Nova matriz econômica dilmista conduz capitalismo em crise

Dilma, assim, vai influenciando tucanos como André Lara Resende, que ataca juros altos como maior fonte do déficit; segue ele a nova pregação nos Estados Unidos dos democratas, para enfrentar o nacionalismo de Trump, na sucessão de 2010; qual a base da matriz econômica dilmista?

Nova matriz econômica dilmista conduz capitalismo em crise
Nova matriz econômica dilmista conduz capitalismo em crise (Foto: REUTERS/Pilar Olivares)


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EX-PRESIDENTA ANTECIPOU-SE AOS BANCOS CENTRAIS DO MUNDO

A "Nova matriz econômica", que Dilma Rousseff adotou, a partir do abandono do tripé neoliberarl(câmbio flutuante, metas inflacionárias e superavit primário), em 2011, está sendo retomada por tucanos desalentados com a estratégia neoliberalizante que sustenta juros bem acima do crescimento da economia, resultando em deficit fiscal incontrolável, a partir da expansão da dívida pública, na base da especulação; conclui-se que não são os gastos sociais,como os da Previdência Social, como quer fazer crer o ultraneoliberal Paulo Guedes, os responsáveis pelo desajuste fiscal, mas, sim, a especulação financeira desenfreada em cima da dívida; Dilma, assim, vai influenciando tucanos como André Lara Resende, que ataca juros altos como maior fonte do déficit; segue ele a nova pregação nos Estados Unidos dos democratas, para enfrentar o nacionalismo de Trump, na sucessão de 2010; qual a base da matriz econômica dilmista?; fixação da taxa de juros pari passu – ou abaixo – do crescimento da economia; os banqueiros derrubaram ela por isso e a grande mídia demonizou-a; o capitalismo em crise leva, agora, os BCs, no mundo desenvolvido, a seguir Dilma; fixam juro na casa dos zero ou negativo, enquanto ampliam oferta monetária; dessa forma seguram dívidas das famílias, das empresas e dos governos excessivamente endividados, permitindo sobrevivência do sistema enforcado por dívida impagável, se for mantido juro positivo pelas políticas econômicas neoliberais.

Revolucionária na economia

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O racha que domina os economistas tucanos, pais do Plano Real de FHC, nesse momento, relativamente, à condução da política econômica, para identificar quem, realmente, produz o grande deficit fiscal no Brasil, coloca em relevo a ex-presidenta Dilma Rousseff; foi ela que praticou o que, agora, recomenda, nas páginas do Valor Econômico, o economista André Lara Resende, ou seja, fixação, pelo BC, de taxa de juros abaixo ou pari passu ao crescimento da economia; para André, a raiz do desajuste fiscal são os juros elevados, bem acima do crescimento do PIB; é o que ocorre, no Brasil, desde o Plano Real, com FHC(1994-2002; nesse período, vigorou a máxima neoliberal de que se tem de praticar superavit primário(receitas menos despesas, exclusive pagamento de juros), metas inflacionárias e câmbio flutuante, como forma de equilibrar dívida pública/PIB, para, só então, começar redução dos juros; trata-se, porém, de receita furada, que não tem dado certo em lugar nenhum do mundo; Paulo Guedes é a prova desse desastre, que divide o Congresso, nesse instante; para ele, o déficit é provocado pela previdência social; insiste no ajuste ultraneoliberal, enquanto não faz nada para reduzir a causa central do desajuste: o endividamento público excessivo.

