Com vocês, Joaquim Silvério Temer dos Reis

"Como se o Brasil estivesse necessitado ainda mais de realismo fantástico, o presidente da república incumbiu-se de oferecê-lo neste 21 de abril ao se comparar a Tiradentes em cadeia nacional de rádio e televisão. Mas talvez não seja descolamento da realidade mas apenas um equívoco, uma troca de Joaquins. Em vez de Tiradentes, o Joaquim José da Silva Xavier, talvez quisesse se referir a Joaquim Silvério dos Reis com quem guarda afinidades óbvias. No lugar do traído, o traidor", aponta o jornalista Ayrton Centeno, que traz semelhanças surpreendentes entre os dois traidores da pátria

"Como se o Brasil estivesse necessitado ainda mais de realismo fantástico, o presidente da república incumbiu-se de oferecê-lo neste 21 de abril ao se comparar a Tiradentes em cadeia nacional de rádio e televisão. Mas talvez não seja descolamento da realidade mas apenas um equívoco, uma troca de Joaquins. Em vez de Tiradentes, o Joaquim José da Silva Xavier, talvez quisesse se referir a Joaquim Silvério dos Reis com quem guarda afinidades óbvias. No lugar do traído, o traidor", aponta o jornalista Ayrton Centeno, que traz semelhanças surpreendentes entre os dois traidores da pátria
"Como se o Brasil estivesse necessitado ainda mais de realismo fantástico, o presidente da república incumbiu-se de oferecê-lo neste 21 de abril ao se comparar a Tiradentes em cadeia nacional de rádio e televisão. Mas talvez não seja descolamento da realidade mas apenas um equívoco, uma troca de Joaquins. Em vez de Tiradentes, o Joaquim José da Silva Xavier, talvez quisesse se referir a Joaquim Silvério dos Reis com quem guarda afinidades óbvias. No lugar do traído, o traidor", aponta o jornalista Ayrton Centeno, que traz semelhanças surpreendentes entre os dois traidores da pátria (Foto: Ayrton Centeno)


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Como se o Brasil estivesse necessitado ainda mais de realismo fantástico, o presidente da república incumbiu-se de oferecê-lo neste 21 de abril ao se comparar a Tiradentes em cadeia nacional de rádio e televisão. Mas talvez não seja descolamento da realidade mas apenas um equívoco, uma troca de Joaquins. Em vez de Tiradentes, o Joaquim José da Silva Xavier, talvez quisesse se referir a Joaquim Silvério dos Reis com quem guarda afinidades óbvias. No lugar do traído, o traidor.

"Abril é o mais cruel dos meses", cantou um poeta. T.S. Eliot, o poeta, nunca imaginaria como isso é verdadeiro em relação ao cansado gigante da América do Sul. Aqui é o mês das punhaladas.

Foi num 17 de abril que o Congresso brasileiro escreveu uma das páginas mais imundas da sua história. Foi o 17 de abril do golpe, de pústulas fantasiados gritando "pela minha mãe, pelo meu pai, pelos meus filhinhos". Outro 17 de abril, este de 1996, marcou o massacre de Eldorado de Carajás, onde 19 sem terra foram chacinados pela polícia militar do Pará. E o 21 de abril que motivou a fabulação temerária de ontem à noite na TV assinala o enforcamento e esquartejamento de Tiradentes no largo da Lampadosa, no Rio, em 1792.

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Seus pedaços foram pendurados na estrada do Rio a Minas. E sua cabeça exposta em Vila Rica. Porém, no que concerne a Temer, há outra data de abril que vale ser lembrada. Que o aproxima não do Joaquim traído mas do Joaquim traidor.

Quem lembra de 11 de abril de 2016? Poucos, acredito. Mas foi o dia em que veio à luz -- "vazada", por "distração" ou "por descuido" -- a senha do golpe. Dali em diante, os fatos se precipitariam. Tratou-se, como se verá, de sagaz ironia do Destino. Acontece que foi também exatamente num 11 de abril que outro traidor, um dos maiores da história, perpetrou a sua traição. Ambos conspiraram contra o Brasil. Vamos deixar que os dois traidores falem por si.

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Primeiro, o traidor dos Inconfidentes, Joaquim Silvério dos Reis. Depois, Temer, seu discípulo.

Silvério dos Reis traindo em 11 de abril de 1789:

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"Que o desembargador Tomás Antônio Gonzaga, primeiro cabeça da conjuração, havia acabado o lugar de Ouvidor dessa Comarca, e que nesse posto se achava há muitos meses nessa Vila, sem se recolher a seu lugar na Bahia, com o frívolo pretexto de um casamento, que tudo é idéia, porque já se achava fabricando leis para o novo regime da sublevação e que se tinha disposto da forma seguinte: procurou o dito Gonzaga o partido e união do coronel Inácio José de Alvarenga, e o padre José da Silva de Oliveira e outros mais, todos filhos da América, valendo-se, para reduzir outros, do alferes pago José da Silva Xavier (...)"
(Carta de Joaquim Silvério dos Reis, coronel da cavalaria das Gerais, ao Visconde de Barbacena).

Temer traindo em 11 de abril de 2016:
"Agora, quando a Câmara dos Deputados decide por uma votação significativa declarar a autorização para a instauração de processo de impedimento contra a senhora presidente, muitos me procuraram para que desse, pelo menos, uma palavra preliminar à nação brasileira, o que faço com modéstia, cautela e muita moderação, mas também em face da minha condição de vice e naturalmente substituto constitucional da senhora presidente"

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Silvério dos Reis traindo em 11 de abril de 1789:
"Fez-me certo este vigário que para esta conjuração trabalhava fortemente o dito alferes pago, Joaquim José Xavier, e que já naquela Comarca tinham unido ao seu partido um grande séquito, e que havia de partir para a capital do Rio de Janeiro, a dispor alguns sujeitos, pois o seu intento era também cortar a cabeça do senhor vice-rei (...)"

Temer traindo em 11 de abril de 2016:
"Não quero avançar o sinal, até imaginaria que eu poderia falar depois da decisão do Senado, mas, evidentemente, sabem todos os que me ouvem, quando houver a decisão definitiva do Senado, eu preciso estar preparado para enfrentar os graves problemas que hoje afligem o nosso país."
Joaquim Silvério dos Reis arremata sua carta sórdida prometendo mais traição: "Meu senhor, mais algumas coisas tenho colhido e vou continuando na mesma diligência, o que tudo farei ver a V. Ex.ª, quando me determinar". E conclui repulsivamente assim: "O céu ajude e ampare a V. Ex.ª para o bom êxito de tudo: beija os pés de V. Ex.ª o mais humilde súdito".

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Temer não diz mas também, na sua condição de súdito, beija diariamente os pés de seus benfeitores nos bancos, na Fiesp, no latifúndio, no Judiciário, no Congresso e nos conglomerados de mídia. Afinal, mais do que tudo Temer teme, no futuro, falar em cadeia mas não de rádio e televisão.

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