Bloqueio de Trump a Maduro detona crise global

A América do Sul entrou na órbita da guerra comercial EUA-China que se verifica em escala global. O resultado, certamente, será instabilidade econômica internacional. De que lado ficará a América do Sul na guerra comercial: dos EUA ou da China?



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O mercado de petróleo e matérias primas em geral, energia, alimentos in natura, minérios etc, entrará em ebulição especulativa a partir do momento em que Tio Sam sequestrar reservas da Venezuela em bancos internacionais; isso deve começar a partir de 29 de abril, prazo fixado, autoritariamente, por Trump para Maduro deixar o poder venezuelano; repeteco do bloqueio comercial imposto, há mais de 60 anos, a Cuba, adversária ideológica de Tio Sam; qual será a reação do Brasil ao bloqueio? Se ele não apoiou, até hoje, o bloqueio americano a Cuba, apoiaria, agora, o bloqueio à Venezuela?

A América do Sul entrou na órbita da guerra comercial EUA-China que se verifica em escala global; o resultado, certamente, será instabilidade econômica internacional; de que lado ficará a América do Sul na guerra comercial: dos Estados Unidos, que consideram continente sul-americano seu quintal, ao qual impõem a doutrina Monroe – a América para os americanos – desde o século 19, ou da China, aliada geopolítica da Rússia, nos BRICs, que consome as matérias primas sul-americanas em escala crescente para sustentar avanço do império chinês, no continente sul-americano e na Eurásia, ao lado da Rússia, nova fronteira econômica internacional?

O utilitarismo, suprassumo ideológico do capital, entrará em cena, na avaliação dos países sul-americanos; Brasil, em particular, hoje, depende mais da China do que dos Estados Unidos, para sustentar sua economia primário exportadora; 34% das exportações de grãos e, praticamente, 80% das exportações de minérios brasileiros se destinam ao mercado chinês; Tio Sam não compra um centavo de grãos ao agronegócio brasileiro; ao contrário, o agronegócio americano quer destruir o concorrente nacional; nesse momento, por exemplo, os agricultores americanos deslocam os brasileiros, vendendo mais para a China, embora os EUA estejam com ela em guerra comercial; os chineses estão aceitando essa negociação, para continuar exportando, para os Estados Unidos, sua produção de manufaturados; adquire-se alimentos in natura na América, para desovar lá suas mercadorias industrializadas; pragmatismo comercial, que, no fundo, vai atenuando o ímpeto comercial guerreiro de Trump contra os chineses.

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BRICs x Tio Sam

Ora, se os americanos não compram um grão de soja nem de milho do Brasil e os chineses, grandes clientes do agronegócio brasileiro, deixam os agricultores nacionais na mão, em escala crescente, para se acomodarem, com Tio Sam, na guerra comercial, de que lado o governo Bolsonaro terá que ficar na disputa entre os dois gigantes, em território sul-americano: guerrear um vizinho, Venezuela, enfraquecendo, estruturalmente, a economia continental, ou buscar acomodação com os BRICs, onde está o mercado consumidor do agronegócio nacional?

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No ambiente de bloqueio comercial sobre a Venezuela, para derrotar o nacionalismo socialista venezuelano, apoiado por China e Rússia, parceiros na expansão comercial global contra EUA, se o Brasil apoiar decisão de Trump, contrariará, ainda mais, os chineses, que já estão diminuindo suas compras no mercado brasileiro; o governo Bolsonaro entraria de gaiato nessa jogada, para afundar o setor mais dinâmico da economia nacional, responsável por 30% do PIB?

Geopoliticamente, a América do Sul em guerra político-ideológica, envolvendo Estados Unidos e China-Rússia, a partir da disputa do petróleo venezuelano e do pré sal brasileiro, que é o que realmente está em jogo, favorece interesses imperialistas; Brasil e Venezuela, integrantes do continente amazônico, cujas riquezas, calculadas pelos militares, alcançaria 23 trilhões de dólares(informação do general Villas Boas, ex-comandante do Exército e atual integrante do governo Bolsonaro), fragilizar-se-ão, mutuamente, favorecendo os abutres interessados na exploração dessa fantástica riqueza.

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Nova vantagem comparativa
Não se deve descartar que, no ambiente global, as matérias primas e semielaborados, por sua natureza, finitas, como petróleo e minerais – também, o solo tende a se desgastar com utilização de agrotóxicos – passam a possuir vantagens comparativas relativamente aos produtos industrializados; a tecnologia e a produtividade em permanente ascensão aumentam a oferta em relação à demanda, sinalizando queda de preços e redução da taxa de lucro dos capitalistas; em contrapartida, as matérias primas, por serem finitas, finitas, têm sua oferta valorizada.

A força das economias primário-exportadoras tenderia a aumentar, especialmente, no cenário político de avanço do nacionalismo; os nacionalistas usariam suas riquezas, como arma de negociação nas relações comercias; inverter-se-ia a deterioração nos termos de trocas; matérias primas passariam, no ambiente de guerra, ter mais valor que produto industrializado, de valor agregado, sujeito à concorrência, que, no capitalismo, produz deflação, maior inimiga do sistema capitalista.

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Eis porque Tio Sam não quer saber de nacionalismo na América do Sul.

O fato é que os impérios não interessam por América do Sul unida, economicamente, integrada; afinal ela possui produtos primários e semielaborados que podem ser, no continente sul-americano, industrializados; confirmar-se-ia a pregação do grande empresário ítalo-brasileiro, conde de Matarazzo: o Brasil, segundo ele, não precisa de ninguém para se desenvolver de maneira sustentável; falta ao país, apenas, elites nacionalistas, para deixar de ser vira-lata das potencias que as manipulam e exploram o povo sul-americano/brasileiro.

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Quando as elites periféricas terão seu projeto nacional?

Se continuarem brigando entre si, como no conflito da Venezuela, jogarão o jogo do império.

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