissional. Escrevendo, acredito ter contribuído um tiquinho com a resistência que o 247 tão bem encarnou nestes tempos de involução e retrocesso, tempos de intolerância, autoritarismo e esgarçamento da democracia tão arduamente construída, por todos nós, desde quando a ditadura perdeu os dentes e começamos a derrubá-la. Mas, sobretudo, estes têm sido tempos de desinformação e manipulação, pelos oligopólios midiáticos. Bravamente, ao lado de outras mídias alternativas, Brasil247 vem travando a batalha da contra-desinformação: dando nome aos bois, traduzindo as notícias cifradas, recolocando a verdade naquelas que foram distorcidas, publicando o que foi omitido. Levo deste tempo um sentimento de conforto, de ter travado o bom combate, ainda que minha voz e minhas armas sejam tão leves e frágeis. Devo isso ao 247, que me acolheu com respeito e profissionalismo, e me garantiu ferramentas e liberdade para escrever.

Dizia eu que, nestes quase quatro anos, escrever no 247 foi, para mim, mais que trabalho, mais que atividade jornalística. Cada brasileiro processou emocionalmente, como pôde, o drama que tomou conta do Brasil a partir do golpe e de tudo o que ele trouxe ou acentuou. Os que venceram estão processando a vergonha por terem se deixado manipular, criando a justificativa (a vontade das ruas, vale dizer, de uma avenida paulistana) para viabilizar a violação da vontade popular e a entrega do poder a um grupo que não o conquistou nas urnas. E depois se viu, para implementar um programa que não foi aprovado pelas urnas. Os que perderam ainda estão lambendo suas feridas, mas com a certeza de que estiveram do lado certo da História: o da legalidade, o da democracia, o do interesse popular e nacional. Foi escrevendo no 247, ajudando a deslindar as tramas deste tapetão político, que eu também consegui atravessar este período sombrio, superando a imensa vontade de largar tudo e ir embora para um lugar distante. Quantas vezes não lhe disse isso ao longo de 2016, Attuch? E você contrapunha que resistir era preciso, cada um na medida de suas possibilidades. Fiquei, fui ficando, mas agora tenho de ir.

Tenho de ir porque não resisti em aceitar um desafio novo: participar do projeto de relançamento do Jornal do Brasil impresso. Não tenho uma história profissional no JB, ao contrário de outros jornalistas que estão no projeto, salvo por uma curta passagem em 1987. Mas acho que esta iniciativa do empresário Omar Peres é importante, podendo garantir ao Rio e ao Brasil um pouco mais de pluralismo e oxigênio na imprensa escrita. O Rio tem apenas um jornal, O Globo, o que não condiz com sua dimensão cultural e populacional. Não vamos dizer econômica porque o estado está falido, e agora sob intervenção militar. Acho que este novo JB, que volta com a promessa de ser, como no passado, um território de liberdade, crítica, debate e manifestação do contraditório, pode ser augúrio de luz. Por isso, estrou entrando neste desafio. Estarei lá, a partir de domingo, 25, escrevendo uma coluna política na pagina 2. Ali onde escreveu Carlos Castello Branco, um espaço nobre que espero honrar, fazendo o melhor possível para decifrar o jogo de cada dia. Torçam pelo projeto, pois ele vale à pena. Há uma grande expectativa no Rio, onde estou hoje e pude conferir, com a volta do JB às bancas.

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Quero agradecer de coração ao publisher Leonardo Attuch pela acolhida e apoio ao longo de todo o tempo. Sou gratíssima a todos os colegas da gestão do site, na pessoa da editora Gisele Federicce. Não os citarei todos por medo de esquecer algum mas devo-lhe a atenção diária aos meus escritos. Devo uma palavra aos colegas blogueiros e colunistas. O fato de estarmos juntos é que nos fortaleceu, para além da nossa troca de informações e impressões. Agradeço-lhes na deste bravo companheiro de viagem, Paulo Moreia Leite.

E devo, sobretudo, agradecer aos leitores do 247, sem os quais eu não teria tido ânimo para escrever durante este tempo. Vocês são a rede que vem sustentando o 247, com ou sem assinaturas solidárias. Obrigada pela leitura, as citações, os compartilhamentos nas redes sociais.

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E com isso, estou indo. Não dizendo adeus, mas até sempre. Seguimos na estrada.

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