Desejo e castigo: o inconsciente político brasileiro

Como pode um povo desejar acabar com a corrupção e a violência em suas várias manifestações físicas e simbólicas se ele não aprendeu a respeitar as suas crianças, adolescentes e idosos

reg. 044 Centro de São Paulo multidão. Vista da Ladeira Porto Geral, em São Paulo. 23/02/2016 Foto: Marcos Santos/USP Imagens
reg. 044 Centro de São Paulo multidão. Vista da Ladeira Porto Geral, em São Paulo. 23/02/2016 Foto: Marcos Santos/USP Imagens (Foto: Cássio Vilela Prado)


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Como pode um povo desejar acabar com a corrupção e a violência em suas várias manifestações físicas e simbólicas se ele não aprendeu a respeitar as suas crianças, adolescentes e idosos, inclusive às suas barbas, no seu próprio seio sociofamiliar, fazendo do Brasil um dos pais mais violentos do mundo?

Um povo que, de forma velada e noutras escancarada, é extremamente racista, homofóbico, xenófobo e outras aberrações ‘antioutros’, dizimadoras das subjetividades e das vidas alheias, não tem legitimidade para reivindicar quaisquer direitos sociais e jurídicos para si mesma se não exerce aquilo que insiste em conquistar ou aplicar em seu ethossociocultural.

Um povo que não respeita nem os ouvidos nem os olfatos alheios de sua vizinhança, lançando-lhes buzinações, fogos de artifício e músicas estridentes a qualquer hora do dia ou da noite, odores de seus “amados” animais domésticos maltratados, fumaças de lixos queimados e gritos e gargalhadas doentias, muitas das vezes sob o efeito deletério de muito álcool e outras drogas, não pode merecer respeito nem credibilidade, pois se utiliza de meios espúrios degradantes para atingir os seus fins egoicos prazerosos, passando por cima de qualquer ética mínima civilizacional.

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Contrariamente, é esse povo que deseja ética na política e na sociedade. Geralmente frequenta em larga escala templos religiosos-capitalistas, participa de conferências temáticas sobre políticas públicas, enche o peito pedindo ‘paz e amor’, realiza campanhas da fraternidade‘janeiro branco’, ‘setembro rosa’‘outubro lilás’… mas apoia uma ‘imprensa marrom’.

Cria estatutos de defesa da criança e do adolescente, do idoso, do negro… Inventa associações de proteção dos animais, embora não se toca para a sua própria espécie humana. Muitos desses ‘eus’ cometem crimes sutis e nada sutis contra crianças e adolescentes diuturnamente, assim contra os seus próprios animais de estimação, os idosos próximos, os negros…

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Nunca pensam em criar um movimento pelo ser humano em todas as suas dimensões, pois são seres de vinhetas mentais modistas-efêmeras. Na verdade ‘não sabem nem quando estão verdadeiramente com fome’, pois “confundem um padeiro com um apedrejador” (frase do filósofo Karl Popper no livro: Conhecimento Objetivo, Editora Itatiaia, BH).

Pois é, esses bra’z’ileiros não medem esforços para atingir os seus fins ignóbeis por detrás de suas máscaras moralmente pintadas, nas quais pensam disfarçar as suas podridões interiores. São deles e a partir deles que se elegem a maioria dos corruptos deste país.

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Os movimentos de rua desde março de 2015 pelo “impeachment da Presidenta Dilma” ilustram muito bem toda essa farsa brasileira. Usaram de forma leviana até as cores da nossa bandeira para se travestirem de honestos e cidadãos de bem.

A corrupção contra a qual brada a maioria dos brasileiros é decorativa, insignificante e “projetiva”. Contra essa “projeção” moral que vocifera, na verdade é dirigida a si mesma de forma invertida, apesar desses párias não terem a mínima noção do que são e o que fazem. Jesus Cristo, cujos bra’z’iliquins veneram cegamente disse na cruz há mais de dois mil anos: “Eles não sabem o que fazem”. Ou seja, eles são assassinos, sanguinários e “pobres de espírito”.

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Talvez Cristo os perdoe, mas a nossa Pátria, a História e os democratas humanos e esclarecidos jamais os perdoarão, pois eles insistem em viver irrefletidamente, ignorando os seus ‘inconscientes políticos’ aterrados na era Brasil-Colônia.

Se leram ou ouviram falar dos “imperativos kantianos”, ficaram apenas nos “hipotéticos”, muito aquém de suas “máximas categóricas”:

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“(…) o imperativo categórico é uma decisão moral pautada pela razão e não por nossas inclinações, já que encerra o fim em si mesmo, é categórico porque diz ‘não faça x’ e nunca ‘não faça x se teu fim é F’. Por isto, não está vinculado a nenhuma particularidade, incluindo a identidade da pessoa, devendo ser aplicável a qualquer ser racional. Esta é a razão pela qual o imperativo categórico, em suas primeiras formulações, foi chamado ‘princípio da universabilidade’. (…)”. (Imperativo Categórico – Filosofia).

Não se trata de evocar Kant como o paladino da moral a ser sensível e inteligivelmente seguido, porém trata-se de submeter sempre a “moral prática” ao crivo da “razão (pura)”.

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Sem o saber, a maioria dos brasileiros em sua decrepitude moral irracional ou de forma conveniente perversa optou somente por Sade, também sem sabê-lo.

Talvez esse seja o seu maior castigo: a sua própria ignorância irracional. Ou a sua autodestrutiva perversão.

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Uma verdadeiro Estado Nacional distributivo jamais foi construído por imbecis.

Imbecis constroem (melhor construem – é mais feio) apenas Estados de Exceção.

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