Morte de Teori vai estancar a sangria?

Não custa lembrar uma sinistra conversa entre Romero Jucá, ex-ministro e amigo carnal do Judas Michel Temer, e o lobista Sérgio Machado, ex-diretor da Petrobras. Antes do golpe que derrubou Dilma Rousseff, o chefão do PMDB foi enfático ao afirmar que o impeachment era a única forma de “estancar a sangria” das investigações de corrupção na estatal, segundo um áudio vazado

Brasília - O presidente interino Michel Temer entrega o projeto de lei que altera a meta fiscal ao o presidente do Senado, Renan Calheiros, acompanhado do ministro Romero Jucá, do Planejamento (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Brasília - O presidente interino Michel Temer entrega o projeto de lei que altera a meta fiscal ao o presidente do Senado, Renan Calheiros, acompanhado do ministro Romero Jucá, do Planejamento (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil) (Foto: Altamiro Borges)


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Nos seus telejornais, a TV Globo jura de pé junto que a morte do ministro Teori Zavascki e de outros quatro passageiros na queda de um jatinho em Paraty (RJ) foi decorrência do mau tempo. Tamanha insistência inclusive gera desconfianças. Já nas redes sociais, muita gente acredita que o relator da midiática Operação Lava-Jato foi assassinado. Pesquisa do Instituto Paraná aponta que 83% dos brasileiros acreditam nesta hipótese. No momento, porém, tudo é só especulação. Apenas uma rigorosa apuração – se é que ela será feita – poderá explicar o que de fato ocorreu. Uma certeza, entretanto, já é quase consensual, inclusive em setores da mídia chapa-branca. Quem mais ganha com o falecimento de Teori Zavascki é a quadrilha que assaltou o poder no ano passado.

Não custa lembrar uma sinistra conversa entre Romero Jucá, ex-ministro e amigo carnal do Judas Michel Temer, e o lobista Sérgio Machado, ex-diretor da Petrobras. Antes do golpe que derrubou Dilma Rousseff, o chefão do PMDB foi enfático ao afirmar que o impeachment era a única forma de “estancar a sangria” das investigações de corrupção na estatal, segundo um áudio vazado. Eles temiam as delações premiadas dos executivos da Odebrecht. Ambos também abordaram as tratativas do golpe com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), apontando que Teori Zavascki seria o mais difícil de negociar – “um tecnocrata, um homem frio”.

A certeza de que a morte serve ao covil golpista foi confirmada, poucas horas antes do velório, por outro fiel amigão de Michel Temer, o ministro Eliseu Padilha, da Casa Civil. Ao ser questionado por jornalistas sobre os efeitos da tragédia, o velho cacique do PMDB – apelidado no passado pelo insuspeito coronel ACM de “Eliseu Quadrilha” – deu uma resposta enigmática: “A morte, por certo, vai fazer com a gente tenha, em relação à Lava-Jato, um pouco mais de tempo agora para que as chamadas delações sejam homologadas ou não”. Mais tempo para quê? Para “estancar a sangria”? Em outra derrapada, a GloboNews informou que o “mercado” – nome fictício da cloaca empresarial metida até a medula em corrupção – festejou o falecimento do ministro do STF.

“Atingiu-se o coração da Lava-Jato”

Há sérios riscos de que as investigações da Lava-Jato, que finalmente poderiam atingir os chefões do PMDB, PSDB, DEM e de outros partidos golpistas, sejam arquivadas. Mesmo que não sejam enterradas, elas podem ser proteladas – dando mais tempo à gangue instalada no Palácio do Planalto para executar seus planos de devastação do Brasil. Uma notinha publicada na Folha desta sexta-feira (20) confirma esta suspeita: “Nas horas seguintes à confirmação da morte de Teori Zavascki, ministros do STF avaliavam que a Lava Jato vai, sim, desacelerar. Afora a espera pela definição do novo relator dos processos, afirmam que Teori carregava consigo toda a memória da operação desde o seu início, há mais de dois anos, e que demorará até que o próximo titular da caneta se inteire da complexidade do caso. ‘Atingiu-se o coração da Lava Jato’, resume um ministro da corte”.

Há ainda o perigo de que o Judas Michel Temer nomeie um capacho hidrófobo, como o tucano Alexandre de Moraes, para substituir o ministro falecido – o que ajudaria a tumultuar ainda mais o processo no STF. E há ainda o risco de que o usurpador indique o próprio relator da Lava-Jato, tese que é defendida por outro tucano infiltrado no Supremo, o sinistro Gilmar Mendes. Neste sábado (21), ele foi enfático na defesa desta ideia absurda, segundo uma notinha de Lauro Jardim no jornal O Globo. Para Gilmar Mendes, a distribuição de uma relatoria entre os ministros que já compõem a Corte deveria se restringir a processos de urgência, o que não se aplicaria a Lava-Jato. O ministro tucano do STF chegou a defender recentemente a própria anulação das delações da Odebrecht.

Nas 77 delações que seriam homologadas em breve por Teori Zavascki, o Judas Michel Temer era citado 43 vezes. Outros líderes do “golpe dos corruptos”, como o cambaleante Aécio Neves, o “chanceler” José Serra e o demo Agripino Maia, também estavam na linha de tiro. Ou seja: tudo sinaliza no sentido de que uma operação para “estancar a sangria” das investigações está em curso. A trágica morte do relator do processo pode até ter ocorrido por causas naturais, como insistem os telejornais da famiglia Marinho. Mas que ela serve aos interesses da quadrilha que assaltou o Palácio do Planalto não há mais dúvida. As lágrimas no velório de Teori Zavascki neste sábado podem confirmar apenas o cinismo dos criminosos!
 

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