FHC eternizou Brasil colônia doando Vale

A Vale do Rio Doce foi desnacionalizada para manter o Brasil debaixo do modelo primário exportador colonial. A sequência da venda/doação da Vale por 3 bilhões de dólares, quitados em moeda podre, FHC, orientado pelo FMI/Banco Mundial e credores internacionais, sangrou os estados exportadores de primários e exportadores

FHC eternizou Brasil colônia doando Vale
FHC eternizou Brasil colônia doando Vale (Foto: Washington Alves/Reuters)


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Por trás das mais de 200 mortes malditas das vítimas do rompimento da barragem de Brumadinho da multinacional Vale, tem uma história colonial latino-americana de grandes proporções dramáticas, gerada por modelo econômico primário exportador, cujas consequências são crônico subdesenvolvimento, que impede sustentabilidade econômica; em essência são as mesmas estruturas dos tempos coloniais; o poder que comanda modelo exportador está fora do país, como é o caso da Vale; ele determina a relação de troca; o preço do produto primário é sempre desvalorizado nas bolsas controladas por ele e o produto manufaturado, fabricado na metrópole, sobrevalorizado; ocorre inevitável deterioração nos termos de trocas que eterniza dependência econômica colonial.

Até quando?

A Vale é ponta de lança do modelo de desenvolvimento primário exportador colonial; gera permanente subdesenvolvimento crônico nacional; inviabiliza industrialização, afetada, como dizia Brizola, pelas perdas internacionais.

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Criada, em 1942, por Getúlio Vargas, que nacionalizou a exploração mineral, no país, a Vale, nacionalista, pelo viés getulista, caiu, em 1994, nas mãos de FHC, antinacionalista, anti-getulista, pró-Tio Sam; logo, logo, pressionado pelo Consenso de Washington, vendeu a empresa por 3 bilhões de dólares, quitados em moedas podres resultantes das desvalorizações de dívidas públicas ao longo dos anos 1970/80; hoje, seu valor de mercado é R$ 300 bilhões.

FHC fez o que os banqueiros mandaram: impulsionar o modelo primário exportador(alimentos e minérios), para gerar divisas externas capazes de cobrir bancarrota gerada pelo populismo cambial, de 1994, detonando déficit em contas correntes do balanço pagamento, em 1998; o garrote do FMI veio e FHC pediu água; vendeu estatais, como a Vale, na bacia das almas, e adotou legislação para favorecer, ainda mais, os exportadores.

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Liquidação radical; FHC usou a Vale do Rio Doce como um mero ativo financeiro e não econômico e social, multiplicador de desenvolvimento; visão neocolonial, subordinada ao Consenso de Washington e seu tripé neoliberal colonial.

Visão de Getúlio

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Getúlio via a Vale – bem como a Petrobrás – como motor de industrialização, arma para posicionar sustentavelmente o Brasil no cenário da segunda guerra mundial; analisava a geopolítica global e criava bases para o Brasil posicionar dentro dela de forma soberana, nacionalista.

FHC, ao contrário, se entregou ao receituário do império para as periferias capitalistas, na América do Sul; Tio Sam não faz uso dele, mas recomenda-o, ou melhor, impõe-no aos aliados mais fracos; a metrópole quer periferia geradora de valor primário exportador para ela; assim, funciona o Consenso de Washington, cuja história é, magnificamente, retratada pelo embaixador Paulo Nogueira Batista, que representou o Brasil na ONU.

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Portanto, FHC sintonizou-se com Washington. A ordem imperial de Tio Sam na Era FHC foi a de privatizar as estatais; elas, na visão de Washington, transformaram-se em agentes desenvolvimentistas do capitalismo sul-americano para fazer concorrência global com os Estados Unidos. EUA reage agora como a Inglaterra relativamente aos Estados Unidos, no século 19, que levou à guerra de Secessão.

FHC rendeu-se ao argumento do império, relativamente, à Vale, criada por Getúlio Vargas para fazer a ramificação das cadeias produtivas do setor mineral; com isso, o Brasil, em tempo de guerra, seria, com suas indústrias, arma poderosa no cenário global do pós guerra.

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Construtor da dependência

FHC não alcançou a visão de Getúlio, ou se a alcançou cuidou de destruí-la para servir aos interesses internacionais; na Era FHC, quem mandava no Brasil era o FMI; o presidente tucano não saia do quintal dos Clintons, agachando-se a eles, para sustentar uma macroeconomia neocolonial.

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A Vale do Rio Doce foi desnacionalizada para manter o Brasil debaixo do modelo primário exportador colonial; na sequência da venda/doação da Vale por 3 bilhões de dólares, quitados em moeda podre, FHC, orientado pelo FMI/Banco Mundial e credores internacionais, sangrou os estados exportadores de primários e exportadores; fez isso para beneficiar, ainda mais, a Vale privatizada; governadores ficariam sem receita do imposto estadual, o ICMS; sem ela, não puderam fazer desenvolvimento sustentável; estruturou-se, consequentemente, modelo que destrói sistema federativo, cercado pela Lei de Responsabilidade Fiscal, imposta pela metrópole.

FHC prometeu compensar os estados por essa desoneração fiscal, por meio da Lei Kandir, criada em 1996, mas isso nunca aconteceu; atualmente, segundo dados da Fazenda, BC e Confaz, estados e municípios acumulam créditos de R$ 495 bilhões junto à União; diversas negociações foram realizadas e… nada; até o STF exigiu ressarcimento da União reconhecendo direitos dos estados, mas… nada.

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Sem receita, roubada pelos exportadores de commodities, estados acumulam déficits financeiros a juros flutuantes com a União; criaram a condição explícita de falidos; esse foi resultado da Lei Kandir, essencialmente, imperialista; ela eterniza deterioração nos termos de troca internacionais e inviabiliza, na prática, industrialização sustentável.

Reestatizar Vale já

Com Getúlio, a Vale seria indutora do capitalismo nacional em sua composição capitalista orgânica, sem a qual não há desenvolvimento da produtividade, de modo a ganhar competitividade internacional; a Vale, com Vargas, seria uma arma econômica; com FHC, ela se torna, apenas, exportadora de minério e participante de cadeia produtiva que bombeia lucratividade para o negócio da exportação, aprofundando subdesenvolvimento econômico.

O poder da Vale se alimenta do sangue da população; ela, que fatura, líquido, R$ 17 bilhões(2018) anuais, recebe mais privilégios que a indústria automobilística em São Paulo; a nação renuncia ao desenvolvimento para sustentar o subdesenvolvimento.

Com Getúlio, a perspectiva era de Brasil independente, com a Vale bombeadora da industrialização; com FHC, Brasil, totalmente, dependente, com a Lei Kandir, há 23 anos empurrando o país para trás.

FHC não apenas teorizou a dependência subdesenvolvida; principalmente, praticou-a ao tomar medidas decisivas para materializá-la.

Não foi à toa que o senador Lauro Campos(PT e PDT-DF) denominou FHC de o primeiro antipresidente consciente antinacional do antiestado brasileiro.

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