China e Rússia apoiam Bolívar contra Monroe na Venezuela

Entrou em cena, na guerra contra Venezuela, comandada pelos Estados Unidos, a luta política decisiva entre Doutrina Monroe e Doutrina Simon Bolivar, com participação da China e Rússia ao lado do bolivarianismo.

China e Rússia apoiam Bolívar contra Monroe na Venezuela
China e Rússia apoiam Bolívar contra Monroe na Venezuela (Foto: Sputinik)


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Entrou em cena, na guerra contra Venezuela, comandada pelos Estados Unidos, a luta política decisiva entre Doutrina Monroe e Doutrina Simon Bolivar, com participação da China e Rússia ao lado do bolivarianismo.

James Monroe e Simon Bolivar são lados opostos; Monroe, no início do século 19, articulou a doutrina da América para os americanos a ser dada pelo discurso dos Estados Unidos, na condição de coordenador das ações políticas; quem manda no pedaço é Tio Sam.

Bolivar prega o oposto, uma pátria americana que una todos os povos; união continental, geopolítica.

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Hoje, Monroe é Trump; Bolívar, Maduro.

Monroe e Bolívar são contemporâneos; vigorava tempos napoleônicos(primeira metade do século 19) de restauração geopolítica e expansão continental; Bolivar queria união contra Napoleão, contra a Europa colonial; independência em relação à Inglaterra, potência mundial; pregava união americana, no sentido solidário, histórico, norte da luta política; ou seja, o sonho da integração latino-americana.

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A Constituição brasileira de 1988, por exemplo, está consoante ao pensamento de Bolívar: prioridade à integração latino-americana.

Tio Sam, com Doutrina Monroe debaixo do braço, quer outro papo.

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Independencia monetária
O império encheu a paciência com a Venezuela depois que, no ano passado, Maduro lançou nova moeda – o petros – lastreada em ouro, dólar, petróleo e diamantes; avalizada por riqueza mineral, o petro introduz sistema monetário alternativo no mercado de criptomoedas; saiu da órbita do dólar, do FMI e do Banco Mundial; deu grito de independência monetária em relação aos Estados Unidos; faz, agora, trocas comerciais com outras moedas, chinesa e russa, principalmente, ancoradas no petróleo.

Na sequência, Maduro consolidou relações bilaterais com a China e a Rússia, assim como se aproximou do Irã e da Turquia; partiu para liberdade monetária em relação à moeda de Tio Sam.

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Fora da órbita do dólar, Maduro vira inimigo mortal, sujeito às guerras econômicas, financeiras, monetárias e bélicas, tudo junto e misturado; nesse momento, Estados Unidos bloqueiam contas venezuelanas nos mercados globais e ameaça cortar importações de petróleo; não se descarta desequilíbrio no mercado mundial; Venezuela teria que reduzir preço do produto para conquistar novos mercados alternativos; guerra de preços à vista?

Maior produtora mundial de petróleo, a Venezuela, sabotada, comercialmente, por Tio Sam, sofre clássica guerra monetária, como foi teorizada por Colbert, ministro de Luiz XIV; a moeda e a dívida são, segundo ele, os nervos vitais da guerra; os mais ricos impõem senhoriagem(juros sobre juros etc) aos colonizados, para continuar a exploração nas relações de trocas entre metrópoles e colônias.

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Guerra ao poder popular
A Venezuela, sobretudo, horroriza Tio Sam porque a pregação do nacionalismo se relaciona com democratização do poder; na sexta passada, milhares de venezuelanos foram às ruas apoiar Maduro; mobilização gigante em relação à que consegue Guaido, apoiado por Washington; o momento, o país vive o debate nacional dentro da Constituinte, eleita junto com Maduro, em maio de 2018; democracia direita em ascensão.

A Constituinte é verdadeiro poder nacional que sustenta o chavismo-madurismo; os ativos nacionais serão dominados por uma Constituinte revolucionária, como é todo poder constituinte; eis a fonte do pavor de Tio Sam: poder popular controlando diretamente a exploração do petróleo venezuelano, com apoio das forças armadas.

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Maduro é a representação do poder militar bolivariano na Venezuela, assim como Bolsonaro é representação do poder militar em ascensão no Brasil.

Por isso, a prioridade de Trump é dividir as forças armadas bolivarianas; transforma-las de bolivariana em monroeana; trata-se, na Casa Branca, de convencer os aliados latino-americanos a se envolverem, para valer, nessa guerra contra o chavismo/bolivarianismo, apoiado pelos nacionalistas russos e chineses.

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Indústria de guerra em ação
Brasil teria cacife nessa guerra de cachorro grande abrindo flanco para entrar em bola dividida entre Estados Unidos, de um lado, e China e Rússia, de outro, em território venezuelano?

Pragmático, o vice presidente Mourão jogou panos quentes, afastando possibilidade de mobilização de tropas brasileiras em eventual conflito com Venezuela.

Porém, a escalada das tensões favorece clima de guerra; as articulações dos Estados Unidos arrastam Brasil, Argentina, Peru, Equador, Paraguai, Colômbia e Chile, para o discurso neoliberal guerreiro, inimigo mortal do chavismo; igualmente, União Europeia, pressionada por Trump, fortalece estado de guerra; isso já é o suficiente para movimentar indústria armamentista americana.

É vital para a indústria bélica e espacial expandir mercado na América do Sul, principalmente, depois da desativação da guerra na Síria, na qual EUA perdeu; não interessa para a indústria bélica e espacial o clima de paz; as cadeias produtivas compromissadas com o armamentismo, em processo de distensão pacífica entraria em crise de realização de lucros; os acionistas enfrentariam quedas nos dividendos; as ações desabariam nas bolsas.

O novo jogo de Tio Sam na América do Sul é o velho jogo de Tio Sam: guerra; com ela parte para derrotar o chavismo nacionalista no quintal sul-americano dos Estados Unidos.

Instabilidade continental inevitável.

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