Em um mês de (des)governo, Doria mostra a que veio

Além de impedir avanços em leis, Doria usa o poder de regulamentação do Executivo para gerar retrocessos. Nesses poucos dias ele regulamentou a lei estadual que trata de manifestações nas ruas e revogou o decreto que estabelecia regras para a atuação da Polícia Militar em reintegrações de posse em ocupações. São duas medidas que criminalizam os movimentos sociais e provocarão, sem dúvida, o aumento da violência policial

Em um mês de (des)governo, Doria mostra a que veio
Em um mês de (des)governo, Doria mostra a que veio (Foto: Reuters)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Para João Doria, o governo do Estado é mais um trampolim. Depois de ter abandonado a cidade de São Paulo após um ano de ataques ao funcionalismo e ao patrimônio público, tentou passar uma rasteira em seu padrinho político e concorrer à Presidência da República. Como perdeu a luta interna para Alckmin, acabou no Palácio dos Bandeirantes, mas sem os votos da Capital, já que na Capital, onde é mais conhecido, foi derrotado! Tudo indica que o marqueteiro não desistiu de sua ambição presidencial e, tendo São Paulo como prêmio de consolação, pretende entregar o patrimônio público aos seus amigos empresários e banqueiros, garantindo o financiamento de 2022. Por isso, tal como tentou fazer no município com o autódromo de Interlagos, o parque do Ibirapuera e o estádio do Pacaembu, tentará emplacar seu projeto privatista também no Estado. Por enquanto, ele já anunciou a dos presídios, a dos aeroportos estaduais e a do porto de São Sebastião.

Também haverá cortes nos serviços públicos, como ele fez com o Transporte Escolar Gratuito e no programa Leve Leite. Só nesses primeiros dias como governador, Doria já congelou recursos de diversas áreas, entre elas as universidades públicas – USP, Unesp e Unicamp. Note-se que a Unesp ainda não pagou o décimo terceiro salário de 2018 aos servidores e professores, por isso precisaria de uma suplementação orçamentária urgente, e não um novo corte de verbas.

Para reverter este atentado contra a educação superior pública, apresentei um projeto de Decreto Legislativo para sustar os efeitos do bloqueio dos recursos.

continua após o anúncio

Nos 15 meses em que “brincou” de ser “prefake” fez um estrago enorme, que só não foi maior porque houve muita resistência da sociedade e dos partidos de oposição. É só lembrarmos a proposta da Farinata, a ração humana feita de restos de alimentos que seria adicionada à merenda escolar.

O projeto do Sampaprev que, já era ruim na proposta do governo anterior, foi piorada. Inclusive impondo um confisco salarial para todos os servidores, que elevou a contribuição previdenciária de 11% para 14%, podendo chegar até a 19%. Inicialmente, nós obrigamos os vereadores a recuarem, através de uma greve e de grandes manifestações em frente a Câmara Municipal, mas o projeto acabou sendo aprovado no final do ano, numa manobra de Milton Leite (DEM) que pautou a votação para uma data entre o Natal e o Ano Novo, quando haveria pouca pressão popular. (Essa luta não terminou. Vamos iniciar o ano letivo em estado de greve na rede municipal, um movimento que só vai parar com a revogação da lei!)

continua após o anúncio

Em seu primeiro mês de governo, Doria já mostrou que suas propostas não passam de marketing. Para quem passou a campanha criticando o candidato Paulo Skaf por ser do mesmo partido de Temer, associando-o ao governo criminoso do MDB, ele escolheu um secretariado curioso. São ao menos dez ex-ministros de Temer, entre eles Gilberto Kassab – que está afastado da Casa Civil enquanto responde judicialmente à acusação de receber propina da JBS – e Henrique Meirelles, que, como titular da Secretaria da Fazenda, já anunciou um projeto de reforma da Previdência Estadual para elevar o tempo de contribuição e a idade mínima de aposentadoria, além de aumentar a contribuição 11% para 14%.

Na pasta da Educação, com a Resolução 1/2019, ele praticamente acabou com o programa Escola da Família, já que o vice-diretor responsável pelas atividades do fim de semana ficou obrigado a lecionar como professor substituto. Também ficaram afastados de suas funções o professor mediador (responsável por solucionar conflitos), o professor da sala de leitura e o coordenador pedagógico. Tudo isso para reduzir a contratação de professores. Nosso mandato também apresentou um PDL um para suspender os efeitos da Resolução nº 1/2019.

continua após o anúncio

No processo de atribuição de aulas, milhares de docentes se deram conta de que estavam desempregados: a Secretaria da Educação intensificou o enxugamento da rede pública, fechando salas em praticamente todas as escolas e à custa da superlotação das classes remanescentes. Essa política, que também inclui o fechamento de turnos, causa desemprego, queda na qualidade de ensino e desrespeito ao direito dos alunos de escolherem onde querem estudar. Assim, fica cada vez mais comum a situação de estudantes que moram próximo a uma escola, mas frequentam em outra, mais distante.

No ano passado, aprovamos na Assembleia a Lei Complementar 1.329/2018, que garante o direito à aposentadoria especial aos professores readaptados. Se o projeto tivesse ido à sanção neste ano, já com Doria como governador, nosso projeto certamente seria vetado. Afirmamos isso com convicção, porque uma série recente de vetos demonstram o caráter antipopular de sua gestão.

continua após o anúncio

Doria vetou, em somente 30 dias de mandato, vários projetos de leis importantes para a população, que nós deputados havíamos aprovado na Alesp. Vetou manter as Delegacias da Mulher funcionando 24 horas por dia, ou seja, se a violência acontecer à noite, a mulher não tem como fazer a denúncia. Vetou o projeto que garante isonomia entre a carreira dos cirurgiões-dentistas e a dos médicos etc. Nosso mandato já está mobilizado e atuando para derrubar todos estes vetos absurdos.

Além de impedir avanços em leis, Doria usa o poder de regulamentação do Executivo para gerar retrocessos. Nesses poucos dias ele regulamentou a lei estadual que trata de manifestações nas ruas e revogou o decreto que estabelecia regras para a atuação da Polícia Militar em reintegrações de posse em ocupações. São duas medidas que criminalizam os movimentos sociais e provocarão, sem dúvida, o aumento da violência policial.

continua após o anúncio

Nosso trabalho na Alesp e nas ruas, em defesa dos direitos da população, dos trabalhadores e dos movimentos sociais, será mais intenso e importante do que nunca, para barrar tantos ataques e retrocessos!

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247