Bolsonaro põe direita em xeque e favorece reeleição

A esquerda ficou, agora, numa sinuca de bico. Bolsonaro resolveu barrar aumento do diesel e da gasolina acima da inflação, como fazia Dilma, como fez Lula. Que diz a esquerda, agora, diante desse fenômeno, em que a direita vira esquerda, para não se lascar com a população?

Bolsonaro põe direita em xeque e favorece reeleição
Bolsonaro põe direita em xeque e favorece reeleição (Foto: REUTERS/Paulo Whitaker)


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A esquerda ficou, agora, numa sinuca de bico; a direita lançou mão da prática adota por ela, para tocar a economia, como está sendo o caso do reajuste de preço dos combustíveis; Bolsonaro resolveu barrar aumento do diesel e da gasolina acima da inflação, como fazia Dilma, como fez Lula; que diz a esquerda, agora, diante desse fenômeno, em que a direita vira esquerda, para não se lascar com a população, cuja saúde financeira, na recessão e no desemprego, não suporta mais a exploração, que vem sendo imposta pela Petrobrás dominada pelos ultraneoliberais?

Populismo de direita ou de esquerda?

Engraçado; quando o governo adota posição que favorece a população, é populista; mas, quando atende interesse dos capitalistas, é racional, sintoniza-se com o mercado, etc e tal.

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O reajuste nos preços dos combustíveis é bastante didático e marca guinada do governo de direita: se o presidente voltar atrás para atender os ultraneoliberais de Paulo Guedes, entra em desgraça popular; se insistir que o preço dos combustíveis deve ser reajustado pela inflação e não pelo dólar bombeia sua reeleição, da qual já se fala.

A política entrou em cena na economia: o trabalhador ganha seu salário em real, mas é obrigado a pagar gasolina e diesel em dólar, pois seus preços são calculados pela variação da moeda americana e do petróleo no mercado internacional, sujeito a todo o tipo de especulação.

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Por que os salários, também, não são reajustados pelo mesmo critério: sobem o dólar e petróleo, sobe, também, o salário, mas manter sua paridade de compra?

Arrocho salarial

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Taxam Bolsonaro de populista, porque reagiu contra o aumento de 5,7% do diesel, enquanto a inflação, nesse ano(janeiro/março), está em 1,5% e em 12 meses, 4,8%; numa só pancada, a Petrobrás, orientada não pelo seu sócio majoritário, o governo, ou seja, o povo que o elegeu, mas pelo seu sócio minoritário, o setor privado, puxou a cotação bem acima da inflação; com isso, arrocha salários dos consumidores assalariados.

Em 3 meses, já foram reajustados os preços do diesel em 15% e a gasolina em 21,7%; os salários, reajustados pela inflação, em 1,5%, perderam 20% para os preços da gasolina, reajustados em 21,5%; já, para o diesel, a perda foi de 13,5%.

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Quem está pressionando a inflação: os salários que correm atrás, bem atrás, dos preços dos combustíveis, ou a política da Petrobrás, sintonizada com o mercado internacional?

A estatal, na mão do interesse privado, dolariza a inflação travestida de real.

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Bolsonaro, contra os neoliberais, defendeu o interesse público.

Ataque ao capital

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Essa desproporção(público versus privado) se espalha na formação dos preços em geral, impondo prejuízo ao trabalho e privilégio ao capital; o salário mínimo, por exemplo, está, desde o golpe neoliberal de 2016, na vigência da reforma trabalhista, desvinculado da inflação; predomina o negociado no lugar do legislado; o trabalhador entra com o pescoço, o capitalista, com a faca afiada.

Igualmente, o preço mais importante da economia, o do dinheiro, o juro, é comandado pela mesma filosofia; o juro básico, Selic, que reajusta a dívida pública, pelos banqueiros, está em 6,5% contra inflação de 1,5%, de janeiro a março; já os juros do cartão de crédito estão na estratosfera, na casa dos 300%.

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Outro absurdo: de seis em seis meses, regularmente, os capitalistas correm a pedir ao governo perdão de impostos, porque a economia, parada, diante da desproporcionalidade entre preços e salários, impõe insuficiência generalizada de consumo; sem demanda, o capital descola da produção e vai para bolsa ganhar na especulação.

Os empresários, com suas contas fiscais deterioradas, pedem refinanciamento de tributos(Refis); estão viciados nisso; são bilhões e bilhões de reais perdoados; isso é ou não populismo?

Cogita-se, nesse momento, de novos perdões, para agricultores, que alcançam R$ 300 bilhões; tenta-se, dessa forma, aliviá-los e atraí-los para apoiar o desmonte do sistema de seguridade social, cujas consequências serão mais insuficiência de consumo, pois os mais pobres serão os mais prejudicados, trabalhando mais e recebendo menos, conforme proposta governamental.

Concentração de renda permanente
Os industriais, da mesma forma, são premiados por Refis continuados; livram-se de cargas tributárias diretas e indiretas; enquanto isso, os trabalhadores suportam sistema tributário regressivo, expresso na cobrança exagerada de impostos sobre os produtos que mais consomem; enquanto isso, os capitalistas sonegam, não pagam impostos sobre lucros e dividendos, nem são afetados em suas fortunas, sempre livres do leão da receita federal etc.

Pratica-se ou não, dessa forma, descarado populismo para favorecer os de cima contra os de baixo?

As benesses aos capitalistas garantem a taxa elevada de lucro deles; há 35 anos, desde o Plano Real, baixado em 1994 pelos tucanos, o BC fixa a taxa de juros acima do crescimento da economia; tremenda transferência de riqueza dos mais pobres assalariados para os mais ricos rentistas.

O BC é o grande agente populista para os capitalistas

Nova macroeconomia

Tal política monetária, porém, não vigora mais nos países capitalistas desenvolvidos, depois do crash de 2008; governos cronicamente endividados não suportam mais juros positivos, sob pena de o capitalismo implodir; por isso foi aos ares a teoria furada de que inflação decorre de excesso de demanda, a exigir juros altos para combate-la.

O excessivo endividamento governamental, produzido para transferir renda aos capitalistas requer, agora, juro zero ou negativo, senão, implode.

Eis a nova macroeconomia, que está dando as cartas na luta política dos democratas americanos, para enfrentar Trump nas eleições de 2020.

A jogada, agora, é ampliar a oferta monetária, mas manter juro na casa dos zero ou negativo, para evitar implosão hiperinflacionária via estouro de dívidas; o populismo financeiro visa salvar os credores do governo dando-lhes mais dinheiro, porém, sem juro positivo.

Ninguém segue mais a receita neoliberal; só no Brasil, terra da desigualdade social; os economistas criadores do real, como Lara Resende, fazem mea culpa.

Passaram a falar que a inflação é produzida pelo juro alto, que, ao impactar dívida pública, inviabiliza o capitalismo, se a elite financeira continuar praticando juro acima do crescimento da economia.

Está, portanto, em xeque o populismo financeiro bancado pelo estado, para privilegiar ricos; estes não têm moral nenhuma para acusarem o populismo de Bolsonaro para evitar arrocho salarial mediante aumento de combustível acima da inflação.

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