Estratégia de Getúlio

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Quando Dilma agiu como prega Lara Resende, os especialistas, a grande mídia, ensaístas e escritores caíram de pau no que denominaram de "nova matriz econômica; a ex-presidenta, em 2011, fez o que Getúlio Vargas realizou nos anos 1940: fixou a taxa de juros em 7% ao ano; ao mesmo tempo, como produto da revolução de 1930, determinou auditoria da dívida pública; vigorava tremenda barafunda, herdada da república velha, dominada pelos coronéis, que assinavam embaixo, sem ler, tudo que os banqueiros internacionais e os capitalistas industriais exigiam; o país vivia para pagar dívidas e amortizações; importava industrializado caro e exportava produto primário barato; acumulava-se deterioração nos termos de troca, eternizando dependência externa; Getúlio deu um chega prá lá, dando carta branca a Oswaldo Aranha, ministro da Fazenda, para fazer auditagem da dívida; nesse processo, caiu o montante do endividamento, ao lado da redução da taxa de juros, de modo que se tornou possível crescimento econômico superior ao custo do endividamento cobrado pelos credores; quem faria isso, depois da crash de 2008, que jogou economia mundial no buraco? Dilma Rousseff; ela foi mais ousada que Lula; o ex-presidente, hoje, encarcerado em Curitiba, aumentou a oferta de crédito à produção e ao consumo, tirando a economia do perigo de atoleiro; porém, não atuou, firmemente, junto ao mercado financeiro, para reduzir as taxas de juros, que continuaram subindo especulativamente bem acima do crescimento da economia; manteve-se ritmo que vinha rolando desde FHC, com resultados desastrosos: inflação, desindustrialização, crise cambial, desemprego, desestatização, paralisia econômica e privatização selvagem de ativos nacionais.

China evitou colapso

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Com Lula, o juro continuou alto, acima do crescimento do PIB, mas houve, como compensação, grande aumento das exportações, devido ao crescimento da China, na casa dos 10% ano; bombaram exportações de alimentos e minérios; foi possível, dessa forma, acumular reservas cambiais, pagar o FMI e bancar desenvolvimento, mesmo no ritmo da especulação financeira; o quadro mudaria com Dilma, que, para tentar manter crescimento, valorização dos salários, sustentação dos programas sociais etc, partiu para o getulismo; bancou, contra tudo e contra todos, a receita que agora Lara Resende considera correta: juro de 7% ao ano; a economia continuou bombando, mas a elite financeira manobrou para derrubá-la, o que acabou acontecendo, porque não teve apoio do Congresso, para enfrentar a banca; ao contrário, a maioria congressual deu rasteira nela e partiu para o impeachment dela no segundo mandato, colocando o tumulto político como ingrediente para detonar expectativas econômicas; o resto da história taí: neoliberalismo feroz que paralisa a economia e impulsiona desemprego; ganham, nesse contexto, apenas, os credores, exigindo, como fizeram com FHC e Lula, juros acima do crescimento da economia, fixado pelo BC, comandado por eles.

Estresse neoliberal

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Eis que o fôlego da economia entrou em estresse total diante do endividamento insuportável sob peso dos juros sobre juros, na prática criminosa do anatocismo, condenada pelo Supremo Tribunal Federal; diante desse colapso incontornável, os economistas tucanos, os que bombaram o deficit com a prática de juros bem acima do crescimento econômico, dividem-se entre si; pragmaticamente, perceberam que não dá mais para tocar esse barco, pois é eleitoralmente, inviável; provou-o a derrota dos candidatos neoliberais, na última eleição presidencial; tucanos arrependidos como André Lara Resende, um dos país do Real, botou boca no trombone; vocaliza política macroeconômica, atualmente, tocada pelos países capitalistas desenvolvidos; os juros altos, diz André, paralisam economia e amplia déficit público; caiu por terra, para os BCs europeu, japonês, americano, chinês etc, a tese neoliberal segundo a qual inflação decorre do excesso de consumo; a crise mundial, em 2008, levou-os a contestar essa verdade falsa; ampliaram a oferta monetária e a inflação, em vez de subir, caiu, e os juros foram para a casa dos zero ou negativo; aliviou-se a vida das famílias, das empresas e do governo endividado; criou-se nova tese, na prática do capitalismo, a de que o sistema, dominado pelo excessivo endividamento governamental keynesiano, não suporta mais juro positivo; leva ao caos e às derrotas eleitorais; essa é a nova luta política macroeconômica nos países desenvolvidos, para enfrentar eleições, como acontece com os teóricos do partido democrata nos Estados Unidos, na tentativa de desalojar Trump da Casa Branca; Dilma, com a sua nova matriz econômica, antecipou-se às críticas generalizadas dos neoliberais; somente a seguraram mediante golpe midiático, jurídico e parlamentar em 2016; resultado: a economia está no buraco: 13 milhões de desempregados; 30 milhões de desocupados; 60 milhões de inadimplentes; 100 milhões de não consumidores; é o reinado do anti-capitalismo tupiniquim, tocado por um presidente doido.

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