Brasil: país que expulsa o craque e escala o perna de pau para governar

Florestan Fernandes Jr., do Jornalistas pela Democracia, que recorre a uma metáfora esportiva comum e ilustrativa nos discursos do ex-presidente Lula e observa que "o capitão que entrou em campo não tem equipe e nem talento para tirar o país do rebaixamento"; "Já que o capitão gosta tanto do passado, talvez seja o caso de os saudosistas recuperarem o jingle de Getúlio que fez sucesso em 1950: 'Bota o retrato do velho outra vez. Bota no mesmo lugar. O sorriso do velhinho faz a gente se animar'", diz ele

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Por Florestan Fernandes Jr, para o Jornalistas pela Democracia 

Recorrendo às metáforas esportivas tão comuns e ilustrativas nos discursos do ex-presidente Lula, lembro-me de um fato futebolístico que tem muito a ver com que acontece hoje com o Brasil.

Em 17 de julho de 1968, o juiz Guillermo Velásquez entrou para história do futebol mundial ao ser expulso de campo pela própria torcida de seu país. O jogo em Bogotá era entre Santos e uma seleção sub-23 da Colômbia.

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Toninho Guerreiro, que foi o centroavante do time brasileiro, me contou que o juiz havia anulado um gol de Pelé e, na sequência, deixou de marcar um pênalti escandaloso no rei do futebol. Segundo Toninho, ainda no primeiro tempo de jogo, Pelé, muito contrariado com o juiz, acabou fazendo uma falta dura em um dos zagueiros colombianos. Como na época não havia cartão amarelo, Guillermo decidiu mandar Pelé mais cedo para o chuveiro. Revoltados, os jogadores do Santos cercaram o juiz em protesto contra a expulsão.

O surpreendente foi a reação da multidão que lotava o estádio. A torcida, aos gritos e vaias, exigia a volta de Pelé ao campo de jogo. Para evitar um tumulto iminente, a federação colombiana tomou uma decisão inédita no futebol: substituiu o juiz e pediu para Pelé voltar ao campo de jogo. O rei não decepcionou a torcida: fez um belo gol e o Santos ainda ganhou o jogo por 4 a 2.

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Não só o futebol é uma caixinha de surpresa. A política brasileira tem sido pródiga em reafirmar esse dito popular. Sérgio Moro corre o risco de ser o nosso Guillermo Velásquez por ter tirado Lula da corrida presidencial do ano passado e, com isso, se tornar o responsável direto pela vitória de um perna-de-pau que nem em time de várzea seria titular.

Pena que o nosso STF não teve a mesma sensibilidade da confederação colombiana de futebol para impedir que uma injustiça fosse feita. Nossa corte maior foi, no mínimo, condescendente com uma condenação carente de qualquer prova material que a sustentasse. Lula foi calado por longos 12 meses no momento em que nosso país mais precisava da liderança dele.

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O capitão que entrou em campo não tem equipe e nem talento para tirar o país do rebaixamento. Estamos despencando na tabela. O Brasil deixou de fazer parte da lista dos 25 países que mais atraem investimentos no mundo. O PIB estagnou e entramos em depressão. O dólar não para de subir, a inflação começa a aquecer, o fantasma do desemprego assusta cada vez mais brasileiros.

Na semana passada, milhões foram às ruas pedir um basta nos cortes na Educação. O jurista Celso Antonio Bandeira de Mello acredita que, em breve, Lula deixará a cela da PF em Curitiba: "Dentro de alguns dias Lula terá um julgamento sólido, quando será libertado. Porque não tem sentido, é ridículo até, que Lula esteja preso".

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Já que o capitão gosta tanto do passado, talvez seja o caso de os saudosistas recuperarem o jingle de Getúlio que fez sucesso em 1950: "Bota o retrato do velho outra vez. Bota no mesmo lugar. O sorriso do velhinho faz a gente se animar".

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