Geddel foi entregue às feras. Vai delatar?

A nova chefe da PGR, que foi escolhida a dedo para o cargo – desrespeitando a lista dos próprios procuradores –, pode até ter tentado livrar a barra do usurpador. Mas a ajuda pode aumentar o desespero de Geddel Vieira e de seus familiares – inclusive do irmão, que também está preso

Presidente Michel Temer e Geddel Vieira Lima, durante reunião no Palácio do Planalto, em junho de 2016 15/06/2016 REUTERS/Ueslei Marcelino
Presidente Michel Temer e Geddel Vieira Lima, durante reunião no Palácio do Planalto, em junho de 2016 15/06/2016 REUTERS/Ueslei Marcelino (Foto: Altamiro Borges)


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Na semana passada, a nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou que o ex-ministro Geddel Vieira Lima, que está preso na Papuda, “parece” ser o verdadeiro “líder da organização criminosa” que agita o cenário nacional. A declaração foi encarada por vários analistas como uma tentativa marota de salvar o usurpador Michel Temer, que tinha sido apontado pelo ex-chefe da PGR, Rodrigo Janot, como o principal chefe da quadrilha. Mas ela pode ter um resultado inverso, acelerando a temida delação premiada do presidiário. Uma notinha na revista Época, postada nesta quinta-feira (19) confirma este perigo: 

“Em um jantar com a presença de 20 deputados na noite da quarta-feira (18) em Brasília, um assunto persistia em rondar as conversas: o ex-ministro Geddel Vieira Lima vai delatar? O tema se torna mais sensível porque na semana que vem a Câmara dos Deputados decidirá se o presidente Michel Temer poderá ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) com base em denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR)”. Se o valentão peemedebista entender que foi lançado às feras, ele poderá tremer de vez e abrir sua "boca de jacaré". A declaração inusitada da procuradora-geral serviria como um forte impulso. 

Como apontou Janio de Freitas, em matéria publicada na Folha neste domingo (22), “a menos que Raquel Dodge apresente comprovação, ao menos indícios aceitáveis, da novidade que disse, a suposição de que vem para salvar Michel Temer ganha nova estatura. Não pode mais ser vista como precipitada ou interessada. A meio dos motivos contrários à liberação de Geddel Vieira Lima, preso em Brasília, Dodge aponta-o como líder da organização criminosa hoje central no noticiário. A forma verbal ‘parece’ atuar como chefe não altera o ineditismo da qualificação. Nem diminui os efeitos benéficos dessa novidade para Temer: dado como chefe, Geddel livra superiores hierárquicos de tal acusação”. Sempre lúcido, Janio de Freitas explica:

“Geddel nunca foi considerado ‘o chefe’. Mesmo a ideia de organização, a que procuradores recorrem com facilidade porque os ajuda na explicação do crime, além de aumentar as penas, não é correta nesse caso. Cada um dos incriminados integrantes do PMDB, seus doleiros e intermediários é um livre atirador que, para certos golpes, uniu-se a outros, mas o objetivo de ganho era individual... Com estilo diferente, só Michel Temer. Usar intermediários é o seu modo típico. José Yunes, Eduardo Cunha, Lúcio Funaro, Geddel Vieira Lima, Rocha Loures, Moreira Franco, Eliseu Padilha e outros, já identificados ou ainda nas sombras, estão citados nas investigações como pessoas acionadas por Temer para chegar a terceiros, com missão definida”.

A nova chefe da PGR, que foi escolhida a dedo para o cargo – desrespeitando a lista dos próprios procuradores –, pode até ter tentado livrar a barra do usurpador. Mas a ajuda pode aumentar o desespero de Geddel Vieira e de seus familiares – inclusive do irmão, que também está preso. Um sinal desta possibilidade já foi dado pelo próprio presidiário. Em depoimento prestado à Polícia Federal, “o ex-ministro afirmou que foi indicado em 2011 para o cargo de vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa pelo então vice-presidente Michel Temer (PMDB)”. Será que a indicação tem alguma relação com os R$ 51 milhões achados no seu “bunker” de Salvador? Quem deu a grana? Em troca de que favores? Quem era o chefe da "maior organização criminosa da história do país"? 

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